O grande e gordo gato de Uppsala
Não era mero felino de sala
E com os donos foi viajar
Pois por eles devia zelar.
Partiram os três para Estocolmo,
Deixando a sua casa de colmo,
Para o belo Vasa admirar
Antes de o lançarem ao mar.
Navio potente como aquele
No mundo não havia igual
Era o orgulho de toda a gente,
Naquele feliz reino distante,
De terras frias e branco luar.
Após cinco dias a andar
E temível fogo enfrentar,
Finalmente se foram sentar,
Às portas da bela capital.
Enquanto o casal aguardava,
No meio de vasta multidão,
A partida do que se considerava
A obra-prima da nação,
O gatito, de natureza curiosa,
Resolveu saltar para o chão.
E, num piscar de olhos,
O seu pequeno cesto deixou,
Silenciosa e sorrateiramente,
Na grande cidade se aventurou.
Donos, aconchego e segurança,
Isso tudo ficou para trás,
Pois foi mais forte a sua vontade
De correr em plena liberdade
Pelas ruas daquela cidade.
Ao aperceberem-se da falta
Do pequeno e querido animal,
Entraram os donos em pânico,
Esquecendo navio e viagem inaugural.
Após correria desenfreada,
E horas de sofrida incerteza,
Exaustos e de alma pesada,
Só lhes restava a tristeza.
Com lágrimas nos olhos
E amargura no coração,
Voltaram ao ponto de partida,
Ao ouvirem o ribombar do canhão.
No porto reinava a euforia,
A desordem e a agitação,
Tudo envolto numa gritaria
Que emanava da multidão.
No meio daquele alvoroço
Que lhes causava confusão,
O bichano foram encontrar
No seu cestinho a ressonar.
O grande maroto voltara,
Como se nada se passara,
E o seu ronronar inocente
Contrastava com a tragédia
Que assolaria aquela gente.
De facto o navio poderoso,
Grande, seguro e tão formoso,
Pelo rei mandado construir,
Na água não soube fluir,
E mal rajada de vento soprou,
Indesejavelmente baloiçou.
Sem que ninguém o esperasse
Sobre o costado esquerdo se inclinou
E em menos de dez minutos,
No porto de Estocolmo se afundou.
Muitas das gentes que embarcaram
No negro das águas ficaram,
Outras agarrando-se à vida,
Com muita força bracejaram,
E ao abismo do mar escaparam.
Pelo gato ter deambulado
Nenhum dos três morreu afogado
Quando a imperfeita nau alagou
No dia em que no mar se estreou.
Foi assim que um simples gato,
Sem nome e sem recato,
Os seus donos salvou da morte
E lhes trouxe grande sorte.
Este gato bem-aventurado,
Que de Uppsala viajou,
É o herói de uma história
Que Cristina tão bem contou.
Poema coletivo elaborado pela turma do 6.º A