HUNGARIAN COLOURS
Poucos dias atrás (22 a 27 de abril), participámos em mais um desafio ERASMUS – um job Shadowing com a escola húngara Kossuth Lajos Lutheran Primary Scool and Basic Art School, situada na cidade de Soltvadkert a cerca de duas horas de Budapeste.
Tal como se exige, preparámos a deslocação à cidade, recolhendo dados relativos à sua história, cultura, religião, gastronomia e recursos. Surpreendeu-nos, desde logo, o facto de o número de habitantes corresponder a cerca de metade dos habitantes de Canelas. Percebemos que o meio era rural, que a base da economia era a agricultura e que a escola possuía menos de quinhentos alunos. Com certeza um cenário escolar diferente daquele a que estamos habituadas.
Apesar de Canelas ser uma vila periférica, podemos afirmar que a nossa escola constitui (desculpem-me a vaidade) uma referência no país e no universo ERASMUS, pela dimensão e qualidade das instalações, pelos projetos inovadores, de valor reconhecido, pelo investimento realizado na aquisição de materiais digitais e pela aposta em metodologias que envolvem a realidade virtual. Com disponibilidade mental e humildade, partimos confiantes de que o trabalho seria profícuo e as aprendizagens a realizar seriam uma mais-valia para a nossa atividade profissional.
As cores da bandeira húngara, vermelho, branco e verde, significam, respetivamente, força, lealdade e esperança, valores e características que muito nos agradam e que, facilmente, detetamos nos nossos parceiros.
A escola está surpreendentemente bem preservada (as instalações são antigas) e limpa. Existem poucos assistentes operacionais e administrativos. Os húngaros contam com o apoio dos alunos na manutenção da limpeza e organização das salas de aula e os espaços comuns são da responsabilidade de todos – não sujam para não perderem tempo a limpar.
As aulas têm a duração de 45 minutos, intercaladas por intervalos de 15 minutos (só o último intervalo tem a duração de 10 minutos) – defendem que só assim conseguem ter alunos com os níveis de concentração adequados nas aulas. Assistimos a aulas de diferentes disciplinas e participámos em atividades de clubes tão diversos como o de ciências, fotografia, música, dança e cerâmica –, observámos alunos, atentos, empenhados e com um comportamento irrepreensível. Mais tarde, em reuniões de trabalho, descobrimos que este cenário, quase idílico, se devia, sobretudo, à curiosidade que a nossa presença despertou e à importância que lhe atribuíram. Em todo o caso, a escola tem, em permanência diária, um polícia nas suas instalações.
Alguns dos clubes e atividades extracurriculares são pagos, cabendo aos alunos e respetivas famílias decidirem o tipo de investimento a realizar na sua formação. Outros são gratuitos e de participação em regime de voluntariado. Por exemplo, o Clube de Ciências registou um recorde de assistência (cerca de 50 alunos) na semana em que estivemos na escola (mais uma vez, fomos responsabilizadas por este facto inédito, pois os alunos queriam ver de perto as professoras estrangeiras), normalmente estariam presentes cerca de 20 alunos.
Uma última referência ao modo como é trabalhada a inclusão nas escolas húngaras. Os alunos com dificuldades de aprendizagem em algumas disciplinas, frequentam apenas as disciplinas que conseguem acompanhar. Nas restantes horas, são apoiados por professores de educação especial, totalmente dedicados ao desenvolvimento de competências que promovam a sua integração plena na sociedade e à implementação de terapias que melhorem a sua qualidade de vida. Os alunos com dificuldades mais acentuadas, frequentam escolas especializadas, dedicadas a potenciar ao máximo as suas capacidades e a dotá-los de competências que permitam a sua inclusão na vida ativa – o seu convívio diário com uma turma é preterido em função da necessidade que têm de um acompanhamento mais personalizado e especializado.
Das impressões trocadas, mais uma vez constatámos que os professores trabalham muito, que as políticas educativas nem sempre são muito transparentes e de salários nem quiseram falar.
Para terminar, um facto curioso – muitos alunos mais velhos ajudam voluntariamente os professores em clubes e projetos com alunos mais novos, para obterem créditos extra e melhorarem o seu rendimento escolar.
A geração mais jovem e o projeto ERASMUS muito têm contribuído para a importância e necessidade de saber comunicar em inglês, pois mesmo os húngaros ligados a atividades turísticas não conseguem comunicar nesta língua.
Lady ERASMUS & Companhia
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