Maria de Sousa – a cientista poeta


“A melhor ciência está próxima da poesia”
Maria de Sousa, com uma carreira brilhante na investigação em Imunologia, foi distinguida com o Prémio Universidade de Coimbra. Contra tudo e contra todos vai para Londres nos anos 50 seguindo o seu sonho. Toca piano, adora música e não sabe como se pode viver sem ela, mas também escreve poesia e quase sempre em inglês, porque viveu também em Nova York durante dez anos. Maria de Sousa afirmou numa entrevista ao JL ” Se temos uma aproximação ao mundo com alguma profundidade e sensibilidade, sabe-se que o que vai durar são as palavras. E quem faz ciência sabe que o que faz é transitório”. Quando diz que a melhor ciência se aproxima da poesia, explica-o pelo facto da descoberta ser de uma criatividade tão forte que se aproxima da poesia.

Um amor assim como o saber
Um amor
Como uma árvore
Como a árvore de todas as manhãs
Como uma flor
Como a flor de todos
os pensamentos
Como uma mesa
Como a mesa de todas as refeições
Como o quarteto, a flauta índia
O coro russo
O prelúdio
A fuga
O trio
Como todas as coisas que não se
consomem numa noite
Mas estão lá todos os dias ao
acordar
Como todas as coisas que não
crescem de um prazer fugaz
mas que acompanham a expansão
do universo
na madrugada de todos os tempos
na madrugada do futuro ele próprio
Como a semente da árvore que vai
crescer
sem saber
quatro mil anos, das mãos do homem que o sabe
ao plantá-la
Um amor assim
como o saber

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