“Se a pedra lançada tivesse consciência do seu movimento, e da sua tendência a perseverar no movimento, julgar-se-ia livre, na medida em que ignoraria o impulso que produziu o seu movimento, que determinou de uma certa maneira a sua faculdade de estar em movimento ou em repouso”.
Espinosa
Sabemos que Espinosa é um determinista radical, pois não concorda que haja, de facto, livre-arbítrio. Outros filósofos defendem outras posições: os libertistas defendem o livre-arbítrio e os deterministas moderados ou os compatibilistas defendem o compatibilismo do determinismo e do livre-arbítrio. Mas qual deles, afinal, tem razão? Eu penso que todos têm um ponto de vista e todos merecem ser respeitados, mas também contrariados.
Sabemos que um determinista radical defende que o ser humano não é mais que um ser no meio da natureza, um ser que já está determinado e que não pode fazer nada para o evitar. Para Espinosa, o ser humano até é comparado a uma pedra, demonstrando-nos assim que um determinista radical acredita que um ser humano não é mais do que um objeto no meio de muitos, como as pedras e os animais.
Eu não concordo com os deterministas radicais mas também não concordo com os libertistas. Os libertistas, para contrariar os deterministas radicais, recordam o facto de o ser humano ter consciência e liberdade para escolher as suas ações. É uma boa objeção, mas não acredito que seja o suficiente para contrariar um verdadeiro determinista radical.
Cada um tem o seu ponto de vista e cada um tem razão naquilo que diz. Eu acredito que estamos determinados, mas também temos liberdade para escolher. Eu não sou determinista radical, pois nunca vou comparar um homem a uma pedra; apesar de tanto a pedra como o homem terem um papel muito importante na natureza, os dois são muito diferentes, pois ao contrário da pedra, o homem tem consciência dos seus atos e das suas ações, antes e depois de as fazer.
Em suma: nós devemos ter liberdade o suficiente para escolher o que somos, porque se pensarmos bem, no final de contas, nós podemos escolher ser determinados ou determinar o nosso futuro. Para escolher se somos deterministas radicais, compatibilistas, ou libertistas, temos de ver o que está na nossa natureza, ver todas as opções e escolher aquela que para nós é a que faz mais sentido. Mas, antes de escolher, temos que analisar cada opção o melhor que conseguirmos, que é para mais tarde não nos arrependermos de ter escolhido a corrente errada. Admiro muito cada corrente, admiro a sabedoria de cada filósofo das diferentes correntes, pois realmente é muito difícil conseguir defender uma corrente com tantas objeções que por vezes até fazem sentido, mas o filósofo mantém a sua ideia e não a vai mudar por nada e eu penso que isso é mais importante que qualquer outra coisa.
Francisco Rocha, 10.º A, n.º 11.