Arquivo mensal: Maio 2021

A sustentabilidade do planeta: os três Rs e o lixo marinho

No âmbito do Projeto Eco-Escolas foi pedido aos alunos de 6ºano, em português, que elaborassem um texto narrativo/ ou uma carta em que esta problemática fosse abordada. 

 

                                                                                                 Alto das Torres,5 de maio de 2021

    “Queremos que os políticos ouçam os cientistas!”
                                                                              Greta Thunberg 

  Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

  Chamo-me Lucas Reis, vivo em Vila Nova de Gaia, tenho doze anos e planos para o futuro.  Escrevo-lhe esta carta para lhe afirmar que estou preocupado, pois sinto que o meu futuro está a ser roubado por políticos! 
  Como?
  É simples. No futuro, as pessoas continuarão a ter que comer e não deveriam ter de lutar por comida ou água potável. Mas como é que isso não acontecerá, se os políticos não cumprem o seu dever de representar o povo e atender às suas necessidades?
  Em 2050, se continuarmos neste ritmo, entre a sobrepesca e o despejo dos nossos detritos para o mar, haverá mais plástico do que peixes nos mares! Aliás, o plástico já entrou na nossa cadeia alimentar!
  Falando de outro assunto, e o Acordo de Paris? O Acordo de Paris, mesmo que os países que o assinaram o cumprissem, o aumento da temperatura média global seria de 2,4 a 2,7 ºC, e não o aumento de 1,5 a que o acordo se propôs! Mas os países não o estão a cumprir, e se continuarmos assim o aumento será de 4ºC! 
  Senhor Presidente, como responsável máximo pelo nosso país, como fiscalizador da ação governativa, nós as gerações mais novas, os jovens deste país, exigimos que tome uma posição!  Que defenda mudanças sérias, de forma a garantir que as gerações mais novas tenham futuro. Que não colabore com o faz-de-conta que temos vindo a assistir. Que seja capaz de denunciar os interesses instalados da indústria de combustíveis fósseis  e que exija que as mudanças sejam feitas!
  Mas deixo-lhe uma pergunta:
  Como é que gostaria de ser recordado no futuro? O Presidente dos Abraços? Ou aquele que tudo fez para ajudar a salvar a Humanidade?
  Barack Obama afirmou que a geração dele era a primeira a sentir os efeitos das alterações climáticas e a última que pode fazer alguma coisa. Suponho que o ex-presidente dos Estados Unidos também estivesse a falar de si, senhor Presidente. De que está à espera? Há uma contagem decrescente, após a qual as alterações climáticas tornar-se-ão irreversíveis!
   Desde já os meus agradecimentos pela atenção dispensada. Fico a aguardar notícias suas.

                      Atentamente,
                                             Lucas Reis

                                                                                                                                    Lucas Reis, nº 15,  6ºD

 

RECICLAR

    Era uma vez, três contentores do ecoponto, de seus nomes, o Embalão, o Papelão e o Vidrão. Vivem no passeio da Rua Delfim de Lima, em Canelas. 
     O Embalão é o amarelo, que dá para colocar o plástico e latas. 
     O Papelão é o azul, serve para pôr jornais e caixas de cartão.
     O Vidrão é o verde, serve para pôr as garrafas de  vidro e os frascos.
   Num certo domingo de maio, os três contentores estavam muito tristes, porque viam muitas pessoas a não separarem e o lixo ir todo para os contentores do lixo normal.
     -Embalão, por que estás triste? -perguntou o seu amigo, o Vidrão.
    -Sabes, Vidrão, as pessoas ainda não se sensibilizaram para o verdadeiro problema e andam a poluir o nosso planeta!- respondeu o Embalão, a chorar.
      O Papelão ao ouvir isso, concordou logo com o seu amigo.
  -Temos que fazer alguma coisa, antes que seja tarde demais!-disse ele, já todo entusiasmado com a ideia que teve naquele momento.
    -O quê!?- perguntaram o Embalão e o Vidrão ao mesmo tempo. Admirados com a ousadia do amigo.
     No dia seguinte, enquanto que as pessoas dormiam, andaram eles a colocar cartazes no jardim para alertar para o perigo de não separar para reciclar:
    Nos oceanos, os animais estão a morrer sufocados com os plásticos que engolem e a Terra está a morrer aos poucos!!
     Coloquem o lixo em nós! Os aterros não são a melhor solução!

Afonso Manuel Silva, nº1,6ºD

 

                                                                                  Oceano Atlântico, 5 de maio  de 2021

   Exmo. Senhor Presidente da República

   Provavelmente não me deve conhecer, eu sou um dos golfinhos que mora nos grandes oceanos e estou a escrever-lhe esta carta para o alertar sobre um assunto muito falado ultimamente: a poluição dos oceanos .
   Todos os dias, quando estou a procurar alimento, encontro toneladas e toneladas de lixo, plástico, beatas de cigarro , máscaras , entre outros, e estes formam ilhas de lixo ! Eu sozinho, bem tento limpar um bocado, mas sempre  que eu tento, vem sempre mais e mais lixo…Quando encontro peixes , eles estão mortos, cheios de lixo dentro, ou enrolados em plástico!
   No fundo, o que eu estou a tentar dizer é que se todos ajudarmos um bocado a separar, reutilizar , reciclar e recolher lixo conseguimos ir longe e travar de uma vez por todas esta chamada ” sopa de plástico ” e as ilhas flutuantes de lixo.
Podemos viver num mundo melhor, temos  é que agir já !
 É importante mudar a legislação, pedir a colaboração de todos na limpeza das praias e , claro , na separação para reciclagem .

P.S.  Senhor Presidente , por favor responda-me a esta carta .
Muito obrigada pela sua atenção!

                                                     Golfinho fêmea, Bárbara*

Bárbara Alves,nº4, 6ºD

 

O lixo marinho

                                                                       Atlanta, Oceano Atlântico, 2 de Maio de 2021
 
    Bom dia, Exmos. Senhores Governantes da UE,
 
   Eu sou uma tartaruga e vim falar-vos como estão as coisas aqui no meu oceano.  Não trago boas notícias…
  Primeiro temos de reparar em alguns assuntos muito importantes: a minha espécie e muitas outras estão em extinção; o mar está coberto de lixo; os animais estão a morrer por causa da poluição; estão a ser criadas  ilhas de lixo por causa do que os humanos atiram para o mar. Estas “ilhas” são muito prejudiciais para nós, os animais marinhos,  fazem com que muitos  morram.
   E para que este assunto não se agrave, queria pedir-vos, tanto eu como os outros animais de Atlanta, que fizessem um comunicado aos países que governam e também que tentassem transmiti-lo aos países fora da Europa:
  Façam separação para reciclagem! 
  Coloquem em prática os 7R’s! Devem pesquisar para verem o que está a acontecer aqui no Oceano! Pode ser que assim as pessoas pensem antes de atirarem lixo para todo o lado, menos o correto! 
  Queremos que tomem consciência que, por causa dos atos dos humanos, milhões de animais marinhos morrem, milhões de famílias perdem um parente, milhões de amigos ficam sozinhos, e muito mais. Ouvi dizer que a cada 4 segundos 1 quilo ou mais de lixo é despejado no mar. 
   Há muitos ativistas que estão a tentar explicar-vos o que está a acontecer connosco, mas há muitas pessoas que decidem apenas ignorar.
Com isto, espero que me ouçam, me compreendam e ajudem na nossa causa.
   Ajudem-nos a criar um mundo mais sustentável!!!
 
                                              Os melhores cumprimentos,
 
                                              os Habitantes de Atlanta.
                                                                                                                                           Sofia, nº25, 6ºH
 
 
 

                                                                                                             Canelas, 5 de maio de 2021

    Exmo. Sr. Presidente da República

   Escrevo-lhe esta carta para lhe falar de um assunto importante, a poluição.
  Hoje em dia pouca gente faz a separação do lixo doméstico. Para travar isso sugiro que torne, com a ajuda do governo, a separação do lixo doméstico obrigatória.
   Todos os dias milhões e milhões de toneladas de lixo vão parar ao mar, e isso é causa das chamadas “Ilhas de lixo”. 
    Muitas das vezes, a morte dos peixes é causada porque ingerem plástico, a pensar que é comida. O mesmo acontece com as tartarugas que muitas das vezes morrem sufocadas , ingerem plástico e ficam presas nas redes de pesca que os pescadores deitam ao mar. 
   Senhor Presidente, temos que agir enquanto podemos !
   Espero que leia esta carta e que tome decisões inovadoras !
  Cumprimentos,           
                                 Afonso Cardoso, aluno do AGE de Canelas

 
 
Afonso Cardoso, nº2, 6ºD
 

 

            Na grande cidade vivem o ecoponto azul, o amarelo e o verde, três amigos diferentes, mas com o mesmo objetivo, reciclar.

                Neste preciso momento estão a resmungar por causa dos humanos.

                – Blewwww – diz o amarelo a cuspir uma caixa de cartão – e eles voltaram a fazê-lo, estes humanos não sabem reciclar!

                – Calma, amarelo – diz o verde aborrecido – ficares assim, não vai fazer os homens de repente, tornarem-se inteligentes.

                O azul interrompe a discussão a dizer:

                – Vocês não podem estar sempre a culpar os seres humanos.

                – E porquê?! – perguntam os outros dois com ar indignado.

                – Então, se não é um hábito da espécie, como é que os humanos podem melhorar? – pergunta o verde.

                – Apercebendo-se de que tirar uns segundos para verificar em qual de nós devem pôr o seu lixo.

                – Espero que eles se apercebam rapidamente! – disse o amarelo.

 

Maria Líbano, 6º E

 

              Os ecopontos têm vida (embora ninguém saiba) e vivem preocupados com o ambiente e o bem-estar do nosso Planeta. É por isso que o trabalho deles é ficar com as coisas inúteis, de que ninguém precisa e que têm de ser recicladas, o lixo.

                – O nosso Planeta corre muitos riscos – disseram o azul e o amarelo, que tentavam explicar ao verde o que era o desperdício e a poluição.

                – Porquê?

                – As pessoas deitam lixo para o mar e para o chão em vez de reciclarem!

                – O que é que isso tem de mal? – quis saber o verde.

                – É que isso causa muita poluição na Terra. E nós trabalhamos para ficar com o lixo que deve ser reciclado. – explicaram eles.

                – O azul fica com o papel e o cartão, o amarelo com o plástico e o metal, e tu, verde, com o vidro. Só assim conseguiremos um mundo melhor e mais limpo!

 

Clara Castro, 6º E

 

               Numa manhã de primavera, os tão famosos ecopontos azul, verde e amarelo estavam a falar sobre a poluição.

                – Verde? – fala o Azul.

                – Hum…

                – Estou a sentir-me mal.

                – Alguém meteu dentro de ti algo que não fosse papel?

                – Não me lembro …

                – Eu vi um homem. Pôs o plástico dentro do azul – interveio o Amarelo.

                – Ufa … hoje em dia os humanos não respeitam o ambiente.

                – Pois, nós aqui e há sempre alguém, que está perto de nós e prefere deitar o lixo para o chão! – diz o Azul.

                – Não conseguimos fazer nada.

                – Conseguimos sim, verde! – diz o Azul.

                – Podemos espalhar-nos pelo parque, em vez de estarmos aqui todos juntos. Não será o suficiente, mas poderá ajudar.

                Depois de fazerem o que o amarelo propôs viram melhoras na reciclagem por parte das pessoas.

 

Cândida Rodrigues, 6º E

 

               Num dia de sol, no ano de 2021, em maio, no Porto, existiam o ecoponto azul, amarelo e verde, os melhores amigos de sempre!

               Estes amigos tinham um único sonho, ser todo dia utilizados pelas pessoas à volta, mas quase ninguém lhes ligava!

             O ecoponto azul dizia sempre que se cada pessoa no mundo reciclasse papel, não seria necessário o uso da  silvicultura excessiva para o fabrico do papel. O ecoponto amarelo queria tanto que as pessoas reciclassem o plástico, para que ele não fosse parar ao mar e matar inocentes animais marinhos. O ecoponto verde não aguentava saber que pessoas e animais se cortavam no vidro, por este ter sido atirado para qualquer lado.

             Até que um dia tiveram a melhor ideia de todas. Decidiram falar com todas as crianças que encontravam para os influenciar a reciclar o lixo. Para isso teriam de pedir aos pais e a todos das suas famílias para o fazerem, tornando, assim o mundo um lugar incrível.

             E eles conseguiram! Todas as crianças fizeram isso, influenciaram os mais velhos e o mundo revelou-se um lugar limpo e habitável.

 

Gabriel Albuquerque, 6º F

 

     Vila Nova de Gaia, 3 de maio de 2021

 

    Caro planeta Terra,

 

    Estás cada vez mais poluído. Não basta apenas 1 milhão de pessoas respeitar-te e cuidar de ti. Todos nós temos de tratar-te bem para a nossa realidade melhorar.

     És muito importante! Dás-nos o oxigénio e a comida. A nossa vida depende de ti e a tua vida depende de nós. Atualmente, o ser humano polui muito e, se continuar, podes deixar de ser habitável. Nós, os humanos, temos de tomar uma atitude e passar a cuidar, reciclar, reutilizar, repensar e tratar. Se todos fizermos isso poderemos continuar a viver, nós e tu.

     Prometo que vou tratar de ti com muito carinho e vou dar o meu melhor para te ajudar. Todos temos que fazer isso!   

 

       Um abraço do teu amigo.

                  Fábio Manso

Fábio Manso, nº6,  6º I

 

  Canelas, 3 de maio de 2021

 

     Querida Terra,

 

     Escrevo-te esta carta para te dizer o quanto és maravilhosa e como te estão a poluir.

     Eu não sei como há pessoas que não reparam que estão a destruir a sua casa e que se continuarem irão arrepender-se.

      Tens paisagens incalculáveis e vistas impossíveis de imaginar. Agradeço-te por criares a natureza em que nós vivemos, por criares os animais, as plantas e a água.

      Mas, ao mesmo tempo que há pessoas a poluir-te, também há pessoas a tentarem salvar-te. Todos temos de perceber que tu não és só a nossa casa, mas sim a de todos os seres vivos.

 

Adeus e um grande abraço.

                  Gabriel

 

P.S.: Espero que as pessoas também recebam esta carta.

 

Gabriel Gomes, n.º 8, 6.º I

 

 Canelas, 3 de maio de 2021

 

     Querido planeta Terra,

 

     Estou a escrever-te esta carta para te dizer o que sinto que está a acontecer.

     Eu sei que o ser humano não é uma boa influência para ti, pois aos poucos nós estamos a destruir-te mas, lá no fundo, penso que mesmo assim gostas de nós.

     Na minha opinião, nós somos “maus”, pelo facto de estarmos a estragar quem nos está a acolher. Nós deveríamos reciclar mais, cuidar melhor do lixo, não fazer experiências em animais… porque assim estamos a estragar o nosso lar. Mas, de que adianta dizer isto ao ser humano se ele continua a fazer o mesmo?

     Pois, não adianta nada.

 

Um abraço muito grande.

                  Lara

 

Lara Filipa Costa, n.º 15 ,6.º I

 

Vila Nova de Gaia, 3 de maio de 2021

 

     Querida Terra,

     Apesar da tua atual situação, espero que estejas bem.

     Escrevo para te agradecer por nos dares casa, alimento e oxigénio. Penso que o ser humano é mal-agradecido, pois se fosse bem-agradecido não te poluía e não te fazia mal. Se sobrevives há vários milhões de anos, também vais conseguir ultrapassar os atuais problemas. Peço-te desculpa pelo que te estamos a fazer.

     Eu, tu e os seres humanos vamos vencer a poluição. Acho que vais voltar a ser como eras há algum tempo atrás, porque a poluição dos automóveis vai desaparecer em breve e terás menos um problema.

 

     Um grande abraço,

      Ivan Valente

 

Ivan Valente, n.º 13 , 6.º I

 

 Canelas, 3 de maio de 2021

 

     Meu amigo planeta Terra,

 

     Estou a escrever-te esta carta por vários motivos, um deles é para te agradecer por seres o meu habitat, a minha casa. Por este motivo, não devia existir nem metade da poluição que há, as pessoas deviam parar por um minuto e pensar no que está a acontecer.

     Tu estás nas nossas mãos, és aquilo que fazemos de ti e somos nós que temos que mudar.  Nós sem ti não somos nada, por isso devemos tratar-se como o nosso melhor amigo.

     As pessoas, hoje em dia, não pensam assim, julgam que tu és de ferro e aguentas tudo, mas nós devíamos tratar de ti como se fosses ouro.

     Tenho saudades de pesquisar no Google “planeta Terra” e apareceres lá tu, com as tuas cores vivas, verde e azul e não com umas cores sujas.

 

     Um abraço da tua amiga,

                  Tatiana

 

P.S.: Prometo-te que um dia vai tudo melhorar e vou voltar a ver as tuas lindas cores.

 

Tatiana Silva, n.º 27,  6.º I

 

              Num dia de verão, perto da praia, o ecoponto azul, o ecoponto amarelo e o ecoponto verde tiveram uma conversa sobre a reciclagem no mundo.

                – Por que razão é que as pessoas não fazem a reciclagem do seu lixo? – perguntou o ecoponto verde.

                – Também não consigo perceber. Nós estamos aqui para as ajudar e elas pouco nos ligam. – disse o ecoponto amarelo.

                 – As pessoas devem utilizar-nos, pois só assim será feita a reciclagem e podemos tornar a Terra um lugar melhor! – exclamou o ecoponto azul.

                Estes amigos conversaram durante muito tempo, tentando perceber como poderiam as pessoas mudar de ideias e melhorar as suas atitudes. Até que o verde achou que tinha arranjado uma solução e disse:

                – Temos que mostrar a todos a importância da reutilização dos materiais. Só assim o mundo poderá ser salvo!

                Passado algum tempo, o mundo inteiro concordou com aqueles ecopontos duma praia distante, ao ver o cartaz que foi espalhado por todo o planeta a apelar à reciclagem, começando a ter cuidado e a colocar o lixo sempre nos ecopontos das suas terras.

Ivo Blanquet, 6º G

 

     Era uma vez três ecopontos, o azul, o amarelo e o verde. O azul era resmungão, mas ao mesmo tempo curioso! O amarelo era despreocupado e brincalhão, o verde era o mais preocupado de todos e o mais atento.

     Um dia, o Vicente teve na escola uma aula sobre como reciclar e aprendeu como deveria fazê-lo. Ao ir para casa e ao passar por estes ecopontos ouvi-os falar.

    O verde triste dizia:

    – Hoje em dia há pouca gente que faz a reciclagem e o nosso planeta vai de mal a pior!

    O Vicente ficou muito surpreendido por ver que os ecopontos falavam… Muito assustado disse:

    – É verdade que hoje em dia pouca gente se preocupa com o nosso planeta e ele está doente.

    – Falas muito, rapazinho! Esta juventude está lá preocupada com o nosso planeta? – disse o azul resmungando.

    – Realmente vocês aprendem tanto na escola sobre a reciclagem e pouco fazem para a melhorar. – disseram os outos dois ecopontos.

    – Eu e a minha turma preocupamo-nos muito em fazer a reciclagem. – retorquiu o Vicente.

   – Então prova o que dizes. – disseram os ecopontos em conjunto.

   E Vicente foi capaz de dizer tudo aquilo que tinham aprendido na escola e como conseguiam pôr em prática.

   – Pois ajudas, deviam ser todos assim…

    Depois de uma boa conversa, os três ecopontos entenderam que ainda havia pessoas que continuavam a zelar pelo nosso planeta e o Vicente seguiu o seu caminho para casa com uma nova ideia sobre como pôr mais pessoas a reciclar.

 

Beatriz Ferreira, 6º G

 

            Numa manhã de verão, no parque, à beira da fonte, encontraram-se os ecopontos Azul, Amarelo e Verde. Tinham convidado, também, o Caixote do Lixo do parque para uma conversa ecológica!

             Quando chegou o caixote do lixo, a conversa começou imediatamente e o tema era a reciclagem:

            – Eu odeio as pessoas que põem no sítio errado os resíduos – disse o Azul.

            – É verdade, Azul, eles põem o vidro no Amarelo e o papel no Verde – afirmou o Verde.

            – Ou pior, colocam tudo no lixo comum e não querem saber se aquilo vai ser reciclado – queixou-se, indignado, o Caixote do Lixo.

            – Tens razão, mas também nem sequer têm os ecopontos em casa e não se preocupam com a reciclagem – respondeu o Amarelo.

            – Será que os Humanos conhecem as vantagens da reciclagem? – perguntou o Verde.

            – Se eles soubessem que, ao não reciclar, a espécie deles pode acabar, talvez começassem a proteger o meio ambientem, reciclando! – exclamou o caixote do lixo.

            – Mas não sabem! – gritou, furioso, o Azul.

            – Se nós pudéssemos fazer algo…- suspirou, pensativo, o Amarelo.

           Os ecopontos e o caixote do lixo passaram o resto do dia a pensar em possíveis soluções para fazer com que as pessoas reciclassem os resíduos. Chegaram à conclusão de que, por exemplo, se os quatro recusassem resíduos mal colocados, educavam os Humanos; se se distribuíssem ecopontos grátis por todas as casas e apartamentos, a obrigação de reciclar estaria mais próxima de cada família; se tornassem o processo de reciclagem mais lúdico, como se fosse um jogo repleto de desafios, talvez as crianças e toda a população, passasse à ação.

            – É preciso, então, passar da conversa à ação! – concordaram todos.

 

David Carvalho, nº 5,  6º C

 

           Os ecopontos de plástico, do papel e do vidro reuniram-se na praia para falar sobre a reciclagem. Decidiram encontrar-se na praia, porque é um sítio onde há muita poluição.

            – Devíamos arranjar uma maneira de fazer com que todas as pessoas reciclem. – disse o ecoponto de plástico.

            – Concordamos. – disseram em conjunto os ecopontos de vidro e de papel.

            – Têm alguma ideia que realmente dê resultado e ponha os humanos a reciclar?- perguntou o ecoponto de vidro.

            Depois de pensarem um pouco e tentando descobrir algo de novo o ecoponto de papel disse:

            – Acho que sim. Podíamos criar uma história divertida sobre a importância da reciclagem.

            – Boa ideia! Agora só temos de começar a trabalhar nessa história. – disse o ecoponto de plástico.

            Naquele momento, decidiram começar a criar aquela história que poderia levar as pessoas a fazerem sempre a reciclagem do seu lixo e o Planeta Terra ficaria mais limpo e mais feliz.

Joana Moreira, 6º G

 

 

 

 

 

 

Cartas a Gulliver e de Gulliver

( a propósito de um excerto da obra de Luísa Ducla Sores, As viagens de Gulliver

 

 

Alto das Torres, 28 de abril de 2021

    Olá meu querido amigo Gulliver!

    Espero que esta carta te encontre bem, numa das tuas grandes e fantásticas aventuras. Escrevo-te esta carta, pois não tenho tido notícias tuas, mas sei que é porque não consegues escrever no papel daqueles pequenos habitantes, ou porque ele não daria para me contares todas as aventuras que tens vivido. 
    Seja como for tenho de te contar o que me aconteceu. Quis fazer o mesmo que tu fizeste e, por isso, entrei de novo no barco, no barco da aventura.
   Fui sozinho, após ter entrado icei as velas, não sabia por onde ia, mas sabia que tinha uma grande aventura pela minha frente. A meio da primeira noite, houve uma tempestade, e eu que não sou um grande marinheiro, naufraguei. Acordei, mas mantive os olhos fechados. Sentia areia na minha cabeça e água a bater-me nos pés. Estava calor, mas um calor agradável e apenas conseguia ouvir a forte, mas suave rebentação das ondas. Estava à espera que, quando abrisse os olhos, visse pequenos humanos, todos a pensarem como é que eu teria chegado ali. Abri os olhos e qual não foi o meu espanto quando vi gigantes! Percebi que não era eu que tinha encolhido, pois sentia-me igual, mas tinha ido parar a uma ilha de pessoas gigantescas! Pensei que pudesses estar lá e por isso procurei-te entre as inúmeras caras que iam aparecendo, tentei ouvir os teus passos alegres e divertidos, mas não tive sucesso.
   E, em vez de ser eu a encontrar-te, foram eles a encontrar-me a mim! Depois de me verem, um deles pegou em mim com um dedo. Ainda tentei fugir, mas não tive hipótese. Passaram-me pela cabeça os pensamentos mais sombrios. Pensei que eles me fossem comer, ou fazer algo ainda mais horrível. Sentia-me na pele de um animal, quando é apanhado por um caçador, numa armadilha. Mas esses pensamentos rapidamente desapareceram, quando ouvi o gigante que me agarrou a sussurrar “Olá”. Eles falavam português! Fez-se uma fila enorme com aqueles que queriam falar comigo. Eu e os gigantes estivemos um longo tempo a falar. Eles explicaram-me como funcionava a ilha, disseram-me que já tinham ouvido falar do meu mundo e que no deles não havia violência, que a sua alimentação era à base de plantas e sem abusar da Natureza.
   Estive a passear pela ilha e a ver as maravilhosas árvores e flores que eles tinham. Também conheci os jogos e as comidas que eles faziam e reparei que naquela ilha todos eram felizes.
   Construíram-me um abrigo com alguns paus para eu passar a noite, depois de me darem um fruto do meu tamanho, que segundo eles, é bastante nutritivo. 
   Quando acordei já todos tinham acordado e tinham-me construído um barco. Disseram-me que quando quisesse podia sair da ilha e voltar para a minha casa. Fiquei lá mais algum tempo, não fiquei mais pois tudo o que tinha visto e descoberto era demasiado para assimilar para apenas um dia. Despedi-me deles e deram-me um mapa, com o caminho que tinha de seguir se algum dia quisesse voltar.
   Embarquei e a história repetiu-se … naufraguei. Mas desta vez quando acordei, estava em casa, deitado na minha cama. Sei que a minha aventura não foi um sonho, pois continuava com o mapa no bolso e com aquela ilha bem guardada na minha cabeça.
   Nos dias que se passaram estive a refletir sobre tudo o que me aconteceu e a comparar a vida naquele mundo à vida no nosso e fiquei confuso. Será que isto do gato e do rato, faz parte de outro gato e de outro rato? Ou seja, já pensaste que tens biliões de células no teu corpo? Só tu és uma galáxia inteira!  E que essas pequenas células respiram, comem, entre outras e podem ser galáxias, tendo outros biliões de seres vivos dentro delas? E que nós próprios podemos ser uma pequena parte de outro ser vivo?  
  Também estive a pensar na razão da guerra, da violência do nosso mundo. É verdade, tudo isto dá muito em que pensar.
                        
               Ciao, voltarei a escrever em breve, tenta dar notícias!
              
                Abraço do teu querido amigo Lucas!

  P.S. Quando deres notícias, tenta ao menos dizer-me o que pensas sobre estas últimas questões.

  Lucas Reis, nº 15,  6ºD

 

 

Tentacolândia, 21/04/1958

  Meus caros amigos,

  Espero que se encontrem bem e que esta carta chegue inteira, pois acho que a vão receber toda molhada e cheia de areia. Mas bom continuemos.
  Tenho passado por ilhas muito estranhas e, muitas das vezes, perigosas e fico um pouco assustado com os habitantes.
 Mas também passei por umas que eram estranhas, mas engraçadas, tal como esta que  vou partilhar agora:
 Tinha acabado de sair da ilha das Cobras, uma ilha em que o chão são cobras e onde praticamente tudo são cobras … Quando saí dessa ilha, dei de caras com a ilha dos Polvos, SIM!!! Dos Polvos, querem saber como se chamava? Chamava-se Tentacolândia. Um nome meio estranho, não? No entanto, não podemos esquecer que estamos a falar de um universo para além daquele conhecemos.
 Eles agem como pessoas normais, tal como eu e vocês. Ainda quero descobrir como é que eles ainda não morreram, porque se formos a ver os polvos são animais marinhos e não terrestres. Era muito estranho, no iníco estava um pouco amedrontado, mas eles são ótimas pessoas ou ótimos polvos, ainda não sei muito bem, estou confuso.
  Tenho mais aventuras estranhas para vos contar, mas como veem  não cabe tudo numa carta só. Então para já ficam com esta. Gostaram?

Tchau, Tchau,
                          Gulliver

P.S.- Nunca mais vou ver os polvos da mesma forma que antes.

Sofia, nº25, 6ºH

 

Lilliput, 13 de Maio de 2018

  Olá meus amigos,
  Espero que se encontrem bem. Eu estou ótimo. Vocês nem vão acreditar no que tenho para vos contar.
  Lembram-se da minha aventura em Lilliput, aquela ilha onde eu fui parar e onde havia muita guerra ?Pois bem, há pouco tempo ouvi falar de outra guerra em Lilliput que causou muito caos, tanto que eles decidiram que o melhor a fazer era acabar com as guerras.   

 Decidi voltar lá, para ver se isso era realmente verdade. Quando lá cheguei eles receberam-me tão bem que parecia mentira, devido à minha aventura anterior. Foi aí que percebi que Lilliput realmente tornou-se numa ilha civilizada.

   Agora que isto é mais calmo vou aproveitar para explorar bastante a ilha e pelo que já vi há coisas magníficas que tenho para visitar. 
  
  E foi esta a minha nova aventura. 
  Beijinhos do vosso amigo
                                                Gulliver 

  P. S. Depois quero uma carta  a contar as vossas aventuras. 

Beatriz Marques, nº3, 6°H 

 

 

                                                                                                                   Quatro Reinos, 29 de Maio de 1994

    Olá Maria e Manuel, 
     Espero que estejam bem, eu encontro-me ótimo. Estou a enviar esta carta para vos contar um pouco sobre as minhas aventuras e peripécias que vivi desde que estive com vocês. 
       Neste momento encontro-me nos Quatro Reinos, quatro ilhas em que todos os seus habitantes têm quatro pernas e quatro braços. O meu destino inicial era a Índia, mas com todas as minhas certezas não estou lá! 
     Quando aqui cheguei, acharam que eu era um “alien”, e colocaram-me  numa banheira com leite e chocolate, o que foi muito saboroso. De seguida, desci num escorrega gigante que foi dar a uma piscina de frutas. 
       Acabou por ficar tudo bem, eles aceitaram-me. Agora estou num hotel onde as camas são feitas de folhas. Os automóveis são feitos de pacotes de sumo, leite ou de água. 
      Estas ilhas são lindas e pretendo ficar aqui por mais algum tempo. 
       Bem, por agora é tudo. Quando acontecer mais alguma aventura, escrevo outra carta a contar tudo. 
     Fiquem bem, 
     Gulliver
P.S. Espero que me respondam a esta carta a contar alguma aventura que tenham passado. 

 

Beatriz Santos, nº2, 6ºH 

 

Ilha das Lendas, 30 de nov de 2148

    Olá meus amigos, Maria e Manuel.

    Espero que estejam bem e que se estejam a  divertir. 
    Hoje irei contar-vos mais uma das minhas aventuras. 
   Estava eu a navegar pelo mar distante, quando me deparo com uma rocha em formato de arco, coberta de musgo e pequenas flores roxas e brancas.  Como sou curioso entrei. Dentro tinha uma cidade com pequenas casinhas coloridas, parecia  uma aldeia! Mas não uma aldeia normal, uma aldeia de fadas. 
  Elas receberam-me muito bem. Avancei e entrei numa floresta sombria, olhei para um lado e para o outro e vi vários lobos. Eles queriam-me atacar, mas quando chegou um lobo maior com olhos vermelhos todos os outros se “destransformaram” e viraram “humanos”. 
  Mais à frente encontrei uma caverna com pequenos morcegos, logo em seguida, apareceu uma mulher com um vestido vermelho e dentes afiados, confesso que fiquei um pouco assustado ao ver uma vampira pela  primeira vez!
  Queria continuar a  contar mais peripécias, mas a carta já está muito longa.
  Despeço-me com cumprimentos, 
   Gulliver

Yara Vaz Sousa, nº 27, 6ºH 

 

                                                                                                          Yoshizit, 11 de abril de 2009

  Queridos Manuel e Maria.
 Escrevo para vos informar que tenho vivido aventuras incríveis! Estive em vários sítios, tal como as Ilhas Sagradas das Fadas. Elas eram mais pequenas do que eu pensava. Pensando bem, só não eram mais pequenas do que os habitantes de Lilliput.
 Enfim, atualmente encontro-me em Yoshizit, um país onde vivem dinossauros verdes de um metro e meio de altura. Apesar de não serem humanos, agem e vivem como humanos. Talvez até sejam mais evoluídos do que  os humanos, por não lutarem uns com os outros e viverem em paz.
Ah! Já me ia esquecendo, os habitantes de Yoshizit veem os humanos como criaturas míticas, então tenho de andar sempre com um manto a  esconder-me e quase fui descoberto ao tentar comprar comida, porque, infelizmente,  nós não falamos a mesma língua. Felizmente, consegui reunir comida e estou a planear ir para a Ilha dos Dragões.
  Espero que se encontrem bem, abraços.

  P.S. Acho que vai aparecer um vírus novo daqui a 10 anos, tenham cuidado!

 

Nuno Novo, nº19, 6ºD

 

  Índia, 5 de Outubro

       Olá meninos,
    Espero que esteja a correr tudo bem aí em Portugal.  Aqui na India está tudo bem.  Acabei de chegar de uma viagem maluca a uma ilha na Antártida.
     Era um local muito frio, tudo por lá era gelo, era a Ilha de Gristanvard. Quando cheguei lá, pensei que não havia ninguém ali, mas quando cheguei ao centro da ilha, encontrei seres fantásticos e magníficos.  Eram peludos, redondos como bolas de futebol e coloridos, um era vermelhos, outro verde, outro azul, outro cor de rosa, todos tinham cores diferentes. À primeira vista, pareciam seres fofos e queridos,  até tentei pegar num, mas quando o agarrei, uma espécie de tentáculos saíram da sua boca e agarraram-me a cabeça.
   Aquelas criaturas eram com certeza venenosas, pois quando me soltei caí inconsciente no gelo e quando acordei estava numa caverna escura e quente.  Os seres fantásticos, magníficos, coloridos, fofos e queridos, transformaram-se em seres repugnantes, escuros com tentáculos na cabeça.  Eu estava deitado numa cama de ferro. Tentei  levantar-me, mas estava preso por correntes.
  Depois de muito tempo a tentar soltar-me, ouvi um grito.  Era uma língua que eu não conhecia, ou melhor, eu nem sabia se aquilo era uma língua. Só sei que virei a cabeça para a entrada da caverna e avistei um exército de pessoas de madeira e folhas verdes, pareciam choupos e pessoas ao mesmo tempo.  Começaram a lutar e uma dessas “arvorouas”, ou “pessarvores” levou-me para fora da gruta.  Pôs-me dentro de um barco, fez-me sinal de adeus e eu retribuí o sinal. Em menos de 10 segundos o barco começou a andar sozinho.  Quando parou reconheci de imediato o lugar, estava na Índia.
   Não sei o que aconteceu na ilha depois que entrei no barco, nem sei porque aquele ser me salvou, só sei que ainda estou vivo! 
    Bom, não quero ocupar mais o vosso tempo…
    Despeço-me,

   Beijos do vosso amigo 
                                         Gulliver

Catarina,nº4, 6ºB

 

Ilha dos Pequenos,  maio de 1869

      Meus amigos, Manuel e Maria.

       Venho por este meio, escrever-vos  para que saibam que eu estou bem de saúde.              Espero que se encontrem bem!
      Já devem perguntar-se, porque eu não dou notícias há algum tempo!
      Pois bem, andei um tanto ocupado na minha última aventura. Desde que embarquei no barco, no cais de Gaia, que nunca mais parei de conhecer o mundo. Conheci várias ilhas, mas nesta última ilha em que eu desembarquei, fiquei um tanto fascinado pela população local. A Ilha chama-se Pequenos, as pessoas que lá habitam são pequenas, com cerca de 20 centímetros de altura. 
      Quando lá cheguei, a população da ilha tinha medo que eu os pisasse ou até mesmo que a minha altura fosse uma grande ameaça para eles. Os Pequenos lá se acostumaram  e foram muito hospitaleiros para comigo.
     Fiquei uns dias hospedado na cabana, que construíram propositadamente para mim.
Antes de me vir embora, para embarcar noutra aventura, ainda me ofereceram mantimentos para a viagem.

Despeço-me  com abraços e beijos do vosso amigo,

                                                                                       Gulliver

P.S. Adorei imenso explorar esta ilha e ainda trouxe comigo uma pequena lembrança, um livro com a história da ilha.

Martim José, nº17,6ºD

 

Ilha dos encantos, 05 de agosto de 1891 

 

    Meus caros amigos,
   Espero que estejam os dois bem e que tenham vivido muitas aventuras, porque eu vivi uma que vou contar-vos.  
  Foi numa ilha deserta, tinha muitos  animais, cascatas de água cristalina e plantas muito diferentes.
  Quando lá cheguei descobri que aquela ilha já tinha sido habitada, mas há muito tempo atrás. Eu gritei, gritei e gritei mas ninguém respondeu, apenas saíram das arvores diversos pássaros.
  Esperava encontrar um povo de novas culturas, não o encontrei, mas encontrei: árvores que falavam, plantas que dançavam e animais de muitas espécies misturadas.  
  Construí uma cabana na praia, de onde observei: peixes voadores, golfinhos e baleias, que entoavam uma melodia fascinante, que nos derretia os ouvidos.
  Fui procurar alimentos, pois os meus tinham acabado, já estava na ilha há uma semana, quando encontrei algumas frutas, reparei que as bananas eram azuis e as maças brancas.
   Por alguns dias pensei que estava a ficar maluco, mas como para já a areia não cantava, nem andava aos saltos, presumi que estava tudo bem.
  Depois vi um peixe a rastejar numa rocha e um lagarto a mergulhar na água durante bastante tempo…as cobras comiam plantas e os gatos gostavam de se deitar na areia da praia e ficar o resto do dia a apanhar sol na barriga.
  Encontrei uma palmeira onde estava um macaco preso que eu ajudei e desde então ele anda sempre nos meus ombros e chamei-lhe Baquito. 
   Agora estou de regresso a casa com o Baquito…
   Espero ver-vos quando chegar, daqui a umas semanas.
  Cumprimentos do vosso grande amigo Gulliver! 

                                                                                         

 Daniela, nº5, 6ºB

 

Ilha dos Abraços, 30 de junho de 1800

    Meus querido amigos, Maria e Manuel, espero que se encontrem bem de saúde.
    Estou a escrever-vos para que fiquem descansados, porque eu estou bem de saúde. 
    Devem estar a estranhar, o nome da ilha. É mesmo esse o nome, Ilha dos Abraços. A ilha,  tem cerca de 150 habitantes que têm por hábito abraçar todas as pessoas que desembarcam na ilha. Adorei imenso estar hospedado nesta ilha, porque me senti muito bem com os seus afetos. Os abraços que me davam, faziam-me sentir que estava protegido.
  A ilha está coberta de palmeiras e a areia é tão macia. 
 Soube-me muito bem uns dias de descanso, para carregar baterias para as minhas novas aventuras.
 Acabei por ficar quase cerca de um mês hospedado naquela ilha e adorei cada dia que passei lá.
 Antes de me vir embora, voltaram-me a abraçar e eu retribui também com um grande abraço.
 Ofereci-lhes a minha amizade e não só, um livro da história do nosso país.
 Não queriam aceitar, mas de eu tanto insistir lá agradeceram com mais um  abraço.

P.S. Vou-me aventurar pelo o mundo fora, para conhecer mais países e ilhas que ainda estão por descobrir. Serei eu o primeiro, a fazer essa descoberta.
Beijinhos e abraços do vosso sempre amigo, 
Gulliver

Afonso Manuel, nº1,6ºD

 

Cabo Verde, dia 31 de Dezembro de 1799

    Olá, Maria e Manuel!

    Espero que ainda se lembrem de mim. Vou contar-vos uma aventura que eu vivi, espero que gostem!

    Estava num barco tranquilamente, até que uma tempestade começou a formar-se ao nosso lado. Foi piorando…

    As ondas eram muito grandes! Parecia que o barco ia virar-se ao contrário. Nós tentamos sair do meio da tempestade. O capitão e os marinheiros estavam com muito medo, porque podíamos todos morrer ao tentar sair.

    Uma baleia ficou ferida ao tentar fugir e acertou- nos com a cauda e o nosso barco afundou. Que grande confusão!

     Até um dia!

     Gulliver

  P.S. – Esqueci-me de dizer que um barco resgatou-nos e ficou tudo bem.

 

Pedro Mota, 6º G

 

                                                                                                  Moscovo, dia 19 de maio de 1769

     Maria e Manuel,

     Bom dia, amigos, hoje venho contar-vos uma aventura incrível que acabei de viver!

     Estou em Moscovo, mas venho contar uma aventura que passei na Austrália.

    Estava numa praia com água quente até que vi um tubarão. Não me aproximei muito dele, porque parecia um bocado perigoso!

   Fui a correr para a minha toalha longe do mar até que o tubarão saltou para a areia.

   As pessoas ficaram pasmadas e assustadas e acabaram por fugir. Em vez de fugir, trepei uma palmeira até ao topo para me esconder.

  Não aguentei muito, por isso tinha de descer. Decidi descer para um arbusto cheio de paus.

  Não tinha outra forma de fugir senão lutar, então tive de arriscar! Peguei num pau e coloquei-o na boca do tubarão.

  Depois subi em cima do tubarão e prendi-o na areia com uma corda. Mais tarde, o tubarão acabou por ficar sem forças e eu voltei para casa.

  Um abraço!

  Gulliver                                             

P:S Esqueci-me de referir, se quiserem ouvir mais aventuras eu continuarei fazê-lo. 

 

Guilherme Meira, 6º G  

   

Madeira, dia 2 de abril de 1721

     Maria e Manuel,

     Olá!

     Escrevo esta carta para dizer que aqui na Madeira está tudo ótimo, parece que estou no paraíso! 

     Estou a ser muito bem recebido, pena que aqui não há anões, nem gigantes como em Liliput.

      Aqui na ilha a comida é de comer e de chorar por mais, só faltam vocês aqui, para conhecerem esta gastronomia…

      Um dia estaremos todos juntos de novo, e vou mostrar-vos como a Madeira é linda.

       Amigos, espero que se encontrem bem, já tenho saudades vossas.

       Beijinhos, até um dia.  Cuidem-se!

        Gulliver

       PS: Agora espero por notícias vossas por carta, e mandem beijinhos para a vossa família.

            

                                                            Gabriel Paiva, 6ºG 

 

                                                           Portugal, dia 22 de abril de 1750 

     Caros, Maria e Manuel!

    Maria e Manuel, espero que ao receberem esta carta se encontrem bem de saúde, junto da vossa família.

    Nunca vou esquecer o dia em que nós nos conhecemos!

    Tenho saudades do tempo em que passamos tantas aventuras, aqueles dias na ilha da Catatua!

    Sabem, a ilha era muito bonita aquelas árvores eram tão altas, onde se viam muitas aves em cima delas. 

     Bem, por agora é tudo, espero a vossa resposta.

   Do vosso amigo,

   Gulliver 

P.S Nunca se esqueçam de mim.

 

Rodrigo Monteiro, 6º F

 

Porto, 16 de outubro de 1790

   Maria e Manuel,

   Tudo bem? Espero que sim, comigo está  tudo bem, dentro do possível. Hoje venho contar-vos algumas das minhas aventuras.

   Ontem, à tarde, encontrei uma ilha deserta, pensava eu! Pois quando desembarquei  vi, uma espada perfurando a areia como se fosse um soldado numa guerra a perfurar o corpo de outro soldado!

   Andei para a frente, parecia que a ilha nunca acabava, cai num buraco, entrei em pânico não sabia para onde ir, nem onde estava! Decidi explorar a “caverna”. Passado um tempo reparei que estava a andar às voltas então fui à procura do buraco, mas quando dei por mim, ele tinha desaparecido.

   Fiquei lá dois dias, até uma cobra vir falar comigo, perguntou-me o porquê de eu estar ali. Expliquei o acontecido e ela levou-me com ela até  uma mini sala com vários chapéus! Ela tinha- me dito para dançar vestido de palhaço e o buraco se abriria, mas em troca da sua  ajuda, eu a levaria comigo, então assim fiz.

   Um abraço 

      Gulliver

P.S. Eu agora moro com a cobrinha e ela é muito mimalha.

 Cândida Rodrigues, 6ºE

 

                                                                           Lisboa, 23 de Junho de 1740

                                                                  

     Queridos, Maria e Manuel!

     Olá, Maria e Manuel, hoje aconteceram várias aventuras. Fui com um barco de madeira para o mar! Sempre sonhei ir para uma ilha deserta, mas a que encontrei estava cheia de selvagens, fui atacado e uns portugueses salvaram-me.

    Tive medo, pois pensei serem alguma espécie de macacos, mas não sei como os confundi! Cheguei no barco deles, não era um navio enorme, mas tinha muitos portugueses. No início, pensei que eram mal-educados, maldosos e outras coisas, mas eram gentis, simpáticos e tudo de bom.

     Durante a viagem, fomos atacados, mas não foram piratas, eram tubarões, ainda bem que atiraram carne para os tubarões, eles tinham ido embora.

     Chegamos noutra ilha, e ficamos lá, era o paraíso! Acabamos por não ficar, infelizmente!

     Na ilha havia um vulcão, mas saímos de lá a tempo!

      Até outro dia

      Gulliver

Ana Beatriz, 6º E

      

Ilha Deserta, 29 Agosto 1899

   Amigos, Maria e Manuel! 

  Espero que estejam bem, pois eu tenho muitas aventuras para vos contar. 

  Passei 7 dias e 7 noites no meu barco, até que vi a primeira ilha! Estava cheia de macacos e cobras! Fui embora, imediatamente.

   Depois de muito procurar, encontrei outra ilha que tinha falcões que me atacaram e ainda apareceram piratas gigantes.

   Até que encontrei esta ilha que tem duas casas a minha e outra que tem uma mulher lindíssima.

Um bom dia do vosso amigo Gulliver.

P.S. Havia mais cinco ilhas como esta!

 

Beatriz Oliveira, 6º E

 

                              Ilha da Fantasia, 22 de abril, de 1765

       Olá, Maria e Manuel!

      Sou eu, o vosso amigo Gulliver, e vou contar-vos a minha mais recente aventura. Esta aventura passa-se na Ilha da Fantasia.

       Não devem ter ouvido falar dela, porque é uma ilha escondida e secreta, que não aparece em nenhum mapa. Não vim parar a esta ilha propositadamente, houve uma tempestade a meio da noite e o meu barco veio parar aqui. Na ilha da Fantasia, habitam várias criaturas mágicas, fadas, unicórnios, sereias e mais seres de outro mundo!

        Quando entrei na ilha fui muito mal recebido (por ser um humano), mas depois foram mais simpáticos. Toda a gente que habita nesta ilha é um ser mágico, por isso não falam a nossa língua. Têm uma língua própria, e ensinaram-me a falá-la. Também não comem as mesmas comidas que nós. Têm comida típica da ilha, que para eles sabe bem, mas para mim é horrível! Fiquei um mês lá, até conseguir arranjar o meu barco. Foi um pouco difícil despedir-me, mas depois fui embora.

        Um abraço,

          Gulliver

                                                                                                  Clara Castro, 6º E

Porto, 15 de agosto de 1750

     Maria e Manuel,

      Olá, eu estou seguro, fui resgatado por alguns dos cavaleiros de D. João V, felizmente estou seguro. Eu queria contar o que eu vivi e senti naquela maldita ilha!
     Tudo começou com um terrível naufrágio em que infelizmente toda a tripulação faleceu menos eu, nunca pensei sobreviver aquele desastre.
     Naqueles longos anos vivi na solidão e tristeza, até que um dia estava à beira mar e vi ao longe um navio de grande porte com mastros enormes e com umas velas gigantes. Eu na mesma hora tive a brilhante ideia de começar aos gritos a dizer “ESTOU AQUI “comecei a saltar e só parei quando finalmente me viram e vieram na minha direção. Estava salvo!
    Gostei de escrever esta carta, quero combinar um dia para estarmos juntos e pormos a conversa em dia.
    Adeus e até breve.

  Gulliver

Alexandre Alves Mota,6ºF

 

 

       

      

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

      

 

 

 

Os afetos

 

De afetos todos precisamos.

Uns menos, outros mais.

E todos os procuramos

Porque somos todos iguais!

 

Atitudes, gestos e carinho

Para um mundo melhor é o essencial.

Facilita o nosso caminho

Para sentirmos algo especial.

 

Por palavras os exprimimos também

Para ficarmos todos bem.

                                                                            A turma do 8º H

Um encontro com o Diabo

 

      Do outro lado do horizonte, o sol punha-se calmamente, enquanto deixava a noite tomar o seu lugar. Estava cansada, então, os meus passos eram lentos e a rua fazia-se parecer mais longa do que era realmente. A noite trazia consigo o vento forte e o meu corpo tremia por vontade própria. As minhas mãos esfregavam os braços sobre o casaco, na tentativa de os aquecer, mas era em vão.

      Soltei, enfim, um suspiro de alívio, quando fui abraçada pelo calor da cafetaria e a barriga roncou baixinho, depois de ver as montras cheias de bolos apetitosos.

       Escolhi sentar-me longe, no fundo do estabelecimento, porque passar despercebida era o meu passatempo favorito, logo após ler. Carregava sempre um livro debaixo do braço, pois, qualquer pequeno espaço livre era perfeito para me perder entre as imensas palavras e adjetivos, que formavam um mundo paralelo, estranhamente perfeito aos meus olhos.

       Mesmo assim, chamaram por mim. Era alto, magro e bem vestido. Os seus cabelos eram claros e os olhos negros, estranhamente negros. Não sei quanto tempo estive a apreciá-los, porque me fizeram perder quaisquer noções de tempo e espaço. Pareciam buracos negros; lentamente e sorrateiramente sugando-me a alma e, quando aquele rapaz sorriu, eu senti que a última gota de sanidade dentro de mim tinha sido sugada.

      Sabia o meu nome e perguntou se podia sentar-se. Não respondi, porque me sentia estranhamente sobrecarregada com a sua presença e ele sentou-se de qualquer maneira.

      Os nossos pedidos chegaram e eu perguntava-me como é que ele sabia exatamente o que eu queria. Era possível que me lesse a mente? Não, que parvoíce a minha.

      Perguntei quem ele era e respondeu-me que já havia lido aquele livro, disse que não queria causar transtornos nem ser um spoiler.  Por isso, apenas ia comentar que o final o deixou emocionado, mesmo que não fosse capaz de chorar. A sua voz pareceu-me familiar, mesmo sabendo que nunca o tinha ouvido. Era grossa e vibrava em tons cativantes. 

         – Também gostas de ler?

      A sua resposta não veio imediatamente, pois a sua primeira reação foi, finalmente, desviar o olhar de mim e encarar a mesa, enquanto sorria quase que ironicamente.

        – Pergunto-me como reagirias, quando eu respondesse que sim a essa pergunta, mas se soubesses quem realmente sou!…

          – Quem és? – Agora era eu quem não queria desviar o olhar dele, porque me intrigava. Enquanto aguardava alguma resposta ou alguma dica, a minha mão estendeu-se timidamente para pegar num guardanapo, tinha fome. No entanto, como se ele previsse os meus movimentos, ele estendeu a sua. 

         Os seus dedos longos e finos tocaram os meus e eu pude sentir o quão quente ele era. Olhei-o nos olhos.

       O rapaz misterioso levantou-se e asas de anjo saíram das suas costas. A minha boca abriu-se. Estaria a sonhar?

      Como se aquilo fosse algo natural do seu dia-dia, começou por quebrar pescoços. Depois, com um garfo, espetou-os nas carnes humanas como se estivesse pronto para as comer. Gritos preenchiam a cafetaria e era tanto o medo que eu quase conseguia tocá-lo. Em questão de segundos, o chão ficou virou vermelho devido ao sangue e toda a gente estava morta menos eu. Um sussurro no meu ouvido disse: “Sou o diabo”.

        Tudo estava normal. Eu ainda estava com a mão no guardanapo e a sua ainda estava sobre a minha. As pessoas ainda falavam ao fundo e a máquina do café ainda fazia barulho, sempre que um era tirado. Ele sorriu e uma lágrima escorreu solitária pela minha bochecha.

            – Na realidade, eu não sou assim, isso é o que fazem de mim…

 

 Beatriz Santos 11.º D

 

 

      Com uma faca na mão, uma poça de sangue à sua volta e um corpo estendido no chão, Lídia para e questiona as suas ações pensando para si mesma: 

     – O que é isto? O que é que eu fiz? Não posso ter sido eu! 

     Entretanto, a porta da cozinha abre e por ela passa uma figura alta e sinistra. Lídia olha-o de cima a baixo, reparando nos seus sedosos cabelos, nos seus brilhantes olhos vermelhos, no seu tronco musculoso, elegantemente vestido com um fato também vermelho. Porém, não pôde deixar de reparar na cauda que abanava freneticamente  atrás de si. 

   – Ora! Que beleza divina! Não te assustes, mas eu já te conheço! Com que então finalmente fizeste o que sempre tentei induzir-te a fazer!? Confesso que estou orgulhoso. 

    Lídia, estranhamente calma, larga a faca ensanguentada e entra num estado de transe, como se estivesse possuída e diz: 

     – Não tenho medo! Mas sinto uma alarmante vontade de matar! Quero sangue!

    – Não te preocupes; eu ajudo-te! Eu tenho esse poder sobre as pessoas! Um tormento infernal, acredita!

     Estava uma tarde solarenga. Um casal que passeava por verdes e estonteantes jardins, sorrindo e gargalhando. De repente, Lídia começa a sentir-se estranha e a sangrar gravemente do nariz. O marido, Manuel, decide levá-la para casa. 

    Já em casa, Lídia passa o resto da tarde a dormir, a descansar e Manuel cuida dela. Escureceu. Enquanto a noite descia, Lídia ficava cada vez mais estranha e irreconhecível. Enquanto dormiam, Lídia, aparentemente, tem um pesadelo e acorda com os olhos em sangue e completamente negros, sem qualquer brilho de humanidade. Vai à cozinha, abre a gaveta e tira uma faca; dirige-se novamente ao quarto, onde Manuel dormia descansadamente. Sem hesitar, Lídia espeta-lhe uma faca no centro do tronco, descendo rapidamente, abrindo o corpo de Manuel a meio. 

     – Foi um sinal. Eu enviei-te para casa e dei-te o que lá no fundo sempre soubeste que querias: essa vontade de matar! Na verdade, não fui eu quem ta deu. Tu sempre foste assim, eu só te desvendei. 

       Lídia, surpreendida e chocada, diz: 

      – Sinto-me eu mesma! Vamos?

     – Onde?- disse a tal figura sinistra.

    – Para onde quiseres, desde que haja pessoas, e muitas pessoas a quem possamos tirar as miseráveis vidas- disse Lídia. 

    Neste momento, Lídia tem um impulso e pega na faca novamente do chão e espeta-a na figura alta e sinistra. A vontade de matar era incontrolável. 

   Depois de o matar, Lídia acorda do transe e olha à sua volta, apenas vendo sangue e dois corpos no chão. Na verdade, um deles era o seu marido Manuel e o outro era um vizinho que lá tinha ido pedir ajuda. Lídia observa o cenário e chora desesperadamente, pensando que tinham sido assaltados ou que um criminoso qualquer os tinha deixado ali.

  Lídia matara-os; porém, não se lembrava de absolutamente nada. Era tudo negro, solitário, assustador. Mal ela sabia que ela própria tinha feito aquilo e que o ia fazer, provavelmente, muitas mais vezes. 

    Afinal, o diabo está dentro dela, é ela, mesmo que ela nunca saiba e nem se aperceba.

 

FIM! 

Trabalho realizado por: 

Lara Pereira nº13, Eduarda Rocha nº15, Nádia Soraia nº16    11.º D

 

 

            O sol tinha desaparecido e eu, na minha inocência, pensei que apenas fosse de madrugada…

            O tempo passava e cada vez parecia mais estranho não haver luz na praia, numa manhã de junho. Caminhei um pouco para sul; talvez ainda fosse cedo demais e não ter noção das horas era algo completamente normal para uma adolescente no verão.

            De repente, vejo uma forte luz a aparecer. Não era uma luz de um bonito nascer do sol, era uma daquelas luzes que vemos num filme de terror. Caminhei mais uns cem metros, a luz começou a queimar-me ligeiramente os braços e então resolvi parar. Parei numa rocha preta e olhei para o mar.

          Poucos minutos passaram até que vejo algo a mover-se até mim. Uma figura estranha, com uns grandes chifres, pele vermelha, uma cauda brilhante e um olhar enigmático caminhava sobre o mar. Levantei-me automaticamente. Olhei para ela com um olhar assustado, hoje arrependo-me desse olhar…

    A figura misteriosa aproxima-se de mim e pergunta-me se sei onde estou. Instantaneamente respondi que sim. Se havia pessoa que conhecia aquela praia, com certeza era eu. Ela soltou um riso irónico e disse-me que talvez eu não estivesse onde imaginava. Fiquei arrepiada com aquelas palavras e perguntei-lhe, então, onde estava. Desatei a correr de olhos fechados, com todas as forças que tinha, para o lado oposto daquele sítio, que eu imaginava ser a praia, quando ela me disse que era o Diabo e que eu estava na entrada do Inferno. 

        Poucos minutos depois, abri os olhos, na esperança de tudo aquilo ter sido um pesadelo e de a minha mãe estar a gritar comigo para eu sair da cama. Nunca imaginei querer tanto a minha mãe a gritar comigo, como naquele segundo. No entanto, quando os abri, vi o Diabo à minha frente, outra vez. Questionei-me como é que ele conseguira ir para ali tão rápido, mas essa não era a coisa que mais me preocupava no momento. Preocupava-me o facto de, aparentemente, estar no Inferno.

           Depois de respirar fundo várias vezes e de aceitar o que me estava a acontecer, resolvi que o mais sensato a fazer era descobrir por que razão eu estava ali. Afinal, não é todos os dias que damos de caras com o Diabo, à entrada do Inferno.

            Sentei-me numa cadeira de madeira antiga, era igualzinha às cadeiras do tempo dos meus avós, aquelas que eles me mostravam em fotografias. O Diabo sentou-se numa outra à minha frente. Entre nós existia uma pequena mesa, que noutras circunstâncias poderia ter sido utilizada para um belo jogo de cartas ou para uma partida de xadrez. Tudo estava já preparado para uma conversa destinada a acontecer.

            Olhei o Diabo nos olhos. Ele já estava a olhar para mim. Foi neste momento que lhe fiz todas as perguntas que me passaram pela cabeça. Perguntei-lhe o motivo pelo qual estava ali e por que razão tudo parecia tão igual ao mundo na terra, tirando a ausência da luz do sol e a presença de uma luz macabra. Pela primeira vez, o Diabo esboçou um sorriso sincero. Pareceu-me estranho, mas limitei-me a ouvi-lo.

            Bem… Não tinha um relógio para ver as horas, nem o sol para saber quanto tempo a minha conversa com o Diabo tinha durado, mas com certeza foram umas boas longas horas. Sobre o que falamos? Sobre tudo e mais alguma coisa. Assuntos normais entre o Diabo e uma adolescente. Deus me livre de os contar.

        No entanto, creio que o Diabo gostaria que vos desse uma palavrinha por ele. Primeiramente, posso dizer-vos que ele prefere ser tratado por “Diabinho”, pois considera o nome “Diabo” bastante agressivo. Ele disse-me até que já tinha tentado ir à Conservatória trocar o nome, mas não o deixaram entrar devido ao seu aspeto. Adiante, fez-me uma visita guiada ao Inferno, com a qual eu fiquei impressionadíssima: não imaginamos todos os recursos que tem. Explicou-me as razões daquelas pessoas específicas estarem lá, eu compreendi e até concordei completamente.

            Afinal, o Diabo só quis que eu lá fosse porque se estava a sentir bastante sozinho ultimamente.  

            Antes de me poder despedir do meu novo amigo Diabo, comecei a ouvir a minha mãe a gritar para eu sair da cama. Naquele momento senti um misto de sentimentos, um alívio por não ter de dizer à minha mãe que fui conhecer o Inferno, nem que começava a ter uma saudadezita do meu encontro com o Diabo.

 

Inês Rodrigues, nº9, 11º D

 

            Estávamos em 1980, numa vila de lenhadores, no Canadá. Um lugar calmo onde os habitantes viviam pacificamente. Porém, havia um grupo de jovens que era mauzinho e gostava de fazer muitas travessuras.

            Uma menina chamada Elizabeth vivia nesta vila. Era alta, tinha cabelos loiros e olhos azuis, vestia roupas escuras e trazia consigo um casaco de peles de animais para se proteger do frio. Com dezasseis anos tinha poucos amigos, mas desses poucos, todos eram verdadeiros, por isso andavam sempre juntos. Ela era um dos elementos do grupo de jovens que pregava partidas de mau gosto aos habitantes.

     Um dia, enquanto dormia, teve um pesadelo. Sonhou que estava num lugar completamente diferente do que habitava e numa época que não era a sua. Existia lá um edifício enorme com vários jovens da sua idade, parecia uma escola, mas diferente das que costuma ver no seu dia-a-dia. Viu também veículos esquisitos, que pareciam carroças, mas não havia bois para os puxar. Elizabeth estava assustada e confusa, nunca tinha visto algo assim.

      Entretanto, acordou. Passou o dia todo a pensar naquilo, notava-se que estava transtornada e os seus amigos  repararam que ela não estava bem. Decidiram ir para as montanhas brincar na neve, mas o inevitável aconteceu: a montanha começou a tremer e, quando olharam para cima, já era tarde demais. Era uma avalanche, tentaram fugir, mas não conseguiram. Elizabeth e os seus amigos morreram ali, enterrados vivos pela força da natureza.

        Os anos passaram. Estávamos em 2020, Maria, uma menina com dezasseis anos, tinha olhos azuis, cabelos loiros e vivia em Portugal, um país localizado no sudoeste da Europa. Frequentava uma escola no norte de Portugal, mais precisamente no Porto. Era uma menina sociável, no entanto, andava sempre com um pequeno grupo de amigos, aqueles em quem ela mais confiava.

        Um dia, à tarde, depois da escola, estava sozinha à espera dos pais para ir para casa. Tinha uma vestimenta elegante, as pessoas olhavam sempre que passavam por ela, de facto, não passava despercebida. Enquanto Maria esperava pelos pais, começou a ter alucinações sobre a sua escola, como se, por algum motivo, já tivesse sonhado com ela em tempos passados. De repente, parou de ter aquela alucinação, provavelmente estava cansada. Olhou para o outro lado da rua e viu uma das suas amigas a passar, o nome dela era Elizabete e, nesse momento, surgiu outra alucinação. Desta vez, parecia que estava numa vila antiga de lenhadores. Maria viu um grupo de jovens da sua idade a brincar na neve, à beira de uma montanha. Enquanto os observava, reparou num pormenor que lhe chamou a atenção. Naquele grupo de jovens, havia uma menina igualzinha a ela, olhos azuis e cabelos loiros, no entanto, ouviu chamar Elizabeth. Por um breve momento, Maria ficou assustada e confusa, mas provavelmente era só uma coincidência. Subitamente, sente o chão a tremer, quando olha para o grupo de jovens, vê uma avalanche a enterrá-los vivos. Aterrorizada, Maria consegue parar aquelas alucinações e volta ao normal. 

        Apavorada com aquela situação, começou a caminhar para ver se aquilo lhe saía do pensamento, mas ela não conseguia tirar aquela imagem da sua cabeça. Sentia-se horrível com o que tinha acabado de presenciar. Maria continuava a caminhar pelo passeio, olhou para a estrada e reparou num carro que estava a andar lentamente ao seu lado. Lá dentro ia alguém a olhá-la fixamente, com um olhar malvado. Assustada, começou a caminhar mais depressa, mas o carro ia ao seu lado a acompanhá-la. Maria começou a correr, virou numa rua à direita e deparou-se com duas ruas, uma delas não tinha saída. O carro continuava a segui-la. Desesperada, atravessou a rua, para se dirigir à rua que tinha saída, apareceu uma carrinha que a atropelou e a deixou inconsciente.

        Quando acordou, reparou que não estava num hospital e sim num local diabólico que não conseguia descrever de tão aterrorizada que estava. Levanta-se da cama e apercebe-se que tinha uma silhueta no fundo do quarto. Esta começa a desaparecer e, na única fonte de luz que existia naquele lugar, aparece um homem. Maria olha para ele, começa a afastar-se, nota que é o mesmo homem que estava no carro a persegui-la. Ela tenta fugir, mas não havia saída. Voltou-se para ele e viu que tinha desaparecido, olhou para trás e viu-o, ali mesmo atrás dela. Maria recuou, de repente, a pele do homem começa a desfazer-se e, por debaixo dela, encontra-se uma criatura inimaginável, nunca antes vista por Maria: era alto, tinha dois chifres, uma cauda, um sorriso rasgado com dentes muito afiados e asas de anjo, mas aquilo não era um anjo, as suas asas eram pretas. Maria não conseguia acreditar naquilo que estava à sua frente, completamente apavorada, perguntou:

       – Qu… Quem és tu? E… e onde estou?

      Ao que ele responde, com uma voz grave e aterrorizadora:

      – Quem sou eu? Hm… Provavelmente, devias saber quem eu sou, mas eu conto-te na mesma. Sou o Diabo e o sítio em que te encontras é o Purgatório. O local onde serás castigada pelos teus pecados cometidos no passado.

      – No passado? Mas que passado? Eu não fiz nada de mal!- exclamou Maria.

   – Tens a certeza? Pensa bem… Devias ter perguntado quem és tu de verdade, para perceberes que não passas de uma encarnação, que tudo foi um sonho, uma alucinação provocada por este local. É para isso que o Purgatório serve. Pagar pelos pecados que cometeste no passado e, assim, fazer-te sofrer para o resto da tua vida, Elizabeth.

Diana Guimarães, Fabiana Guedes, Inês Ribeiro 11ºD

 

 

     Quando me encontrei com o Diabo, não vi nenhuma figura, como costuma ser descrita. Apenas vi uma figura preta no meio da noite, na minha casa.

     – Por que é que não apareces?- disse eu.

    – Porque, na Terra, eu não posso aparecer como apareço no Inferno, por isso, esta é a minha única forma de provocar medo.- disse o Diabo.

   – Então, tu pretendes ter aliados a partir do medo?- repliquei. Na verdade, eu não conseguia vê-lo e essa deve ser a causa para conseguir falar tão fluentemente e não sentir medo.

   – Claro. É a partir de algo de que todos querem fugir que conseguem aproximar-se do mal!- replicou ele.

   – Então, deixa ver se percebi, o medo de que todos querem fugir é mau.- reforcei.

   – Certamente, o medo é o primeiro passo para as pessoas chegarem mais perto de mim. Por exemplo, uma criança, quando é afastado dos pais, fica dominada pela raiva e pelo ódio, que dura a vida inteira, pelas pessoas que a afastaram dos pais.- disse o Diabo.

   – Mas, se isso não for assim, todos são diferentes, não é possível outra forma?- inquiri eu.

   – Se não for assim, é com outras histórias, outros contextos, mas, no fundo, todos os sentimentos maus, estão na origem do medo!- disse ele.

   – Muito bem, que assim seja!- disse eu.

Inês Mota 11.º D

 

            Celeste e Dante choram. Joãozinho está deitado no caixão, psicologicamente noutro mundo, vagueia por um caminho sem fim. Verifica que está sem roupas e esfomeado, sente com um calor arrasador, até que avista um reflexo ao longe, ele aproxima-se…

            Um homem, igualmente nu, segurava um espelho na mão. Joãozinho aproxima-se e questiona-o sobre onde está e o que fazem ali. Tranquilamente, ele responde que estão no inferno e que o seu desejo foi ter um espelho. Logo a seguir, Joãozinho desata a correr já que o tomou por maluco e continuou a seguir o caminho.

            Pouco depois, distraído, pisa um monte de dinheiro. Olhando para o lado, encontra uma mulher, charmosa e elegante, virada de costas, chorando. O pobre rapaz junta-se à mulher e pergunta o que se passava, pensando que podia, finalmente, saber o que estava a acontecer com a sua vida; contudo, a mulher não falava, paralisada olhava para o nada. Com as notas no bolso, Joãozinho começa a ficar preocupado; faz tudo para ter a atenção da senhora; até que ela solta as suas primeiras palavras: “não há como sair daqui, estamos no inferno”. O jovem, sem entender o que se passava, pergunta-lhe a razão de ela ter afirmado tal coisa. A mulher responde que, brevemente, algo monstruoso, vermelho e com chifres, conhecido como diabo, irá ter com ele, podendo Joãozinho pedir um desejo. Influenciada pela ganância, a dama escolheu ter todo dinheiro que o diabo podia oferecer.

          De repente, o corpo do rapaz é arrastado pelas forças do mal para o meio do caminho; o Diabo aparece oferecendo um desejo. Desesperadamente, Joãozinho pede para sair dali, afirmando que não merece estar naquele torturante sítio. O diabo recusa-se, julgando o jovem pelo mal que causou na Terra, acusando-o de roubo. Justificando-se, o pobre rapaz, garante que roubava para poder ajudar a família, pois vivia  numa casa pequena e passavam fome. Por isso, queria, em primeiro lugar, ajudar os pais que sempre fizeram tudo por ele. O Diabo, comovido, torna-se piedoso e aceita o desejo de Joãozinho. Assim, ele volta à Terra, de mente e corpo, e acorda no caixão. Abre os olhos, vê os seus pais, desesperados a chorar, e logo se levanta, confortando-os.

          Daquele modo, Joãozinho torna-se o primeiro homem a sair do inferno e a voltar à vida.

Carlos Ferreira 11.º D

 

UM ENCONTRO COM O DIABO

 

     O literato e guarda-livros Emil Corian encontrou-se com o Diabo na noite de 14 de agosto de 1939. Não foi desagradável o colóquio entre ambos. Troca­ram impressões sobre o tempo, futebol, política, mu­lheres e comida. Exatamente como fariam dois amigos de longa data, ou dois desconhecidos que se tivessem interessado um pelo outro, por mero acaso, num bal­cão de taberna.

      A dada altura Corian admirou-se muito.

     ‒ Mas então o Diabo é isto? Perdoe. Não fazia ideia de que fosse alguém como o senhor!

    O Diabo não se ralou.

  ‒ Tenho sido sucessivamente diabolizado. Acredi­te, meu caro: não sou pior do que qualquer um de vós.

    Falaram de Fausto. Uma patranha! De D. Juan. Outra peta! Das tentações dos santos eremitas. Uma parvidade, à conta da carestia de proteínas e de esti­mulação sexual! Falaram da genesíaca contenda entre anjos bons e anjos maus. Pura iconografia, arte, igno­rância!

    De modo que no final da noite, Corian não teve dúvidas em considerar-se feliz por esta intimidade com o Príncipe das Trevas. Gostava especialmente do modo como ambos aligeiravam os assuntos e arrumavam co­pos de aguardente.

      ‒ Mas, e desculpe que lhe pergunte, o que veio fazer?

      O Diabo, no que aliás se mostrou bastante jovial, explicou-o, começando por mostrar um grande cansaço em relação ao mundo e ao ofício que lhe atribuem.

     ‒ Fujo, meu caro!

     ‒ Mas foge de quem? Foge de quê?

     ‒ Fujo da miséria dos homens!

     ‒ Como assim?

     ‒ Da vontade de me tornar um facínora!

  Não era fácil a sua existência. Tendo nascido da monstruosa imaginação humana, literalmente das ima­gens que pôde o cérebro humano efabular, em milénios de insaciável perversão, depressa se viu remetido aos ce­nários mais tortuosos, aos antros mais fétidos, aos co­vis mais sanguinários, desenhado com toda a espécie de protuberâncias e disformidades (chifres, asas de dragão, cauda em forma de serpente, pés em cunha, dentuça fe­lina), nutrido pelo prodigioso manancial de pesadelos e crendices que a linguagem dos livros aferrolha em crip­tas bolorentas. Fora trazido de geração em geração até aos dias mais recentes em pérfidas e anódinas expressões de sátira, culto ou exorcismo. Vivia de esmolas (vivera sempre!), da esmola do Mal! Nada tinha contra os ho­mens ou contra Deus. Assistia, com terrível resignação, ao papel que a humanidade lhe reservava, inculpado e culpável, imperdoado e imperdoável, gérmen de guerra, de pestes, de tormentos infinitos. Em suma, um bode ex­piatório, se alguma vez expiar pôde ou pudesse possuir algum significado!

     Emil Corian espantou-se. Com efeito, o Diabo não passava de um fantoche, de um títere na história huma­na. O Diabo suspirou.

    ‒ Com efeito, não passo de um bonifrate!

   Quis o primeiro demorar-se nisto. Como tinha sido possível tamanha mentira, tanta literatura, tão vasta ficção? O Diabo não sabia.

    ‒ O fim deste suplício estará a escrever-se agora. Julgo que em menos de um século, o Inferno terá fechado definitivamente as portas.

    ‒ O Inferno deixará de existir?

    ‒ Meu caro, o Inferno nunca existiu. Não esse de que querem todos distanciar-se!

    ‒ Mas, então, e os pecadores?

    Era opinião do Diabo que dentro de pouco tem­po, Freud ‒ ouvir-se-ia falar de Freud! ‒ havia de fechar com um grande letreiro o Inferno, tal como o concebeu a razão humana, para abrir-lhe portas mais profundas.

    O jovem guarda-livros, compreensivelmente, não foi capaz de entendê-lo. O Diabo sorria. O alívio fazia-o sorrir. Corian, por contágio, sorriu também. Não conhe­cia Freud. O Diabo declarou-lhe as benfeitorias da ciên­cia nova.

   Ao sexto copo de aguardente, o Diabo resumiu.

   ‒ Venho trazer-lhe a prenda de casamento!

   ‒ Como sabe que vou casar-me?

   ‒ Meu caro, nada escapa ao Diabo!

   ‒ Mesmo não passando o Diabo de uma falácia?

   ‒ As falácias são poderosas!

   ‒ E porque me presenteia?

   ‒ Porque nunca acreditou verdadeiramente na mi­nha existência!

   ‒ Mas se sou ateu!

   ‒ Por isso mesmo!

   ‒ Minha futura mulher é judia: rir-se-á desta aven­tura.

  ‒ Avizinham-se tempos poucos propícios ao riso…

   Corian maravilhou-se que em lugar de querer le­var-lhe a alma, o Diabo viesse trazer-lhe um presente.

   ‒ Não se admire tanto.

   ‒ Este é um acaso inesquecível!

   ‒ Brindaremos pela sétima vez. Depois sairei pela mesma porta por onde entrei. Virão ao seu encontro dois indivíduos. Um deles far-lhe-á uma proposta. Recuse-a. Saia sem demora do país. Leve Esther. Decida-se pelo desconhecido!

   ‒ Fala da América?

   ‒ Sabe bem que sim!

    Corian viu-se sozinho. Sentia-se ébrio e confuso. Uma mão calorosa bateu-lhe nas costas. Era Nicolae Pe­trescu, assistente do Professor Năstase. Vinha acompanha­do de Corneliu Adorjan, um reputado camisa verde. Tra­zia boas notícias. Corian fora aceite como professor auxi­liar no curso de Economia na Universidade de Bucareste. Corian escorropichou o pequeno copo. Sentiu-se estremecer. Sorriu. Não deitaria tudo a perder.

    ‒ A mim o Diabo não engana.

    Aceitou.

 

LOPES, João Ricardo – O Moscardo e outras histórias, Amarante: Gráfica do Norte, 2018, pp. 17- 21.

 

Porto, 14 de agosto de 1939

    Querido diário, 

    Cá estou eu! Mais um dia, frustrado com a minha própria existência por mais incrível que seja. Por todos me verem como um monstro, uma coisa horrível, medonha ou até assustadora como alguns me descrevem.

    Contudo, hoje, foi diferente, ou então pensei eu que seria. Hoje conheci um literato e guarda-livros, conhecido como Emil Corian, e até nos demos bastante bem: conversamos bastante sobre futebol, política, mulheres e também comida. Parecia que nos conhecíamos há anos, ou pelo menos ao tempo suficiente, para descobrirmos interesses em comum. 

    Até que certo momento, durante a conversa sobre diversos assuntos e alguns copos de aguardente, eu decidi desabafar, dizer o que me ia na alma. Para ser sincero, até não correu mal, ele pareceu compreender o que eu lhe estava a tentar dizer, o que  estava a tentar desabafar. Pois, mas não correu como eu pensava! Apesar de o avisar sobre os perigos que podia correr, ele não acreditou em mim, pensava que eram “coisas do diabo”, como as pessoas costumam dizer. 

    Enfim, hoje apercebi-me que não passo de um fantoche ou um bode expiatório em que ninguém acredita; um ser criado pela imaginação do ser humano. Esta é uma maldição que tenho de carregar comigo até ao fim dos meus tempos. Pois a vida é assim e eu tenho de aprender a aceitá-la tal como é. 

    Amanhã é um novo dia para a minha existência e nunca se sabe o que pode acontecer. 

                                                                                                         Diabo

Nádia Cunha  11.º D 

   

Santarém, 27 de agosto de 1939

       Querido Diário,

        Sinto-me vazio e desesperado. As pessoas apenas acreditam em lendas e nem se atrevem a aproximar-se de mim. São tudo lendas e mitos. Sim, fui desobediente, desrespeitei o meu pai, mas não criei os monstros, os psicopatas, os assassinos. Tudo o que fiz foi tentar ajudá-los, a esses e todos aos outros que necessitavam de mim e se sentiam perdidos.

        Parece que as pessoas, quando olham para mim, veem chifres, caudas, pés de cabra e sangue, muito sangue, mas não é assim que me vejo! Eu não sou assim.!? Sou um ser humano completamente normal.

        Com apenas um olhar, consigo perceber que estou a ser julgado e sinto que és o único com quem posso falar.

        Se bem que consegui falar com um homem, misterioso, porém, livre, pois não acredita em nenhum dos extremos, nem em Deus, nem no Diabo.

       Tentei ajudá-lo, mas não acreditou em mim. Já foi bom falar com alguém, mesmo que não confiasse em mim. Ando calado há muitos anos, não posso continuar a ser um exemplo de manipulação e desejo de matança e vingança. Sou o oposto. 

      Mais uma vez, recomeço a minha vida, noutro lugar, sempre na tentativa de alguém acreditar no que digo e no que faço. Terei de continuar neste mundo, mas não desistirei de encontrar alguém como eu ou que acredite em mim. Nem que vá até ao fim do Mundo.

                                                                       Até sempre, o teu desafortunado

                                                                                              Diabo

Lara Pereira 11.º D

 

        Paraíso Tórrido, 13 de um mês qualquer, ano indeterminado

           Querido Diário:

            O dia está encoberto, vejo as folhas a cair das árvores e a serem levadas lentamente pelo vento para um lugar afastado. Acontecimentos normais, num longo dia de outono.

            Na realidade, não tenho a certeza se devia estar a escrever mais uma página da minha vida! Afinal eu sou o Diabo e parece que tenho apenas de assustar, perseguir e aterrorizar pessoas. Escrever e ter um diário talvez seja apenas para os “bons”, ou para aqueles que o fingem ser. Que loucura, o Diabo escrever e ter tempo para ler!!?

            Uns dias passaram desde que o temível e assombroso Diabo tentou ajudar alguém. Desculpa, queria dizer manipular. Às vezes, confundo as palavras. Eu sou o Diabo e jamais ajudaria alguém.

            Na verdade, creio que estou apenas a fazer um desabafo, a expor num papel os meus sentimentos. Ah! Mas que praga! O Diabo não tem sentimentos. Do que estou eu a falar? Que estupidez.

            Mas não te preocupes, o Diabo vai continuar a ser o mesmo. Afinal, ele não pode mudar a opinião de cada um sobre ele. Apenas vai aguardar que, um dia, talvez não muito distante, alguém acredite e conheça a verdadeira essência do Diabo.

                                                                                  Até um dia menos desditoso

                                                                                  Do teu infernal

                                                                                              Diabo

Inês Rodrigues 11.º D

 

 

Porto, 15 de agosto de 1939

    Caro Diário,

   Ontem foi um dia difícil, não que os restantes não o tenham sido, mas este destaca-se. 

    Sou julgado pelos olhos de quem me vê, associado a tudo o que acontece de mal, sirvo de desculpa para o que está errado e, por isso, sou deixado de lado. À minha figura são associados lendas e mitos que, por sua vez, mantêm as pessoas afastadas e isoladas no medo e na mentira. Eu sei que o meu passado não foi o melhor, Se nem o meu pai era perfeito, então por que motivo teria eu de ser?! Agi da pior maneira ao desobedecer-Lhe. Contudo, o sentimento de que estava a fazer o que estava correto prevaleceu e, por isso, fui enviado para o mundo dos mortais. Já fui como todos os meus irmãos, mas, por alguma razão, as pessoas veem algo fora do comum: chifres curtos, caudas pontiagudas, pés de cabra e uma cor vermelha do mesmo tom que o sangue. Embora estes sejam os seus testemunhos, sou um ser humano como outro qualquer. Toda a minha vida, neste mundo, foi observada, sinto que a qualquer momento estou a ser julgado ou responsabilizado por aquilo que não fiz. 

    Recentemente conversei com um homem, misterioso e de mente aberta. Este indivíduo não era crente nem em Deus, nem no Diabo. A este homem ofereci ajuda que foi rejeitada, pois o homem não acreditou em mim, como qualquer outro neste mundo.

    Hoje traço um limite a tudo isto, estou cansado de ser o dito Diabo – maléfico e dono dos infernos. Só quero que todos me tratem da melhor forma, pois este ser vermelho, que todos temem, não representa o que eu sou. Infelizmente, terei que viver com esta imagem até ao fim dos meus tempos e, portanto, tu serás o único que não me pode julgar, és o meu confidente e por isso estou-te grato.

                                                           Do teu infernal e descrente

                                                                      Diabo

Tiago Pinto

 

Porto, 13 de outubro de 1939

           Querido Diário,

 

            A minha vida não é fácil. Nasci como uma aberração, fruto da imaginação das pessoas. Uma criatura invulgar que preza o mal e, sempre que acontece algum acidente, culpam-me a mim. Como costumam dizer: “É obra do Diabo”. 

            De facto, sou apenas um fantoche controlado pela mente das pessoas. Aos olhos de muitos sou uma besta, tenho asas de dragão, chifres, cauda de serpente, dentes afiados, pés em cunha; um completo animal à vista dos muitos que acreditam que eu existo. No entanto, sou apenas uma pessoa comum, igual aos outros. Fico frustrado com a mentalidade das pessoas, tão pequena ao ponto de esta fantochada ter sido passada de geração em geração. Sou culpado por tudo: guerras, pestes… e até mesmo remetido aos cenários mais sanguinários e tortuosos. 

            Definitivamente, a minha existência não é fácil! As pessoas pensam que sou como um bode expiatório. Como se alguma vez expiar os pecados dos outros fosse trazer algo significante para a minha vida! Sou um ser normal e gostaria que me tratassem como tal: sem julgamentos, olhares ou pensarem que lhes vou fazer alguma coisa de mal. Pelo menos, consegui conversar com alguém, com uma única pessoa. No entanto, só o consegui fazer, porque ele não é como os outros. Não acredita em Deus nem no Diabo, por isso, pela primeira vez, consegui conversar como uma pessoa normal! Estive cara a cara, sem pensar que vinha trazer azar à sua vida. Porém, o que é bom dura pouco! Não posso ser visto à frente dos outros que acreditam que eu trago algo de mau à vida deles. Portanto, não posso ficar o tempo que eu quiser.

            Infelizmente, a minha vida é assim. Desenhada na mente das pessoas e sendo levada de geração em geração. Quando vão aceitar que sou igual a eles? Duvido que o façam! Uma vez entrada na cabeça das pessoas e passado por diversas gerações, um preconceito, uma imagem nunca vai sair da cabeça deles. Por essa razão, nunca vou ser considerado como um deles. Miseravelmente, tenho que viver e enfrentar este destino que foi traçado até ao final da minha vida.

 

                                                                                                          Do teu inconsolável

                                                                                                                     Diabo

Inês Ribeiro 11.º D

 

12.08.1939

    Querido diário, sabes… 

    Não, espera. Isto parece piroso, deixa-me recomeçar. 

    Como é suposto um diabo escrever um diário? Estou tão habituado a que me vejam como alguém sem sentimentos, alguém mentiroso e sem qualquer tipo de empatia, que, agora, que pretendo escrever como me sinto para demonstrar como eles estão errados, não sei nem como começar, que irónico!

    O meu nome já nem parece ter impacto algum, sabes? Roda de boca em boca com uma naturalidade e rudez que eu nunca pensei que alguma vez tivesse.

    É até engraçado como os humanos gostam de me culpar por algo negativo! Eu, na realidade, não mexo um dedo, não preciso. Os humanos são egoístas e egocêntricos e isso já chega para que não pensem duas vezes no que falam ou dizem; quando sofrem as consequências, admiram-se. Eu castigo, sou eu realmente o errado na história? 

    O meu real objetivo é trazer à tona a verdadeira personalidade da pessoa. Que culpa tenho eu, se essa pessoa é impura? 

    Por que tenho de ter as costas largas e aguentar com as críticas, quando eles é que são os errados? Queria saber como se sentiriam se vivessem na minha pele.

                                                                                              Do teu miserável

                                                                                                          Diabo

                                                                                                                          

Beatriz Santos 11.º D

                                                                                 

        

                                                    Dia #23

            Diário,                                                                                          

         Sei que já não escrevo aqui há anos, mas já há algum tempo que acumulo sentimentos e frustrações dentro de mim e hoje decidi libertar algumas delas.

       Considero-me um tanto calmo e “clássico”, por vezes, manipulador, claro, mas isso não deveria afetar a veracidade das informações ou profecias que passo às pessoas. Há dias, tentei avisar um homem num bar de um dos eventos mais importantes da história e passei por lunático, um total maluco!  

       Lá estava eu, com o meu copo de whiskey (como é que alguém é capaz de duvidar de alguém que tem whiskey como bebida de preferência??!), sentado ao balcão, enquanto conversava com o indivíduo. No final, o tal teve a audácia de não acreditar no que eu disse!!! Não foi a primeira vez que algo do género aconteceu e certamente não será a última! Porém, esta estará no topo daquelas que mais me irritaram até agora. 

      Enfim, um dia tudo vai mudar. Ou eu vou mudar? Por enquanto sigo esta vida de malfeitor e de “o Diabo obrigou-me 🙁 !!!”.

                                                                             Até à próxima vez, seja ela quando for…

                                                                                                       Do miserável Diabo 

Eduarda Rocha 11.º D

 

4 de setembro de 1939

 

    Meu maléfico diário…

    Dia 14 de agosto, tentei ajudar um cavalheiro a salvar a sua amada, mas, devido à ideia errada que ele tem sobre mim, não acreditou.

    Hoje ele está a combater e irá perder a família e a própria vida na guerra.

    Às vezes, só queria que as pessoas me dessem a oportunidade de me dar a conhecer para verem que eu não sou aquele diabo que eles pensam. A única igualdade que eu tenho com esse diabo da imaginação deles são os cornos, os pés de cabra e a minha cauda porque, de resto, eu sou muito diferente.

    Eles julgam que eu sou mau, porque foi isso que lhes ensinaram, mas isso não corresponde à verdade. Na realidade, eu creio que, por vezes, sou melhor do que certos humanos, porque não levo ninguém para a guerra para perder a família e a própria vida.

    Eu tento sempre ajudar, mas nunca ninguém me dá ouvidos. Só espero que, um dia, eles mudem a sua ideia sobre mim e me vejam tal como eu sou.

 

                                                                                Obrigado, por me ouvires maléfico!!

                                                                                             Do teu miserável

                                                                                                             Diabo

Fabiana Guedes 11.º D