Alunas do 10.º C escrevem sobre… Fernão Lopes!

      «Fernão Lopes, cronista da nua verdade, homem para muito – digo eu, neste tempo de tão pouco.»

                José Saramago, «A nua verdade», in Deste Mundo e do Outro

Tendo percebido nele um «homem para muito», as alunas do 10.º C escrevem sobre…

Fernão Lopes!

 

O Espelhar de Emoções

   Ao escrever o Capítulo XI da «Crónica de D. João I», Fernão Lopes retrata a revolta do povo lisboeta perante a ameaça à vida do Mestre de Avis.

   Circulando o rumor de que a rainha D. Leonor teria ordenado a sua morte, o povo acode. No entanto, era D. João que matava o Conde Andeiro, saindo, no fim, como vítima aos olhos daqueles que o defendiam. O cronista descreve-nos, com todo o pormenor, este episódio e o plano traçado por Álvaro Pais.

   Tendo o elemento coletivo como peça fundamental da narrativa, o escritor relata os acontecimentos de uma forma cinematográfica. Ao recorrer às sensações auditivas e visuais e às interjeições, faz-nos sentir que vivemos a ação na primeira pessoa. Considero, ainda, que a ênfase dada à personagem coletiva é o que o distingue dos restantes escritores, daquela e de outras épocas.

   Podemos concluir que é a escrita com dinamismo, visualismo e coloquialismo de Fernão Lopes que torna este capítulo tão cativante.

  Beatriz Barros Duro, 10.º C

 

Sem Querer, Fazendo

   Fernão Lopes foi o primeiro grande cronista e prosador português. É merecedor deste título pela sua escrita cinematográfica, inovadora e repleta de sensações.

   Na «Crónica de D. João I», vemos, ouvimos, sentimos… como se lá estivéssemos; e isto deve-se à sua escrita: ao diálogo com o leitor, à pontuação expressiva, às sensações visuais e auditivas que nos transportam para o ambiente da ação.

   Além disso, há uma grande imparcialidade na sua escrita. O cronista valoriza os mais esquecidos, as massas, o Povo de Lisboa. A glorificação é a forma de nos lembrar que o povo foi o ator principal da revolução.

  Em suma, Fernão Lopes escreveu e inovou, esteve à frente do seu tempo. As suas crónicas são não só a glorificação do povo, mas também da escrita portuguesa.

Beatriz Maria Peixoto Gomes, 10.º C

 

Rebelião pela Pátria

   No Capítulo XI da «Crónica de D. João I», escrita por Fernão Lopes, evidencia-se uma ação com marcas cinematográficas e com muito realismo, sobre o alvoroço criado na cidade de Lisboa depois da morte do Conde Andeiro e do aparecimento do Mestre como salvador da pátria.

  Fernão Lopes é um homem “à frente do seu tempo”, ele escreve e retrata os acontecimentos como ninguém antes fizera. Ao lermos a Crónica, deparamo-nos com imagens visuais e auditivas que nos levam até ao tempo longínquo da crise de 1383-1385. Nesse Capítulo, o protagonista é o Povo de Lisboa, pelos sentimentos de amor e fidelidade ao Mestre e pela fúria e vontade de vingança perante a rainha. “As gentes” unir-se-ão num ato de patriotismo para defender o Mestre de Avis. Com persistência e desejo de que Portugal “seja de quem cá vive”, fazem esta revolução, revelando a sua grandeza e terribilidade.

   Para mim, este momento marca a importância do povo numa rebelião, na luta pela sua independência e pela sua pátria, detalhadamente contada por este escritor, Fernão Lopes.

Fátima Cristina Neivas Dias, 10.º C

 

A Beleza na Escrita de Fernão Lopes

   No famoso capítulo XI da «Crónica de D. João I», Fernão Lopes narra o caos que se levantou na cidade de Lisboa após a morte do Conde Andeiro e o papel do povo na aclamação do defensor do reino. Fernão Lopes conta isto de forma única.

  O cronista narra os acontecimentos com imparcialidade e é, também, notavelmente inovador com as personagens, revelando não só as suas qualidades como ainda os seus defeitos. Isto também é aplicado ao povo, ao qual Fernão Lopes concede o protagonismo, algo raro na literatura da época.

  O estilo de escrita é inovador. O autor utiliza uma técnica cinematográfica e puxa os leitores para a sua crónica, usando o dinamismo, o movimento e o coloquialismo.

   Para concluir, as crónicas de Fernão Lopes são fontes literárias e históricas extremamente significativas para os portugueses, tanto pela beleza da sua escrita como pela informação relevante com que estas nos presenteiam.

Maria Carlota Fernandes Prazeres 10.º C

 

O Povo Unido pelo Bem da Nação

   Não é nenhum segredo que uma das mais interessantes crónicas de Fernão Lopes é a de D. João l, onde nasce a ideia de uma nação unida em torno do bem comum.

   Ao longo do Capítulo XI, é percetível o grande apoio que o Mestre de Avis recebe por parte do povo de Lisboa para que se torne rei. A certa altura, Álvaro Pais e o Pajem conspiram com o Mestre, a fim de que ele mate o Conde Andeiro, mas saia como vítima. Com todo o alvoroço e preocupação que se gera nas ruas da cidade, o plano decorreu na maior perfeição e, assim, D. João é considerado inocente e aclamado por toda a população. Este capítulo mostra toda a diferença que um boato faz no desenrolar de uma situação, mas também ilustra a capacidade de pessoas tão diferentes se unirem para proteger o futuro de Portugal.

  Por esses motivos e pela escrita cinematográfica do cronista, esta crónica relata, fabulosamente, uma das histórias mais intrigantes do início da segunda dinastia portuguesa.

Mariana Peixoto Oliveira 10.º C

 

A Importância de um Povo

   No Capítulo XI, da «Crónica de D. João I», de Fernão Lopes, pretendo realçar a rebelião do Povo de Lisboa, visto que o cronista, bastante fora do seu tempo, a destaca.

  Este Capítulo contém personagens individuais como o Pajem, Álvaro Pais e o Mestre de Avis, e coletivas: o Povo de Lisboa. Em todos os casos, são como atores, já que Fernão Lopes narra a ação de forma cinematográfica, recorrendo a sensações visuais e auditivas.

   Este povo é destemido, forte e corajoso, todavia com instinto vingativo e cruel. A ação coletiva é extraordinária: a fúria e a vontade de lutar pela sua nação é de tamanha intensidade que une toda a população e revela a sua grandeza e terribilidade. Um enorme alvoroço é criado com o nobre intuito de proteger o seu Mestre e o futuro da pátria.

 Fernão Lopes inovou ao dar o devido valor à personagem coletiva deste enredo, destacando o seu melhor e o seu pior, priorizando não os reis e os nobres, mas sim o povo que batalhou para salvar a sua pátria.

    Concluindo, do meu ponto de vista, Fernão Lopes é alguém inovador e progressista, que abriu portas ao reconhecimento coletivo do povo, um grupo tão determinado e valente.

Sandra Oliveira 10.º C

     

 Compilação de apreciações críticas do Capítulo XI, da Crónica de El-Rei D. João I de Boa Memória, «História de uma Revolução». Trabalho de escrita realizado em contexto de Oficina Saber+ (10.º C).