ANTÁRTIDA

“Antártida – À pesca de amostras”

Na passada quinta-feira, dia 27 de setembro de 2018, o investigador José Queirós apresentou, na Escola Básica e Secundária de Canelas, uma palestra intitulada “Antártida – À pesca de amostras”.

Nesta palestra, José Queirós partilhou com os alunos do secundário, do curso de ciências e tecnologias, a sua expedição à Antártida realizada em 2016. Ele começou a sua apresentação com uma simples pergunta para testar a nossa atenção: “Porque é que os ursos polares não comem pinguins?”; a resposta era óbvia, “Porque os ursos polares pertencem ao Polo Norte enquanto os pinguins pertencem ao Polo Sul, nomeadamente à Antártida!”.

De seguida, passou a falar um pouco sobre o continente e a sua história.  Em 1773 chegaram pela primeira vez ao paralelo a 60º Sul, mas não foi até 1910 que começou verdadeiramente o interesse por este continente gelado. Em 1910 começou a Corrida à Antártida, uma corrida entre a Inglaterra e a Noruega que acabou por chegar em primeiro lugar ao paralelo a 90º Sul e foi titulada vencedora. Em 1959 foi assinado o Tratado Antártida que indica que este continente não pertence a ninguém, mas onde todos podem fazer investigações científicas.

O investigador também mencionou as alterações climáticas e as repercussões da poluição no continente. Com efeito, apesar de ser o único local do mundo que não é habitado por humanos, é o sítio onde o buraco da camada do ozono é mais forte.  Mencionou também o facto de as correntes marítimas estarem a parar o que poderá levar novamente a uma Idade do Gelo, que, ao contrário dos filmes, não é nada positivo. O aquecimento global e as alterações climáticas também estão a afetar gravemente a Antártida, pois causam o degelo dos icebergs. Esta situação pode levar ao desaparecimento de muitas cidades, nomeadamente no litoral.

José Queirós prosseguiu falando sobre a sua jornada até chegar ao outro lado do mundo com apenas vinte e um anos. Em 2016, embarcou no aeroporto do Porto e dirigiu-se a Lisboa, daí voou até ao Dubai e, seguidamente, até à ilha norte da Nova Zelândia. Chegou finalmente à ilha sul da Nova Zelândia onde embarcou numa viagem de três meses pela costa da Antártida, num barco de pesca com vinte e sete tripulantes.

O investigador prosseguiu a palestra apresentando uma “visita guiada” da sua casa durante os três meses seguintes, e acabou a explicar-nos o que lá foi fazer falando um pouco do ecossistema marinho da Antártida, o qual, futuramente, poderá ser a nossa principal fonte de alimento…

José Queirós revelou os três grandes objetivos da sua expedição: estudar a dieta do Bacalhau da Antártida; estudar os cefalópodes e fazer gravações para uma empresa japonesa.

No seu estudo ao bacalhau, encontrou vestígios de mercúrio, uma substância altamente nociva, no músculo do animal, e investigou os seus estômagos. No estudo aos cefalópodes (nome dado a animais como lulas e polvos), descobriu o maior polvo gigante da Antártida, que foi adicionado à coleção no museu Te Papa, na Nova Zelândia, com o nome da Universidade de Coimbra. As suas gravações foram realizadas para uma empresa japonesa que, em parceria com a National Geographic Wild, criou um documentário, que irá estrear em breve na Europa, denominado “Antártica- Deep Seas”.

Depois de duas horas, que passaram demasiado rápido, José Queirós terminou a sua palestra, sempre carismático, com uma selfie de grupo e um slide de fotos da sua fantástica experiência pelo outro lado do mundo.

Rita Ferreira – 10ºA