Cinco horas da manhã…toca o despertador…normalmente seria a altura do dia para dizermos “só mais cinco minutos”. Não obstante, naquele dia 5 de maio, deve ter sido a exceção aos restantes dias do ano. Em todas as casas, as malas e as mochilas já estavam mais do que prontas e pairava no ar um sentimento de inquietude, misturado com ansiedade e excitação para a aventura que se aproximava. E esse sentimento não rondava somente os alunos, mas também os professores e, atrevemo-nos a dizer, principalmente os pais. “Atravessar fronteiras para quebrar barreiras”, esse foi o lema do projeto Erasmus, que levou quatro professores e sete alunos, com necessidades específicas, da salasS!mbiose do Agrupamento de Escolas de Canelas, a viajar até Soltvadkert, na Hungria, para uma troca de experiências e para apresentar os nossos projetos “Animação da hora do conto”, “+Power”, “Uma banda sem nome (ainda)” e “Serra Mágica”. Muitos poderiam pensar que o rácio de quatro professores para sete alunos seria um exagero de recursos humanos, mas rapidamente se percebeu que foi a medida certa, para que tudo corresse da melhor forma possível. Bem, tudo, exceto a primeira noite… Brincadeiras à parte, temos que reforçar que tudo correu muito bem. Como diz o nosso Flávio “correu mesmo!”, “tinha que ser!”. Chegados à escola húngara do intercâmbio, a Kossuth Lajos Lutheran Primary School and Basic Art School, fomos muito bem recebidos pela coordenadora do projeto Erasmus, Erika Martin, e pelo diretor da escola, Attila Udvarhelyi. Conhecemos a escola e os seus projetos de dança, música, olaria e Educação Especial. A escola era pequena, comparada com o Agrupamento de Escolas de Canelas, mas os alunos tinham à sua disposição muito espaço verde para explorarem, um parque para brincarem, um percurso para desenvolvimento sensorial, espaços desportivos e até um piano e uma guitarra caso quisessem, nos intervalos, praticar ou aprender a tocar esses instrumentos. É muito curioso que fomos, igualmente, extremamente bem recebidos pelos alunos da escola. A forma como se dirigiam a nós era de tal forma efusiva, que parecíamos o elenco de uma famosa banda de rock! E por falar em música, numa das visitas, quase por coincidência, tivemos o privilégio de contactar com o instrumento tradicional Cítera Húngara, pelo qual logo nos apaixonamos. Os docentes de música, que anteriormente nos tinham presenteado com uma sala cheia de instrumentos por nós bem conhecidos, e que, um pouco a medo, perguntaram se queríamos ver os instrumentos tradicionais, ficaram tão empolgados com o nosso entusiasmo, que nos convidaram a assistir a um ensaio do grupo de alunas que iriam tocar em Budapeste. Aliás, a paixão foi de tal ordem, que foram adquiridos quatro instrumentos, que brevemente integrarão parte do cancioneiro de “Uma banda sem nome (ainda)”. Da visita a Soltvadkert, rapidamente reparamos que era uma cidade pequena, sem qualquer prédio, muito acolhedora, com muito espaço verde e sem a azáfama de Gaia, e sempre, sempre plana, o que permitia que os alunos pudessem ir de bicicleta para a escola. Visitamos as igrejas Luterana e Calvinista, um museu privado de motociclos e, em Kiskoros, o museu dos transportes, no qual os nossos alunos puderam perceber e experenciar a evolução da construção de pontes e estradas e conduzir um antigo compactador de rolo, necessário para as construções das estradas. O Lago Vadkert, foi o ex-líbris dos nossos alunos. Os banhos, que rapidamente se transformaram em lutas de lama, na companhia da música de “Fernando Daniel e “os 4 e meia”, tornaram os finais de tarde inesquecíveis. O alojamento foi igualmente fabuloso e o melhor que nos podia ter sido disponibilizado. Em Soltvadkert, o tradicional hotel é substituído por alojamento local, de ambiente muito acolhedor, para que as pessoas se sintam verdadeiramente em casa. Completamente vedado, e reservado só para nós, o espaço tinha um enorme relvado, baloiços, espaço exterior coberto, o que nos proporcionou momentos únicos de tertúlias, merendas, ensaios ou simplesmente descanso, ouvindo os sons da natureza, principalmente da rola, que nunca se cansava de cantar… Refira-se que na Hungria, na escola pública, a Educação Especial é dedicada à integração na sociedade, sendo que os alunos com dificuldades mais acentuadas frequentam escolas especializadas, como o caso da EGYMI (Unified Institute for Special Pedagogical Methodology), em Kiskoros, a qual visitamos no dia 8 de maio e onde fizemos uma espécie de “jogos desportivos sem fronteiras” com os alunos da instituição.No último dia, já depois de terem sido apresentados os nossos demais projetos, assistimos à performance do grupo de Educação Especial “Flower Power”, da EGYMI – Kiskoros, e a uma brilhante atuação de desenvolvimento musical com outros alunos de necessidades específicas, com recurso a sinos, apresentado pela professora Andrea Harmati, da cidade de Eger.A nossa “Banda sem nome (ainda)” fechou o encontro com uma atuação fantástica, mostrando que “temos em nós todos os sonhos do mundo”.Um agradecimento muito especial aos nossos alunos André, Flávio, Francisco, Nuno, Pedro, Rodrigo B. e Rodrigo P. pela experiência maravilhosa que nos proporcionaram e aos pais que nos confiaram os seus filhos. Igualmente, um agradecimento ao Agrupamento de Escolas de Canelas e à professora Gracinda Machado pela ajuda indispensável. Obrigado – Thank you – Köszönöm
Os docentes Alice Loureiro, Bruno Ribeiro, Luís Baião e Rosa Pereira
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