Não, não quero despedidas!
“Todo o cais é uma saudade de pedra”
Que não rima com a liberdade,
Que leio no vosso olhar imprevisto.
Não, não quero despedidas!
Embaraços junto ao cais…
Embarcarei sem que o saibais
Nas viagens prometidas.
Não, não quero despedidas!
Só o meu corpo que pesa e me sobra
Ficará de pedra neste cais.
O outro?
O etéreo?
Partirá na asa de um qualquer pássaro,
Será vela em mastro desfraldada,
Sempre amarra lassa junto ao cais.
Não, não quero despedidas!
Serei eu, ainda no convés da vossa vida,
Nas velas livres do pensamento
Em cada Mostrengo vencido,
Em cada Nova Índia por achar.
Não, não quero despedidas!
Viverei no sal da vossa pele,
Nos risos e segredos pressentidos.
Viverei na vossa rebeldia,
Em cada gesto fraterno
Em cada palavra-arma
Em cada grito não contido.
Na celebração do amor
Na luz branca das manhãs
E até nos Adamastores,
Que certamente enfrentareis,
Serei ainda eu…
Seremos todos nós…
Quem vos ensinou
A coragem,
A perseverança,
A solidariedade,
A partilha,
A justiça,
A conquista,
O descontentamento,
A liberdade,
A humildade,
A alquimia do amor…
Não, não quero despedidas!
Serei asa, vela, amarra lassa,
Ou qualquer outra metáfora…
Tão-somente uma gaivota
Que eternamente repousa
Na asa do vosso olhar…!
Clara Faria
Crianças, que todos e cada um seja um contributo valioso na transformação do mundo em que vivemos!