Os alunos receberam com entusiasmo a escritora Cristina Carvalho, tendo realizado nas aulas de Educação Visual, da professora Rosário, desenhos alusivos à obra lida
Os alunos receberam com entusiasmo a escritora Cristina Carvalho, tendo realizado nas aulas de Educação Visual, da professora Rosário, desenhos alusivos à obra lida
Sempre que recebemos na nossa escola um(a) escritor(a), habituámo-nos com os nossos professores a recebê-los bem. Por isso, preparámo-nos o melhor possível.
Nesse dia, 14 de janeiro, no auditório grande, foi a vez de Cristina Carvalho, filha de Rómulo de Carvalho/ António Gedeão vir à nossa escola. Recebemo-la com leituras, música, ilustrações, versos soltos, perguntas … e muitos aplausos.
Estávamos muito ansiosos, até nervosos com o aproximar da hora. Não sabíamos muito bem como tudo iria correr! Mas, tudo correu como o previsto. A escritora ficou muito contente da forma como as turmas de 6º, 7º e 8º anos conheciam o seu “ O gato de Uppsala” e nós ficamos a saber mais sobre a sua obra.
No final, a Banda Sem Nome (ainda), do Projeto “Sim, somos capazes” voltou a presentear-nos com a sua atuação. Seguiu-se a sessão de autógrafos e a oferta à escritora de um retrato de seu pai, feito por uma aluna de Artes.
Este dia ficará na nossa memória por tudo aquilo que fizemos, vimos e ouvimos.
Texto 6ºF
O Cinema Chama Por Ti!
No dia 16 de janeiro, recebemos, na nossa Biblioteca Escolar, a visita de um grupo de crianças do JI de Ribes! Em articulação com o projeto “Na Senda Dos Contos”, escutaram a história “Os Ovos Misteriosos” de Luísa Ducla Soares, contada por alunos da turma 10ºA. Seguidamente, apresentaram algumas impressões sobre a narrativa destacando uma personagem muito especial – uma galinha que cuida com muito carinho de todos os filhos, aparentemente diferentes… O reconhecimento da diversidade cultural e a sua valorização através da construção de sentimentos de solidariedade, amizade, partilha e cooperação foram graciosamente descobertos por estas crianças perspicazes. Prosseguimos o caminho da (re)descoberta destes valores humanos com o visionamento da curta-metragem de animação “Piper” de Alan Barillaro, que consta do Plano Nacional de Cinema (PNC). Associamos, assim, mais uma vez, a leitura e a cultura fílmica tentando despertar o gosto destas duas formas de saber… e de prazer! Alguns trabalhos serão posteriormente, publicados, aqui, no blog “Expresso Jovem”!
O grande e gordo gato de Uppsala
Não era mero felino de sala
E com os donos foi viajar
Pois por eles devia zelar.
Partiram os três para Estocolmo,
Deixando a sua casa de colmo,
Para o belo Vasa admirar
Antes de o lançarem ao mar.
Navio potente como aquele
No mundo não havia igual
Era o orgulho de toda a gente,
Naquele feliz reino distante,
De terras frias e branco luar.
Após cinco dias a andar
E temível fogo enfrentar,
Finalmente se foram sentar,
Às portas da bela capital.
Enquanto o casal aguardava,
No meio de vasta multidão,
A partida do que se considerava
A obra-prima da nação,
O gatito, de natureza curiosa,
Resolveu saltar para o chão.
E, num piscar de olhos,
O seu pequeno cesto deixou,
Silenciosa e sorrateiramente,
Na grande cidade se aventurou.
Donos, aconchego e segurança,
Isso tudo ficou para trás,
Pois foi mais forte a sua vontade
De correr em plena liberdade
Pelas ruas daquela cidade.
Ao aperceberem-se da falta
Do pequeno e querido animal,
Entraram os donos em pânico,
Esquecendo navio e viagem inaugural.
Após correria desenfreada,
E horas de sofrida incerteza,
Exaustos e de alma pesada,
Só lhes restava a tristeza.
Com lágrimas nos olhos
E amargura no coração,
Voltaram ao ponto de partida,
Ao ouvirem o ribombar do canhão.
No porto reinava a euforia,
A desordem e a agitação,
Tudo envolto numa gritaria
Que emanava da multidão.
No meio daquele alvoroço
Que lhes causava confusão,
O bichano foram encontrar
No seu cestinho a ressonar.
O grande maroto voltara,
Como se nada se passara,
E o seu ronronar inocente
Contrastava com a tragédia
Que assolaria aquela gente.
De facto o navio poderoso,
Grande, seguro e tão formoso,
Pelo rei mandado construir,
Na água não soube fluir,
E mal rajada de vento soprou,
Indesejavelmente baloiçou.
Sem que ninguém o esperasse
Sobre o costado esquerdo se inclinou
E em menos de dez minutos,
No porto de Estocolmo se afundou.
Muitas das gentes que embarcaram
No negro das águas ficaram,
Outras agarrando-se à vida,
Com muita força bracejaram,
E ao abismo do mar escaparam.
Pelo gato ter deambulado
Nenhum dos três morreu afogado
Quando a imperfeita nau alagou
No dia em que no mar se estreou.
Foi assim que um simples gato,
Sem nome e sem recato,
Os seus donos salvou da morte
E lhes trouxe grande sorte.
Este gato bem-aventurado,
Que de Uppsala viajou,
É o herói de uma história
Que Cristina tão bem contou.
Poema coletivo elaborado pela turma do 6.º A
A escritora Cristina de Carvalho esteve na nossa escola, numa sessão literária dinamizada por quatro turmas e respetivos docentes de Português, centrada no seu livro “O gato de Uppsala”, em articulação com a biblioteca escolar.
Esta atividade procurou celebrar a leitura como ato comunicativo, de liberdade e de criação, um espaço de encontro, criativo e inclusivo. A promoção da leitura saiu deste encontro literário certamente reforçada.
Os alunos apresentaram recriações da obra, da poesia à dramatização, a que se juntaram a música e a arte, com a exposição de diversos trabalhos dos alunos muito apreciados pela autora. As intervenções de todos os alunos foram extraordinárias, deixando a escritora visivelmente comovida e encantada com as atividades promovidas.
Cristina de Carvalho, filha do professor e poeta Rómulo Carvalho (António Gedeão), é uma autora com uma vasta obra: 18 livros já publicados, dos quais oito têm a chancela de qualidade do Plano Nacional de Leitura. A sua obra está traduzida em inglês, francês e italiano e foi publicada pela Editora Sextante/Porto Editora, Planeta Manuscrito, Relógio de Água e Edições Parsifal.
Com a sua obra “Olhar e a Alma, romance de Modigliani”, obteve o Prémio Sociedade Portuguesa de Autores / RTP em 2016 e nas palavras de agradecimento que proferiu por essa distinção, dedicou também o prémio a todos os professores e alunos de todas as escolas que percorreu em Portugal e no estrangeiro.