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Apreciação Crítica de Cartoon

Caros alunos e alunas!

        Porque se aprende a escrever melhor, lendo outros textos e treinando a escrita, regularmente, partilho convosco alguns trabalhos dos vossos colegas, resultantes das oficinas de escrita para treino de Apreciação Crítica de Cartoon.

       Estes textos foram realizados nas aulas de português.

        Agora é a vossa vez!

        

       Boa(s) leitura(s) e escrita(s) criativa(s)…

        A professora: Sara Ribeiro

 

Pawel Kuczynski

 

À deriva nas redes

        Neste cartoon, de Pawel Kuczynski, podemos observar vários telemóveis um pouco afastados uns dos outros. Em cada ilha é visível uma pessoa, que está a utilizar o seu telemóvel.

        Esta ilustração pretende criticar um aspeto muito importante da atualidade: todas as pessoas estão, a todo o momento, a usar o telemóvel nas suas atividades diárias, mesmo que a pessoa com quem querem comunicar esteja apenas a uns passos de distância.

        De facto, as tecnologias têm vindo a contribuir decisivamente não só para o aumento do isolamento social, bem como para a diminuição do contacto entre as pessoas.

       Concluindo, cartoons como este são essenciais para alertar e sensibilizar o público em geral para o facto de as tecnologias estarem cada vez mais a controlar a vida de cada um, permitindo assim a reflexão individual e coletiva, com vista à mudança de comportamentos.

Ana Francisca Novais Pinto, nº1, 10ºB

 

 

       O isolamento social

   Neste cartoon, da autoria de Pawel Kuczynski, cartoonista de origem polaca, conseguimos observar alguns telemóveis a flutuar. É ainda visível, em cada um dos telemóveis, uma ilha com apenas uma palmeira e uma pessoa encostada ao seu tronco e mais nada, a não ser mar à volta.

    Penso que este cartoon pretende criticar o isolamento social causado pelas novas tecnologias e as redes sociais. Atualmente, vivemos numa sociedade que está centrada nas redes sociais e na Internet, o que pode ser, simultaneamente, benéfico e prejudicial.

       Por um lado, a Internet é uma boa ferramenta para se comunicar com pessoas à volta do globo, para realizar trabalhos, tanto na escola como no emprego, e em geral, é uma boa forma de entretenimento, desde que seja utilizada com moderação.

   Por outro lado, a Internet pode ser deveras aditiva e fazer com que as pessoas, nomeadamente os jovens, se isolem e tornando-se excessivamente dependentes dela.

   Penso que este cartoon é bem conseguido, pois retrata de forma criativa o tema do isolamento social, ao ilustrar pessoas dentro dos telemóveis, isoladas umas das outras. Para além disso, é eficaz na transmissão da mensagem pretendida.

    Em suma, penso que este cartoon retrata muito bem a sociedade atual e a forma como a Internet a influencia.

Dinis Ribeiro Sousa, nº28, 10ºB

 

              A imagem apresenta vários telemóveis idênticos a flutuar no oceano. Em cima de cada aparelho, é visível uma ilha pequena, um monte de areia com uma palmeira no meio, e uma pessoa que parece estar aborrecida, encostada ao tronco da árvore.

        Este cartoon, de Pawel Kuczynski, avisa-nos para o perigo de estarmos dependentes da tecnologia. De facto, ao representar as pessoas continuamente a olhar para baixo (coladas ao ecrã do telemóvel), pode parecer que estas estão isoladas num mundo cheio de pessoas, cada uma fechada na sua pequena bolha.

        Na minha opinião, o cartoon não reflete totalmente a nossa sociedade atual, pois, apesar de passarmos muito tempo no telemóvel, somos mais sociáveis do que nunca. Na verdade, com a tecnologia, conseguimos comunicar com pessoas de quase qualquer parte do planeta, contrariando o isolamento expresso na imagem.

        Além disso, considero que a representação de “humanos aborrecidos” não se justifica, ou, pelo menos, nada tem a ver diretamente com a tecnologia. No entanto, a mensagem do cartoon é sem dúvida pertinente, pois, mesmo assim, com as novas tecnologias, precisamos de contato real, físico, de nos olharmos “cara a cara”, para continuarmos psicologicamente saudáveis.

        Para concluir, julgo que o cartoon expressa uma mensagem importante em alguns aspetos, mas erra ao culpar as tecnologias do isolamento social, já que não são elas o que está errado na sociedade, mas sim o comportamento humano.

Dinis Moutinho, nº 28, 10ºB

 

        O cartoon apresentado, da autoria de Pawel Kuczynski, insere-se na temática do uso abusivo dos telemóveis.

        A imagem apresenta vários telemóveis, cada um com uma ilha, formada por areia, uma palmeira e o seu utilizador, que se encontra sentado e aparenta estar introspetivo. Os telemóveis estão dispostos com uma certa distância entre eles.

        Esta composição poderá simbolizar a ausência de comunicação entre as pessoas que utilizam esta tecnologia individual. A maneira como são apresentados os telemóveis de uso pessoal, equiparados a ilhas, independentes, e sem aparente conexão, é refletida na posição derrotista e solitária de quem os usa.

       O cartoonista terá procurado alertar os consumidores desta tecnologia digital, que tem por princípio básico aproximar todos, para o facto de que, pelo contrário, está a tornar-nos cada vez mais sós, isolados na nossa própria “ilha”. Esta será uma consequência negativa ao nível de relações interpessoais que estão a ser transformadas de forma profunda, alterando os comportamentos de todos nós.

    Em suma, este cartoon reflete a dificuldade crescente nas relações humanas e  consequente isolamento social, potenciado pelo uso compulsivo do telemóvel.      

        Bruna Moreira, nº 2, 10º B

 

 

                                                                  Cartoon de Biratan

 

A árvore da partilha ou a partilha de uma árvore?

        Nesta imagem, de Biratan, podemos observar uma árvore bastante alta a crescer entre dois prédios. Para as janelas de cada edifício, estende-se um ramo, fazendo com que todos tenham “um pouco da árvore para si”.

       Em diferentes planos, podemos observar uma senhora a regar um dos ramos da árvore, uma pessoa a colher flores e outra a apanhar um fruto. No terraço do prédio do lado esquerdo, vemos um homem a usufruir da sombra proporcionada pela árvore enquanto lê um livro. Também é possível visualizar, na parte inferior da imagem, um homem a apreciar o canto do pássaro que nidifica num dos seus ramos.

   Na minha opinião, este cartoon pretende chamar a atenção do público para a necessidade de recuperar a vida em comunidade e em comunhão plena com a Natureza. Na verdade, se vivermos numa sociedade em que todos contribuem um pouco para o coletivo, as pessoas são mais felizes e conseguem tirar muito mais proveito de tudo o que as rodeia, o que parece ser realçado na imagem através do uso de cores vibrantes e vivas.

     Como anteriormente referido, este cartoon transmite uma mensagem muito importante, uma vez que, na imagem, os habitantes cuidam da árvore, ajudam-se uns aos outros, fazendo com que todos possam tirar proveito dela. Este é um aspeto que já não é tão recorrente na sociedade atual, uma vez que, ao contrário do passado, em que todos se conheciam e se ajudavam, hoje em dia as pessoas vivem muito “no seu cantinho” e a maior parte não se preocupa com o que as rodeia, ignorando vizinhos e meio ambiente.

      Concluindo, este cartoon alerta as pessoas para uma temática atual – a necessidade de cuidar do outro e da natureza, partilhando recursos – e fá-las refletir um pouco sobre os seus comportamentos.

Ana Francisca Novais Pinto, nº1, 10ºB

 

 

A importância da Natureza

      O cartoon, da autoria de Biratan, pretende mostrar todas as utilidades que uma árvore tem para nós, humanos, e porque razão devemos proteger a natureza.

     Neste cartoon, conseguimos observar uma árvore frondosa a crescer entre dois edifícios. Esta planta parece estar a beneficiar de forma expressiva as pessoas que vivem em ambos os prédios, uma vez que podemos observar os residentes a usufruir dos “frutos” oferecidos pela mesma.

       Percorrendo diferentes planos, conseguimos ver uma pessoa a apreciar a sombra que a árvore oferece, e um outro residente a colher maçãs. Observa-se, ainda, alguém a colher as suas flores e uma outra pessoa a regá-la. No cimo do prédio, um idoso encontra-se sentado a ler um livro e aprecia a melodia de um pássaro que se abrigou nos ramos desta árvore.

   Tal como já referido, penso que este cartoon pretende ilustrar os benefícios que as árvores e a Natureza (em geral) oferecem à Humanidade, alertando-nos para a necessidade da sua conservação.

    Em conclusão, penso que este cartoon é bem conseguido, já que ilustra com criatividade os benefícios que a Natureza nos oferece e por que razão é imperioso protegê-la.

  Dinis Ribeiro Sousa, nº 28, 10ºB

 

 

                 CERCERA, David Vela (Espanha), 2005. O primeiro beijo. In VII Porto Cartoon.

                  Porto: Museu Nacional da Imprensa (p.22)

 

Relação digital

       Neste cartoon, de Cervera, podemos observar uma menina e um menino, sentados no banco de um parque com árvores. O casal está a conversar um com o outro, talvez a “namorar”, utilizando o telemóvel.

       A imagem tece uma crítica à digitalização das relações pessoais, neste caso concreto ao ilustrar um casal de jovens a dar o que parece ser “O primeiro beijo” (título da obra).

       De facto, no mundo em que vivemos, o uso de aparelhos eletrónicos e das redes sociais cresceu exponencialmente, perdemos o contacto com os nossos amigos, parentes e até com os nossos parceiros e utilizamos preferencialmente as mensagens para estabelecer um contacto, que não é físico. Claro que há benefícios no recurso à tecnologia, já que, quando queremos falar com alguém que mora longe, os aparelhos digitais são, sem dúvida, uma possibilidade que facilita a comunicação.

     Em suma, a internet e o telemóvel enquanto meios de comunicação são recursos ótimos, se usados com moderação. No entanto, se não houver contacto físico com o outro, tenderemos a perder a nossa humanidade, tema retratado de forma exímia e com humor pelo cartoonista.                                           

    Giovanna Viana, nº 6, 10ºD

 

 

 

 

 

 

Visita de estudo a Lisboa

 

VISITA DE ESTUDO A LISBOA

02 de junho de 2022

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No dia 02 de junho, quinta-feira, as turmas do 12º ano do ensino regular (turmas A, B, C e D), acompanhadas pelos professores Clara Faria, Rosa Pereira, Alexandre Afonso, Domingos Oliveira, Helena Fonseca e Ilda Ferreira realizaram uma visita de estudo a Lisboa. Infelizmente, por motivos  de saúde, as docentes Sara Ribeiro e Margarida Duarte e o aluno Bruno Sousa não puderam participar.  

Pretendia-se que os alunos visitassem a Casa Fernando Pessoa,  a Fundação José Saramago e o Padrão dos Descobrimentos, permitindo, também, o (re) conhecimento de ambientes/espaços enunciados/ descritos (Chiado; Rossio; Rua Augusta; Terreiro do Paço; Cais das Colunas; Largo José Saramago, antigo Campo das Cebolas; Belém) nos textos que integram o plano curricular da disciplina de Português.

Após uma longa viagem iniciada, pontualmente, às 06:00h, e que se esperava chuvosa, os alunos puderam revisitar a vida e a obra poética de Fernando Pessoa ortónimo e seus heterónimos, na casa do poeta, agora mais moderna, mais digital, situada em Campo de Ourique.

Seguidamente, protegidos por Stº António, o Stº padroeiro de Lisboa, que segurava lá no alto as montanhas de  nuvens de algodão acinzentado, os alunos, uns animados e outros martirizados ou alienados pela fome, passearam a pé, sentindo o bulício da cidade branca. A partir do Rossio, subiram a Rua do Carmo e reconheceram, mais acima, a personagem principal sentada na esplanada da Brasileira do Chiado – Fernando Pessoa. Tirados os retratos da praxe, desceram de novo a Rua do Carmo, passaram pelo  Rossio, passearam na Rua Augusta, entraram na Praça do Comércio e descansaram no Cais das Colunas.

Todo o cais é  uma saudade de pedra e uma promessa de partida para o mundo!

A poesia, naquele momento, era mais fisiológica… a  fome foi sempre pouco poética! Estabeleceram-se horários, regras e limites e os alunos dispersaram…finalmente livres (alguns pareciam não saber muito bem o que fazer com tanta liberdade … para tudo é preciso experiência)!

Em Belém, desceram a escadaria, percorreram o túnel por baixo da linha do comboio (como manda a tradição, gritaram à vontade), subiram de novo e deram de caras com o Padrão dos Descobrimentos. No topo do monumento, alguns alunos descobriram a vertigem e, a uma altura de 50 metros, desfrutaram de uma vista deslumbrante sobre o Tejo, e sobre a parte ocidental da cidade.

Para eternizar aquele momento, aqueles anos… depois dos risos, das poses e hesitações, de alguma displicência de quem se finge indiferente, de algumas ausências e de muita paciência… disparou-se a tradicional foto de família!

A viagem foi adoçada pela visita à centenária Fábrica dos Pastéis de Belém e o regresso decorreu animado.

Sublinhe-se que nesta atividade de complemento curricular, inserida no PAA, o comportamento de todos os alunos envolvidos foi irrepreensível, tendo sido atingidos os objetivos propostos.

Esperemos que os nossos alunos guardem boas memórias da escola que os ajudou a crescer [recordar também é (re)viver] e que sejam felizes na nova etapa das suas vida!

Os professores,

 Clara Faria, Rosa Pereira, Domingos Oliveira, Helena Fonseca, Alexandre Afonso e Ilda Ferreira.

 

 

Descrição da visita

Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente

 

     

 

            No dia 9 de março, as turmas do 10.º ano de escolaridade assistiram à representação da peça de teatro A Farsa De Inês Pereira do considerado primeiro dramaturgo português, Gil Vicente, no grande auditório da escola.

      A representação original do ator Alexandre Sá, da companhia de teatro ATE, surpreendeu os alunos e professores pela forma como deu vida a todas as personagens, exceto ao Moço, que foi interpretado por um aluno do 10ºA proporcionando, assim, interação com o público.

            Salientamos o facto de o ator ter tido a preocupação de adaptar a peça de Gil Vicente ao público-alvo do 10º ano de escolaridade. Na verdade, conseguiu modernizar uma obra medieval captando a atenção de um público jovem.

       A peça conta com registos linguísticos cómicos, mas com a dramatização do ator, as falas tornaram-se ainda mais engraçadas, como, por exemplo, com o jogo de palavras entre “peras, peas” e o nome do dramaturgo Shakespeare.

       A representação ofereceu, também, alguns apartes sobre a explicitação do contexto social e histórico da época medieval, em comparação com a atualidade, o que, mais uma vez, elucidou a plateia.

        Em suma, a capacidade inovadora de interpretar personagens, mas, simultaneamente, mantendo a essência da obra, a presença do cómico, a interação inteligente e pertinente com o público permitiram a consolidação do estudo da peça e revelaram um excelente trabalho do ator.

 

A turma do 10.ºD

21 de março-dia mundial da poesia

No passado dia 21 de março, o Projeto “Na Senda dos Contos”, em colaboração com a turma de literatura portuguesa do 10.º ano, celebrou a criação artística, nomeadamente a arte de escrever poesia.

Os Poetas Andarilhos, protegidos pelas suas máscaras coloridas e brilhantes, presentearam o auditório juvenil, e o poeta convidado, com a declamação de textos poéticos de diversos autores consagrados, oferecendo, também, ao nosso poeta João Lopes, a apresentação expressiva de dois dos seus poemas.

Após esse momento de sedução pela palavra dita, seguiu-se uma conversa-encenada (previamente pensada em sala de aula) com o poeta João Ricardo Lopes.

Durante cerca de uma hora, os alunos fizeram uma espécie de “prova-oral” ao poeta que se viu confrontado com diversas questões como: “Nascemos poeta ou tornamo-nos poeta? Como descobriu a sua vocação?”; “Ao longo destes dois últimos anos, vivemos numa situação de pandemia. Como é que essa circunstância afetou a sua capacidade criativa?”; “Sophia de Mello Breyner considerava que competia ao poeta delinear as novas visões de mundo e ao político legislar para as concretizar. Concorda com esta posição e porquê?”; “Num momento como o atual, em que o mundo vive dominado pelo pragmatismo, pela ânsia de reconstruir novos impérios a todo o custo, onde os valores morais parecem não existir, há espaço para a poesia? Que função deve o poeta desempenhar num mundo como este?”.

E estivemos todos para ali a conversar, a ouvir, a pensar…a aprender…a sentir…

O auditório da escola de Canelas foi de novo um espaço de liberdade, um espaço aberto a novos caminhos, a novas ideias e, quiçá, a potenciais poetas, a futuros escritores…

 

Obrigada, João Ricardo Lopes!

 

Isaac Lamarão e Tatiana Vicente.

 

Visita de Estudo ao Palácio de Mafra

 

    No passado dia 31 de março, no âmbito do estudo da obra de leitura integral, Memorial do Convento, de José Saramago, na disciplina de Português, os alunos do 12º ano, acompanhados pelos professores Clara Faria, Sara Ribeiro, Margarida Duarte, Rosa Pereira, Domingos Oliveira, Ilda Ferreira e Luísa Sousa participaram numa visita de estudo ao Palácio Nacional de Mafra.

    Antes das 06:00h, ainda de noite, os alunos iam chegando ao portão da escola, numa cadência apressada e grupal. Alguns vinham ainda ensonados, outros, insones, em jeito de confidência, sem dormir para não perderem a viagem ou, quem sabe, perturbados e acesos com a expectativa de um dia partilhado, mais intensamente, com quem  sonham outras viagens (Até porque as aulas fora dos muros da escola e das paredes lisas da sala não acontecem todos os dias!). Todos partiram rumo à terra prometida: Mafra.
    Os autocarros com ares do século passado (como os professores destes alunos… já do séc. XXI!) lá iam pisando o asfalto acariciado pelo rasto dos pneus cujo movimento, lento e monótono, lembrava o chapinhar sucessivo nos charcos que a chuva ia semeando ao longo do caminho. Lá dentro, falava-se baixinho para não acordar os que dormitavam no ombro macio de quem se dispôs a conhecer o outro. Ao fundo, no último banco do autocarro, os alunos apertavam-se… convencidos da sua rebeldia incipiente! Ainda havia os que não conseguiram separar-se do telemóvel que cintilava em jogos luminosos na ainda escuridão da madrugada. À frente, hipnotizadas por grandes escovas que limpavam das vidraças as lágrimas de uma primavera chorosa, carpia-se: os alunos, a escola, o custo de vida, a invasão da Ucrânia, as intermináveis horas ao volante, os baixos salários… era preciso exorcizar as aflições do dia a dia e enganar o tempo…quatro longas horas!
    Finalmente, o Calhau emergiu, amarelo e imponente, com dimensões de monumento de tempos memoriáveis: o Palácio de Mafra!
    Os alunos, tolhidos pelo vento gélido de um inverno que já não era, iniciaram, então, a visita ao Palácio de Mafra, orientada por dois guias turísticos cujo profissionalismo ofereceu a todos um pouco mais de conhecimento sobre o nosso património histórico-cultural.
    De olhos e ouvidos atentos, todos ficaram deslumbrados com a monumentalidade daquela construção barroca, com as extraordinárias quantias de ouro proveniente do Brasil, gasto para satisfazer o ego magnânimo do rei D. João V, e, ainda, com o número de trabalhadores envolvidos (52 mil), voluntária e involuntariamente, naquela obra, projetada pelo arquiteto Johann Friedrich Ludwig (Ludovice). Embora a primeira pedra tenha sido lançada em 17 de novembro de 1717, a Basílica só seria inaugurada em 22 de outubro de 1730, com festividades de oito dias, que assinalaram também o 41.º aniversário do rei.
    Já no interior do Palácio, os guias conduziram os alunos pelas alas norte e sul, correspondendo, respetivamente, aos aposentos do rei e da rainha, separados por um corredor com 200 metros de comprimento que o rei percorria, duas vezes por semana, para cumprir o chamado “dever real” ou, como diz Saramago, para cumprir a“função”.
    Depois de salinhas, salas e salões, ora evocando a luxúria do rei e da sua corte ora evocando a vida simples e austera dos frades franciscanos, os alunos surpreenderam-se com a biblioteca, uma das mais belas da Europa, decorada com mármores preciosos e madeiras exóticas, contendo uma coleção de mais de 40.000 livros com encadernações em couro, gravadas a ouro, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de Camões. Ficaram ainda mais surpreendidos quando puderam observar um morcego “papa traças” embalsamado, exemplar representativo dos muitos habitantes daquela biblioteca, imprescindíveis na conservação do precioso espólio bibliotecário.
     De tarde, depois da fotografia protocolar de conjunto, todos regressaram ao palácio para assistir à dramatização do “Memorial do Convento”. O desconforto das cadeiras só foi suportado pela juventude do público e pelo espetáculo que todos reconheceram interessante.

 

    A viagem de regresso começou animada pela habitual galhofada imberbe, pela música e pelos jogos virtuais…, mas a viagem era longa e muitos desejavam aproveitar o calor e os afetos sobrantes que a pandemia tem adiado.
    Cumpriu-se a hora imposta de chegada – 20:30h e os alunos saíram regalados por terem vivido uma experiência escolar diferente. Quiçá alguns tenham regressado com vontade de iniciar uma nova viagem: a leitura do Memorial do Convento, de José Saramago!

Clara Faria