Chuvas ácidas

Chama-se chuva ácida à precipitação na forma de água que possui baixo pH, geralmente abaixo do valor 5,6. Considera-se uma substância ácida quando o seu pH é menor do que 7, a 25 °C.

A chuva apresenta sempre um certo grau de acidez, natural, sem que haja quaisquer tipos de prejuízo para a natureza ou para a saúde humana. Essa acidez das chuvas é causada pela dissociação do dióxido de carbono em água, formando um ácido fraco, conhecido como ácido carbónico.

Embora existam processos naturais que contribuem para a  acidificação da  precipitação, as fontes antrópicas, isto é resultantes da ação humana, são claramente dominantes. A prova dessa  predominância foi obtida pela determinação da diferença entre a acidez da precipitação nas zonas industrializadas e em partes remotas do globo e pela comparação da acidez atual com o registo deixado pela captura da precipitação no gelo dos glaciares. Desde a Revolução Industrial as emissões de óxidos de enxofre e azoto na atmosfera aumentaram. 

A chuva ácida é formada a partir da reação dos óxidos de nitrogênio e de enxofre que reagem com as gotículas de água que se encontram em suspensão na atmosfera.
Nesse processo, ocorre a formação de compostos ácidos, que, quando chegam à terra no formato de chuva ou neve, danificam o solo, as plantas, as construções, os animais marinhos e terrestres, etc.

A chuva ácida é chamada, também, de deposição ácida.

O fenômeno da chuva ácida é extremamente prejudicial. Os ventos podem carregar as águas com elevada acidez para outras localidades, ampliando a sua escala de danos.

Já foram registadas chuvas com pH pouco acima de 1!

A saúde humana pode ser afetada pelo consumo de água poluída (devido à contaminação das reservas subterrâneas de água), pelo surgimento ou agravamento de problemas respiratórios e até mesmo por danos aos olhos associados à maior presença de óxidos de enxofre na atmosfera e à sua inalação.

 

Acidificação da água (rios,lagos,etc): 

A acidificação da água dos rios, lagos e mananciais altera o equilíbrio físico-químico destes ecossistemas, causando a morte de peixes e outras espécies aquáticas;

 

Alteração da acidez do solo:

O aumento da acidez dos solos leva a mudanças na sua composição nutricional, afetando o ciclo de desenvolvimento da vegetação e, em alguns casos, causando o seu envenenamento;

A ação direta sobre as plantas provoca a destruição de folhas e galhos de árvores, levando à degradação da cobertura vegetal.

     

Danificação de construções: 

A chuva ácida também ajuda a corroer alguns dos materiais utilizados nas construções, danificando algumas estruturas, como por exemplo, as barragens, as turbinas de produção de energia e monumentos instalados ao ar livre, sobretudo aqueles feitos em mármore e pedra-sabão.

 

Em Portugal, as fontes de produção de chuvas ácidas são essencialmente:

  • A Indústria da Produção Elétrica (que é a principal causadora da emissão de poluentes para a atmosfera causadores de chuvas ácidas como o caso do Dióxido de Enxofre).
  • A circulação de automóveis (que, ao queimarem o combustível, emitem para a atmosfera grandes quantidades de Óxidos de Azoto).

A poluição atmosférica em Portugal, indicadora de possível queda de chuvas ácidas, verifica-se elevadamente em cidades como Setúbal, Porto, Lisboa, Sines, Tapada, Carregado, Estarreja, Barreiro e Seixal. Como nestas cidades há maior concentração urbana e são onde estão situadas grandes unidades industriais emissoras de poluentes atmosféricos, são estes os locais de Portugal onde se verifica um maior índice de queda de chuvas ácidas.

No que diz respeito à degradação do nosso património por ação das chuvas ácidas os casos mais conhecidos são: o Mosteiro dos Jerónimos (em Lisboa), o Mosteiro de Alcobaça (em Alcobaça) e a Torre dos Clérigos (no Porto).

Quanto às florestas, verificou-se em Portugal, o mínimo de destruição florestal por ação de chuvas ácidas: cerca de 4%, contrastando, por exemplo, com uns elevados 71% na zona da antiga Checoslováquia e em outros países da Europa.

Numa escala global, observa-se uma maior quantidade de deposição ácida em países da América do Norte, como os Estados Unidos, e da Europa, como, por exemplo, a Inglaterra. Em muitos deles, os eventos de chuva ácida concentraram-se entre as décadas de 1970 e 1980.

Nações asiáticas como a Índia e, especialmente, a China passaram a registrar chuvas com elevado teor de acidez a partir da década de 1980, período que marcou a intensificação da industrialização e urbanização chinesas.

Em muitos desses países há, entretanto, a monitorização da composição das águas das chuvas e esse mecanismo, aliado a políticas voltadas à redução das emissões de gases poluentes, conseguiu reduzir significativamente a ocorrência de chuvas ácidas.

Representantes de centenas de países reuniram-se em 1997, na cidade de Kioto, no Japão, para discutirem o futuro do nosso planeta e formas de diminuir a poluição mundial.

O documento resultante deste encontro é denominado Protocolo de Kioto. Neste documento ficou estabelecido que algumas propostas de redução da poluição seriam tomadas e seria criada a Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas. A maioria dos países participantes votou a favor do Protocolo de Kioto. Os EUA, alegando que o acordo prejudicaria o crescimento industrial norte-americano, tomaram uma posição contrária ao mesmo.