Página de diário de um romântico incurável: Bocage

Oficina de escrita

Imagina que és Bocage; vives dominado pelo espírito do Romantismo, acreditas, por isso, na morte por amor e no sofrimento como forma de estar vivo.

Produz uma página de diário, onde reflitas sobre o amor, o sofrimento amoroso e a morte de amor, da perspetiva de Bocage e dos românticos, como é evidente na ária de Martini.

 

Página de diário de um romântico incurável: Bocage

 

Lisboa, 1 de maio de 1800

    Querido diário,

    Hoje, busco inspiração no meu interior para relatar-te que, nesta suave manhã de primavera, nunca vi tão brandos olhos num alegre prado. 

      E, ah! o que aqueles olhos me fizeram, quando a vi tocar aquelas flores de mil cores, que explodiam vários aromas. Ouviam-se os pássaros amadores, com os seus versos modulados e seus ardores, que incitavam os meus olhares ardentes por entre as árvores sombrias. Mais tarde, vários animais a sorrir que, estando a alisar a erva, ela percorria com a maior pureza e até nas mais altas montanhas, onde deslizam os mais queixosos rios, se conseguia sentir o meu sofrimento, pois ela não me descobriu e, assim, fico isolado. Mas ai!, tudo o que vês, se eu não te vira, nesta manhã clara, me causara a mais triste noite! 

     Se eu puder morrer de amor, não há morte mais bela, porque, morte de amor, melhor do que a vida!

     Até nunca,

                                                                        Bocage

Inês Mota 10.º D

 

Páginas de diário…

Oficina da escrita

Imagina que és um dos jovens do poema “Outra Margem” de Maria Rosa Colaço. Escreve a página de diário de um deles relativo ao seu primeiro dia de escola.

 Porto, 15 de setembro de 1952

Caro diário,

                      Hoje foi um dos melhores dias da minha vida.

                     Foi o meu primeiro dia de escola. Após passar a ponte da minha aldeia, fui a caminho da escola. Quando lá cheguei, reparei que ela era mesmo muito grande. 

                Entusiasmado, corri logo para conhecer a escola; mal entrei na sala de aula, sentei-me em frente à professora numa secretária de madeira. Fiquei feliz porque, logo no primeiro dia, fui ao quadro e pude desenhar com o giz. No recreio, jogamos ao pião e comi o meu pão seco, mas soube-me pela vida. Fiquei triste, quando acabou a aula, mas sabia que ia voltar na segunda-feira. De regresso a casa, corri para contar aos meus pais e aos meus familiares.

                       Gostei muito deste dia, foi fantástico.

                                                 Abraço,

                                               Rafael

 

Rafael Ribeiro 8.º D

 

                                                          Ribeira do Rio Douro,18 de maio de 1977

Querido Diário.

              Hoje foi um dia muito importante, pois foi o primeiro dia de escola. Estou muito contente por estar a estudar e não a ir para o campo ajudar os meus pais.

                Vou dar o meu melhor para não passar o resto da minha vida a trabalhar no campo e, assim, conseguir um trabalho que sustente a minha família. Na escola, não importa se somos ricos ou pobres, somos todos tratados da mesma maneira.

              Eu tenho de caminhar durante algum tempo para chegar lá, mas isso, para mim, não importa, desde que consiga fazer o meu futuro naquele lugar.

              Espero que  haja muitos mais dias como estes, pois lá é onde eu vou lutar pela minha vida, dar o meu máximo e não estar sempre agarrado a uma enxada a trabalhar no campo.

                                                                                                          Um forte abraço.

                                                                                                                   Rodrigo.

Rodrigo Fonseca 8.º D

 

 

Porto, 26 de maio de 1984

            Querido diário:

 

           Hoje foi o meu primeiro dia de escola, é tudo tão bonito e diferente. Há muitas pessoas, umas vestem-se bem e são bonitas, outras, como eu, usam roupas velhas e o cabelo mal-arranjado.

             Esta escola é um lugar mágico, há livros e cadernos, canetas e lápis, coisas que jamais pensei que existissem.

          Tive medo e senti-me nervosa, todos olhavam para mim com ar desconfiado e eu sorria timidamente. Para mim, tudo isto é uma nova descoberta, um conjunto de alegrias que não têm explicação.

              Será que vou conseguir voltar amanhã?

         Tenho medo, mas vontade de voltar e aprender coisas novas. Quero estudar e conseguir ser alguém de importante na vida, quero ter um bom emprego e conseguir viver sem dificuldades e comprar uma casa e roupas novas…

              Será pedir muito, meu querido diário?

                                                                       Até breve

                                                                                   Maria

Beatriz Moreira 8.º D

 

                                                                                   Gaia, 18 de maio de 1970

Querido diário.

            Hoje aconteceu uma coisa incrível! Tive a experiência mais magnífica da minha vida,  vou contar-te tudo o que me lembro!

           No domingo de manhã, estava toda entusiasmada, pois a minha mãe e o meu pai disseram  que eu ia para a escola. Fiquei toda feliz mas, depois, lembrei-me que a escola mais perto ficava no Porto e eu moro em Gaia; o que queria dizer que eu tinha que atravessar o rio, mas estava tudo bem porque, se eu quero  saber algo mais do que contar alfaces e cenouras, tenho que ir para escola. Quando chegou a noite, eu nem conseguia dormir, só de imaginar algo mais do que esta minha vida e o quanto ela ia mudar. Acordei cedinho e fui logo arrumar as minhas coisas, no caso, um lápis e um caderno e também o barquinho a remos que eu precisava para ir para a outra margem. Reparei que eram poucas as crianças que iam para o Porto estudar, a maioria ia para as feiras vender e isso motivou-me ainda mais para ir para a escola aprender. Ao chegar à escola, era tudo tão bonito, tão vivo que os meus olhos saltaram de alegria,

          Aprendi coisas esplêndidas e um pouco complicadas, mas faz parte, fiz novos amigos, com o mesmo sonho que eu: ter uma vida financeira e intelectual incrível e isso não tem preço.

                                                                                       

                                                                                            Beijinhos da tua companheira

                                                                                                          Maria

Tatiana Vicente 8.º B

 

 

Gaia, 20 de março de 1972

     Querido diário,

     Hoje vai ser o meu primeiro dia a ir para uma de escola. Para ser sincera, nunca estive tão nervosa para ir a algum sítio. As únicas pessoas que conheço são as filhas das amigas da minha mãe, de resto não conheço nenhum rapaz, a não ser que ande lá algum primo ou vizinho meu…

      Acredito que deva ser excelente ir para a escola, pois podemos ter mais convivência uns com os outros! Espero, um dia, poder contar aos meus filhos ou filhas como foi o meu primeiro dia de escola e todas as coisas que passei, acredito que vou ter memórias incríveis.

     Espero que, com a escola e todas as coisas que irei aprender, possa  ter um futuro melhor e fazer muita coisa mudar, porque um dos meus sonhos é poder mudar o mundo para melhor, transformá-lo num local onde todos possamos expressar o que sentimos, um mundo com muito mais amor e carinho.

       Quando chegar da escola, conto-te como foi o meu primeiro dia numa escola no Porto. Vá, agora tenho que de ir, senão chego atrasada…

 

                                                                                                     Espero ver-te em breve!

                                                                                                     Sofia

 

Ana Peixoto 8.º B

Ser Poeta é…

          Escrever com o coração.                     Beatriz Oliveira, 5º E

 

          Ser criativo e inspirador.                      Lucas Claro, 5º F

                                            

          Ser sonhador.                                           Renato Ramos 5º F

 

        Ser um pensador.                                    Gabriel Paiva, 5º G

  

        Ser o pai da poesia.                                 Gonçalo Machado, 5º G

 

 

É aquele que parece que deixa as palavras voar.          Cláudia, 5º D

 

É uma pessoa que diz palavras inspiradoras que preenchem as almas dos outros.       José Alves, 5ºD

É um criador de poemas sem fim.                                      Beatriz, 5ºD

 

É uma pessoa cheia de imaginação, como se fosse de outro planeta.                           Nuno Duarte, 5ºD

 

É um ser que escreve com a alma.                                     Beatriz Marques, 5ºH

 

É alguém que ao escrever transporta os seus sentimentos para o papel.                      Renata, 5ºH

 

Eutanásia – A favor ou contra?

(Os textos que se seguem não puderam ser publicados no Jornal “O Gaiense”, por falta de espaço, pelo que serão divulgados aqui no blogue.)

   

“A FAVOR”

     A eutanásia é o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa. A sua despenalização não obriga ninguém a morrer, apenas dá uma escolha a quem mais precisa. Desta forma, respeita a liberdade de escolha de cada um e viabiliza o direito a uma morte digna.

   Não cabe a nenhum de nós eliminar essa escolha quando nunca estivemos na pele de alguém portador de uma doença incurável e terminal que põe em causa a dignidade da pessoa. Por exemplo, toda a gente sabe que fumar mata, mas ninguém tira do mercado o tabaco, apenas fica a critério de cada um fumar ou não.

   Os opositores à mesma defendem com todas as forças que uma boa rede de cuidados paliativos é uma boa alternativa à eutanásia. Contudo, tal não corresponde à verdade. Há pessoas que estão em sofrimento extremo, com uma doença incurável e fatal sem que para elas os cuidados paliativos sejam solução. Não estamos a falar de um sofrimento causado por um fim de um relacionamento, mas sim de um sofrimento físico e psicológico interminável. Mais, em países com os melhores cuidados paliativos, como a Bélgica (5º lugar) e a Holanda (8º lugar), a eutanásia é despenalizada. Muitos dos doentes, nos países referidos, que recorrem à eutanásia provêm dos cuidados paliativos.

   O respeito pela autonomia do paciente é importante. Quando o doente é capaz de decidir por si e fazer escolhas e decide recorrer à eutanásia, ninguém tem o direito de a negar. Não é a família nem o médico que vão escolher o caminho do doente: o mesmo deve escolher.

   “Ajudar a morrer serena e tranquilamente, acabando com o sofrimento inútil, é uma atitude de elevado valor moral e de grande humanismo”, afirmava João Semedo, médico e político português, vítima de doença prolongada, que defendeu desde sempre e até à sua morte a despenalização da eutanásia.

   Será um ato egoísta querer pôr fim ao sofrimento? Não será também egoísta, por parte da família, obrigar o familiar a sofrer mais a cada dia que passa para a mesma não sofrer com a morte desse familiar que por sua vez é inevitável? Será digno obrigar alguém, nos seus últimos momentos de vida, a viajar para o estrangeiro para morrer em paz? Não seria mais digno morrer no país onde nasceu, junto dos seus familiares? E se fosse consigo? Não gostava de morrer em paz, dignamente, junto dos seus familiares queridos?

Ana Teixeira, 11.º A

 

“CONTRA”

   A 20 de fevereiro, a despenalização da eutanásia foi aprovada na Assembleia da República Portuguesa, sendo aprovada pela maioria dos deputados do país.

   Como estudante de filosofia, propus-me refletir sobre este tema através do ponto de vista do filósofo Immanuel Kant e do seu imperativo categórico.

   A filosofia moral kantiana diz que o valor moral de uma ação reside na intenção que lhe preside, mais precisamente na intenção pura, ou seja o único motivo que pode dar origem a uma ação moralmente válida é o sentimento puro de respeito pelo dever, sendo assim só é considerado uma ação boa se a intenção desta seguir o dever, a lei da razão.

   Para nos ajudar a avaliar as nossas ações, Kant apresenta o imperativo categórico, um mandamento absoluto e formal que indica universal e incondicionalmente a forma como devemos agir. Há duas formulações do imperativo categórico. A primeira formulação diz: “Age unicamente de acordo com a máxima que te faça simultaneamente desejar a sua transformação em lei universal”, ou seja, devemos seguir regras concreta da ação que pudessem ser subscritas por toda a humanidade, como se fossem leis universais da natureza. A segunda diz: “Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de qualquer outro, sempre simultaneamente como um fim e nunca simplesmente como um meio”. Isto significa que devemos tratar sempre toda a pessoa como sendo um fim em si mesmo, como tendo dignidade, e não como se fosse uma coisa, um instrumento. No entanto, importa realçar que, para Kant, o tratamento ético da humanidade engloba não apenas as outras pessoas mas, desde logo, a própria pessoa, eu mesma: “na tua pessoa”.

   Quando procura ilustrar estas duas formulações do imperativo categórico, Kant dá o exemplo de alguém querer matar-se. Para exemplificar a primeira formulação, Kant argumenta que se alguém, por tédio ou por desespero, decidisse suicidar-se teria de se perguntar se poderia ser universalizável o ato de destruir a própria vida. E a conclusão é óbvia: não. Para a segunda formulação, Kant volta ao exemplo de alguém querer suicidar-se e à necessidade de se perguntar se, para escapar a uma situação dolorosa, acabar com a vida é tratar a humanidade na minha pessoa como um fim ou como um meio. A conclusão também é óbvia: querer acabar com a própria vida é usar a humanidade, na própria pessoa, como um meio e não como um fim, com dignidade. 

   Assim, segundo Kant, é um dever manter a vida, o contrário viola a dignidade da pessoa humana. A vida é um valor em si próprio e, como tal, merece ser respeitada e conservada até ao seu fim natural. Se a eutanásia é uma forma de suicídio, então atenta contra a dignidade da pessoa humana.

   Creio que Kant tem razão.

Sara Vieira, 11.º A

A carta

(Imagina que, há muito tempo, encontraste, no baú de um teu antepassado, um mapa que indicava a localização de um tesouro escondido debaixo de uma velha árvore. Surpreendido e indeciso, resolveste escrever a um amigo/ familiar e pedir conselho sobre o que fazer com a riqueza que tinhas acabado de descobrir).

 

    

 Casa dos avós, …

         Olá, querido pai.                         

          Espero que estejas bem e melhor do teu tornozelo. Como sabes eu encontro-me em casa dos avós, mas não imaginas o que me aconteceu!
          Quando eu estava a ver, na biblioteca do avô e da avó, se encontrava mais moedas antigas, encontrei um fundo falso. Este dava diretamente para uma passagem secreta, que conduzia para uma sala cheia de mapas: mapas do mundo, mapas da Europa, mapas do país, mapas das cidades…mas houve um mapa que realmente me chamou a atenção. Era um mapa que tinha aspeto antigo e estava cheio de pó. Por isso, comecei logo a espirrar. Quando acabei, limpei o pó e descobri que aquele era um mapa do tesouro!
          Fui, de imediato, contar aos avós. Inicialmente, eles desconfiaram, mas depois, quando lhes mostrei tudo, eles já acreditaram e ficaram espantadíssimos. Disseram que podia ser de um antepassado nosso, e o avô foi pesquisar nos seus livros e foi buscar um livro sobre piratas. De seguida, abriu numa página e leu que Dragut Reis, um dos maiores corsários que viveu no século XVI e que navegava no Mar Mediterrâneo com o nosso apelido, escondeu um tesouro em Portugal. O meu avô, ou  seja o teu pai, disse que Dragut Reis podia ser nosso antepassado e seria o tetra, tetra tetra avô do meu avô! Eles disseram que tinham dúvidas que existisse mesmo um tesouro aqui em Gaia, ou no Porto e principalmente que eu o iria encontrar a partir daquele mapa, mas que se eu achava que existia mesmo, que eles iam comigo.
          Lá fomos nós, entramos para o carro do avô e, analisando o mapa,descobri que os meus avós tinham razão, porque o tesouro não estava nem em Gaia, nem no Porto, mas sim nas ilhas Berlengas, perto da Nazaré. Por isso, tivemos de ir para o barco da avó para lá chegar. Entramos para o barco e rumámos para as ilhas Berlengas. Quando lá chegámos, reparámos que o tesouro podia estar em qualquer lado, numa árvore, numa rocha, numa caverna … Depois deparámo-nos com uma árvore que se notava já ter alguns anos e com algarismos romanos e reparámos que era o século XVI, ou seja, o século em que o pirata Dragut Reis, possível nosso antepassado, viveu e escondeu o tesouro! Mas onde é que estava? Já sabíamos que estava na árvore, mas onde? Decidimos separarmo-nos. Eu escalei a árvore e, vi no meio dos ramos,  uma oliveira  grande, devia ter perto de quarenta metros. Os avós ficaram felizes com a minha ideia de trazer pás e começaram a escavar junto à árvore. Uns minutos depois, quando eu já tinha terminado de vasculhar todos os cantos da árvore, desci para ver se eles já tinham encontrado alguma coisa. Eles responderam-me que não e, no preciso momento em que me responderam, sentiram a pá a bater em alguma coisa, mais dura do que a terra que eles estavam a escavar.  Aí percebemos que tínhamos encontrado o tesouro. Tiramos e quando vimos a arca do tesouro, reparámos que precisávamos de duas chaves e o  avô pegou num gancho de cabelo da avó e arrombou a fechadura! Isso deve ter sido o que mais me espantou na aventura toda. Depois do avô ter arrombado a fechadura, abrimos o tesouro e reparámos que estávamos ricos! O tesouro tinha colares, anéis, coroas, lingotes de ouro… tudo em ouro e pedras preciosas!
          Aproximadamente duas horas depois, chegamos a casa e eu perguntei aos avós o que é que íamos fazer com as riquezas todas que tínhamos encontrado e eles disseram que não sabiam o que fazer, que te devíamos perguntar, embora eu gostaria muito de ver este tesouro exposto num museu.
          Aguardo informações!

        Beijinhos do teu querido filho Lucas.

        POST SCRIPTUM: MANDA BEIJINHOS TAMBÉM PARA A MÃE E PARA A MARIA.

Lucas, 5º D