A afirmação de José Jorge Letria – «liberdade é, antes de mais nada, o respeito pelos outros e o respeito que os outros nos devem em função os nossos direitos» – surge como pretexto para algumas reflexões sobre esse valor universal
LIBERDADE
Artur Pereira, 12.ºA
Quando eu era pequeno, liberdade era poder ver televisão até tarde e comer chocolate todos os dias. Sentia-me aprisionado pelas regras dos meus pais, então, ser livre era ver-me livre delas. Mas, ao longo do tempo, o conceito de liberdade tem transcendido dentro de mim, até que se tornou impossível de compreender.
O que somos nós? Criaturas que só podem viver num planeta, dos infinitos que existem; criaturas que só conseguem aceder a uma parte restritíssima do espetro da luz e som; criaturas que vivem em corpos com muitas exigências, como comer e dormir. É impossível chamar livre a algo que existe neste contexto tão pequeno.
E, como se isso não bastasse, nós aprisionamo-nos ainda mais. Inventamos culturas que nos prendem dentro de padrões, como a monogamia, trabalho, escola, família ou religião. Para além de termos de seguir as regras da sobrevivência, ainda somos ensinados a viver. Mas o maior atentado à liberdade pela cultura é a linguagem, a categorização de tudo em desenhos. Pensemos, por exemplo, em «maçã». Aparentemente, todos sabemos o que é uma maçã? Mas eu discordo. Eu não consigo aceder a toda a realidade de uma maçã. Mesmo com mil câmaras, há sempre infinitas possibilidades inexploradas. Quando é trincada, com o passar do tempo, a sua cor muda e oxida, os triliões de átomos que a constituem estão em constante alteração. E toda esta realidade surge categorizada apenas em símbolos que, no nosso cérebro, fazem todo o sentido. E onde é que estaríamos sem a cultura? Estaríamos mais livres. Ou, pelo contrário, tudo seria um caos? Não sei.
Eu imagino a liberdade como o nada, e, nesse nada, eu entraria em pânico. Sem cima, nem baixo, sem forma ou gravidade, se surgisse uma linha, eu ficaria mais descansado, faria dela o meu chão e já tinha os pés assentes. No entanto, deixaria de ser livre!
Então talvez regras e realidade restrita seja algo bom, pelo menos temos algumas certezas, conseguimos viver e, embora a nossa liberdade seja pouca, conseguimos fazer muitíssima coisa com ela.
Clara Carvalho, 12.ºA
Liberdade, apenas uma palavra com nove letras, é, para mim, depois do amor, o sentimento mais importante no ser humano. Liberdade, é a base das nossas vidas.
Quando eu era pequena, a minha mãe dizia-me: «A tua liberdade acaba quando a dos outros começa». Sinceramente, eu ainda não consigo explicar concretamente o que isso significa, mas, pelo pouco que entendo, a liberdade é algo que provém da mutualidade entre os seres humanos. Acredito que cada um de nós deve viver a sua própria vida da maneira que deseja, livremente, desde que não invada a vida do outro, que está também a viver a sua vida. Penso que os nossos direitos e deveres são um bom exemplo para ilustrar isso. Em Portugal, todas as crianças têm o direito de ir à escola. Se, porventura, os pais de uma criança do primeiro ciclo não a quisessem levar à escola, simplesmente porque queriam ficar a dormir mais umas horas, esses pais estariam a pôr os seus interesses pessoais à frente dos direitos da criança privando, assim, a sua liberdade.
Por outro lado, cada um de nós é livre para pensar no que quiser e bem entender, contudo nem sempre somos livres para o dizer. O que eu pretendo comunicar é que, por vezes, muitos de nós fazemos comentários desnecessários, em que insultamos ou desprezamos as pessoas. Isto é nada mais nada menos que desrespeitar o outro e, consequentemente, tirar-lhe a respetiva liberdade. Tal como José Jorge Aletria diz, a «liberdade é, antes de mais nada, o respeito pelos outros e o respeito que os outros nos devem em função os nossos direitos».
Em suma, a liberdade é um passo para a felicidade, uma vez que consiste na cooperação com os outros, incluindo o respetivo respeito.
Clara Filipa, 12.ºA
Liberdade pode apresentar vários significados e gerar pontos de vista completamente diferentes a seu respeito. Para muitos, liberdade é não estar preso, para outros, é a ação de se conseguirem expressar sem medo. Para mim, ter liberdade é não ter medo de viver.
Liberdade! Será que todos se sentem livres? Ou será que mesmo tendo liberdade, algumas pessoas se sentem sufocadas pelo medo?
Hoje em dia, olhando para a história do passado, liberdade é não ser escravizado, é poder ser o que se quiser e seguir uma determinada religião, sem que alguém nos castigue por isso. Mas o medo…o medo faz com que a liberdade pareça nula.
Como adolescente do século XXI, posso considerar-me parcialmente livre, mas nunca serei totalmente livre, enquanto viver com medo. Medo esse que não é do escuro, não é de fantasmas, mas é um medo gigante das pessoas que formam a nossa sociedade. Só irei mudar e tornar-me livre quando não tiver medo de andar sozinha; só serei livre quando me sentir segura para usar uma saia sem medo do que possa acontecer; só me sentirei livre quando puder deixar de olhar por cima do ombro na rua.
Do meu ponto de vista, liberdade significa ser livre de medos e receios, é poder ter opiniões, crenças religiosas, voz na sociedade. Todos temos deveres e direitos, toda a gente tem o direito à liberdade e o dever de não interferir com a liberdade do outro. Porque a liberdade é como um isolamento, eu tenho o direito de a ter (mantendo-me no meu espaço) e tenho o dever de não me intrometer na do outro (não se pode invadir um isolamento que já pertence a alguém). As pessoas devem sentir-se livres e dar espaço para que os outros também se sintam soltos das amarras que os impedem de voar.
Em modo de conclusão, para ser livre é necessário viver sem medo do que se pode encontrar ao virar da esquina; e o dever de cada um é não se colocar ao virar da esquina.
Catarina Ferreira, 12.º A
A liberdade é algo que faz parte de cada um de nós por direito. No entanto, acredito que «a nossa liberdade termina quando a do outro começa», provando que o respeito é essencial para todos podermos usufruir desse direito.
Considero que a nossa liberdade, muitas vezes, acaba por desaparecer nas coisas mais simples, como em decidir o que vamos vestir quando saímos à rua. Claro que, na nossa sociedade, podemos vestir e usar o que queremos, porque temos liberdade para isso. Porém, o respeito que os outros deviam ter por nós nem sempre está presente. Os comentários negativos, por vezes, escondem-se por trás da chamada «liberdade» e da frase «Estou apenas a dar a minha opinião». Assim, acredito que a liberdade é usada, muitas vezes, como desculpa para atitudes negativas, contrariando a sua essência.
Por outro lado, a nossa liberdade é sempre fundamental, nem que seja para nos sentirmos melhores com nós mesmos e também para nos sentirmos mais importantes. No dia a dia, algumas das nossas opiniões podem ser desvalorizadas ou podemos acreditar que nem devemos falar o que pensamos, porque não vamos ser ouvidos. No entanto, acredito que há sempre situações que nos ajudam a perceber que aquilo que nós pensamos será valorizado. Por exemplo, em situação de trabalho, a opinião do trabalhador pode não ser a mais relevante para o chefe, mas para os amigos e família, a nossa ajuda é sempre importante e, por isso, a nossa liberdade de expressão não é posta em causa e não há espaço para o desrespeito.
Em suma, para mim a liberdade é sinónimo de ouvir e ser ouvido, de respeitar a opinião dos outros e de ser respeitado também. Acredito que este direito deveria ser mais valorizado, porque é ele que nos pode levar a alcançar tudo o que queremos.
Eva Saraiva, 12.º A
Quando pensamos em liberdade, metaforicamente, associamos o vocábulo a cores como o branco ou o vermelho e a conjuntos de pessoas a lutar pela mesma causa. Se formos realistas e refletirmos, quando pensamos em liberdade, vem-nos ao pensamento tudo a que temos direito, mas pouco nos lembramos dos nossos «deveres».
A meu ver, o conceito de liberdade deve, então, ser um espaço aberto ao equilíbrio entre os direitos e os deveres, postos no mesmo nível. Por exemplo, várias vezes por ano, ouvimos nas notícias que diversos setores de uma empresa fazem greve, ou seja, lutam pelos seus direitos, mas estarão essas pessoas a cumprir os seus deveres? Outro exemplo, até bastante simples de compreender, relaciona-se com os casais, em que o homem tem, aparentemente, o direito de sair e a mulher, o «dever» de se manter em casa. O facto de o homem usufruir apenas dos seus direitos condiciona de forma grave a liberdade da outra pessoa em causa. Por isso, encontrando o equilíbrio entre direitos e deveres, obtém-se a liberdade, sendo preciso saber usufruir dela.
Por outro lado, as pessoas podem ser livres de fazer o que querem, todavia, não o fazem, porque reprimem certas vontades. Por este motivo especificamente, eu penso que, para sermos totalmente livres, teríamos de nos livrar de vários julgamentos e é, aqui, que voltam a entrar os deveres.
Para terminar, acrescento apenas que, para sermos livres, temos de proporcionar liberdade ao outro de igual forma, para sermos livres temos de poder cantar em frente a uma plateia ou não deixar de vestir o que gostamos, só porque o outro não gosta.
Rita Machado, 12.ºA
A liberdade de cada ser humano tem vindo a aumentar ao longo dos tempos, mas, infelizmente, nem todos a conseguem alcançar.
Durante estes últimos meses, pudemos observar, principalmente através das notícias, o que se está a passar no Irão. Mulheres são presas e mortas por não usarem uma peça de vestuário, o hijabe. Durante os últimos meses, esta imposição levou a grandes manifestações, não só no Irão, mas também à volta do mundo. Pretende-se que as mulheres, nesse país, possam finalmente alcançar a liberdade de escolha, depois de tantos anos a serem forçadas a usar o hijabe. Outro exemplo que é importante mencionar é o que está a acontecer nos Estados Unidos da América este ano. Um país considerado desenvolvido, mundialmente conhecido e respeitado por políticos e cidadãos à volta do mundo, decidiu ilegalizar o aborto. É preocupante que, em pleno século XXI, ainda estejamos a debater e a questionar um direito e a liberdade das mulheres.
Na minha opinião, a liberdade não depende só do país onde vivemos, das leis que os nossos políticos fazem, também depende da sociedade onde nos inserimos. As ditas “minorias” do mundo dificilmente conseguirão, pelo menos a curto prazo, alcançar o mesmo grau de liberdade que está ao alcance das restantes.
Para concluir, «A liberdade é, antes de mais nada, o respeito pelos outros e o respeito que os outros nos devem em função dos nossos direitos». Isto significa que, enquanto não nos respeitarmos, nunca conseguiremos alcançar a liberdade para os 8 biliões de pessoas que existem no mundo.