As configurações do Amor!

Concordamos com Miguel Esteves Cardoso quando afirma que «O discurso do ódio é negativo, invejoso, vingativo, obsessivo, megalómano, monocórdico e fantasista. Não é só perigoso – é mesquinho

Falemos, então, de AMOR!

As configurações do Amor!

Por alunos do 11 Ano

(Textos realizados em contexto de Avaliação da Expressão Escrita por André Almeida, Diana Pinho, Íris Ferreira, Lara Bastos, Lucas Silva, Sofia Barbosa e Soraia Ferreira)

 

André Almeida | 11 A

Amar verdadeiramente

  O sofrimento amoroso é importante para o desenvolvimento emocional do ser humano e traz, de algum modo, sabedoria. No entanto, parece que há cada vez menos pessoas a sofrer por amor.

Hoje, o amor é um tópico muito pouco valorizado comparativamente com o que acontecia no passado. Já ninguém parece amar verdadeiramente, é tudo muito objetivo e estereotipado. São cada vez menos as pessoas que eu conheço que falam sobre amor, e mesmo as que falam explicam-no de maneira demasiado objetiva para realmente ser amor. Parece que o ser humano deixou de saber amar e, mesmo amando, deixou de saber sofrer por amor.

Muitos são os que dão conselhos sobre «amor» que soam a tudo menos a isso. Dizem para deixar de lutar por ele, deixar de sentir, deixar de se comprometer. Isto soa a amor? Parece-me que não!  O amor não é superficial e sofrer faz parte de amar verdadeiramente.

Não estou de modo algum a dizer que superar um amor que nos fez mal é negativo. Não é de todo assim. A superação é uma parte importante do sofrimento, senão a mais importante. É a partir daí que podemos voltar a amar de forma intensa, sem pensar naquilo que correu menos bem da última vez. O problema nisto é a confusão que se cria entre superar e privar-se de amar. Ao oprimir ou negar o amor, o ser humano deixa de ter a característica que o torna único.

Parece-me que o ser humano devia valorizar o sentimento amoroso e tudo o que vem com ele – sofrer, chorar, refletir, sentir à flor da pele, mas tirar daí uma aprendizagem e levá-la sempre consigo.

E esta é, a meu ver, a importância que sofrer por amor devia ter atualmente.

 

Diana Pinho | 11 A

Estamos a esquecer-nos de como se ama!?

Em comparação com o passado, não me parece que, hoje, a sociedade dê a mesma importância ao amor.

Apesar da maior liberdade de escolha para amar quem quisermos, penso que os sentimentos causados pelo amor são muitas vezes desvalorizados, tornando-se o sofrimento amoroso um tema sem importância. Vejo-o principalmente nas gerações jovens, em que o amor é tratado como algo passageiro, fútil ou até como um obstáculo à nossa vida quotidiana que, ultimamente, se tem tornado tão agitada e sobrecarregada que parece não nos deixar tempo para amar, para ter um relacionamento.

Numa sociedade onde nos pedem tantas vezes para agirmos como máquinas, com o único objetivo de desempenhar a sua função (seja na escola ou no trabalho), é compreensível esta forma de encarar o sofrimento por amor como algo insignificante. Esta ideologia parece começar a perpetuar-se na sociedade, fazendo com que quem ama não respeite o seu próprio sentimento, desenvolvendo assim bloqueios emocionais ou sentimentos de afastamento em relação ao amor. Algo tão importante como o amor para a raça humana parece tornar-se, cada vez mais, um sentimento sem relevância, graças à inquietação das nossas vidas.

Concluindo, o sofrimento amoroso e o amor em si são desvalorizados neste novo tempo, e a grande causadora desta desvalorização é a nossa sociedade, onde me parece que o capitalismo, a economia e a “vida ativa” das pessoas se sobrepõem aos seus talentos, desejos e, principalmente, aos seus sentimentos e emoções.

 

Íris Ferreira | 11 A

Existe sempre alguém que resiste!

A temática do sacrifício em nome do amor está presente em várias obras, desde a Idade Média até às mais atuais, e continua a revestir-se de grande relevância.

Os tempos mudam, as mentalidades mudam, mas há coisas que permanecem iguais: o sofrimento amoroso é uma delas.

Atualmente, na nossa sociedade, o preconceito e a discriminação andam de mãos dadas e estão presentes em todo o lado. Dizemo-nos uma sociedade moderna, avançada, mas continuamos a olhar de lado para quem ama. “Não se pode escolher amar ou não amar”, então, por que é que olhamos de lado para quem ama alguém do mesmo género, por exemplo? Em muitas sociedades continuam a existir barreiras para o amor, e amar é permitido desde que seja pelo género oposto. Mas tal como em todas as histórias, existe sempre alguém que resiste, que desafia as convenções que a sociedade impõe. Se, em «Amor de Perdição», Simão e Teresa lutam por um amor proibido, fruto do ódio entre famílias, há quem hoje continue a lutar por um amor proibido, por causa de quem impõe limites ao amor.

Porém, o amor, não é só o que sentimos por alguém, o amor pode sentir-se pela cultura e pela pátria. O conflito na Ucrânia começou há mais de dois anos, já toda a gente virou a página, seguiu em frente, mas, todos os dias, os soldados ucranianos acordam para lutar pelo que é deles, pelo amor ao que construíram, à sua língua, às suas terras, à sua pátria.

Concluindo, o sofrimento amoroso, seja por alguém seja por um ideal irá estar sempre presente no coração humano, e haverá sempre corajosos e destemidos a lutar por ele ou em nome dele.

 

Lara Bastos | 11 D

É no amor que nos encontramos, mas também é nele que nos perdemos

Na minha opinião, amar alguém intensamente é das capacidades mais bonitas do ser humano. No entanto, esse amor intenso pode ser acompanhado por um sofrimento igualmente intenso. Não nos podemos esquecer dele, já que também é a sofrer que evoluímos.

Em primeiro lugar, é necessário percebermos que o sofrimento se encontra adjacente ao amor e que – apesar do que possa parecer à primeira vista – isso não é algo necessariamente negativo. Por mais que tentemos escapar ou evitar sofrer por amor, isso é impossível. Porquê? Precisamente porque amamos. No entanto, note-se que o sofrimento pode não ter origem só no desgosto de acabar uma relação – ou de nem a ter começado –, pelo contrário. A angústia que o amor causa pode ter origem na própria relação que, por um ou outro motivo, nos traz dor, seja por uma discussão insignificante, ou por nos sentirmos presos ou sufocados dentro da bolha que é criada na relação amorosa, por exemplo.

De facto, todos estes motivos desencadeadores de sofrimento, apesar de – como o próprio nome diz – nos fazerem sofrer, fazem-nos também evoluir. É com a experiência que se aprende, seja ela positiva ou negativa. Neste caso, sofrer por amor faz-nos aprender a amar de uma forma mais responsável, mais saudável, mas igualmente (ou até mais) intensa. A meu ver, é essa a beleza do desgosto amoroso: aprendermos com ele a amar outro alguém de forma mais madura.

A sociedade precisa de perceber que sentir amor é bonito e válido. É isso que faz de nós humanos. No caso de um desgosto amoroso, deparamo-nos muitas vezes com as pessoas a tentarem apressar a tristeza, a angústia, a raiva, de forma a que esses sentimentos desapareçam rapidamente. Mas não é assim que se resolvem as situações. Se apressarmos o sofrimento, corremos o risco de não ficarmos bem resolvidos. Devemos permitir-nos sentir e evoluir no nosso tempo. E esse é um tempo que não tem tempo, porque é o nosso.

Em conclusão, o tema do sofrimento amoroso continua a ser pertinente e atual. E por mais que nos percamos, uma e outra vez, no amor, também é nele que, vezes sem conta, encontramos o melhor de nós.

 

Lucas Santos Silva | 11 A

O sofrimento amoroso ainda existe?

A verdade é que, nos dias de hoje, o sentimento mais único, mais bonito – o AMOR – já não é vivido como noutros tempos. A traição tornou-se algo banal. E só quem realmente passa por tal sofrimento sabe o que dói.

Na minha opinião, hoje, muita gente namora apenas por namorar sem chegar a ter qualquer sentimento pelo seu par e é óbvio que, como não há sentimento, também não há sofrimento. As pessoas ficam umas com as outras por diversão, sem quererem descobrir a verdadeira beleza que é o amor, simplesmente deixaram de se importar com ele. As pessoas não chegam a saber o que é amar e ser amado e muito menos sentem a dor de amar alguém, ou porque nos fez mal, ou porque é alguém com quem não podemos estar ou, simplesmente, porque não sente o mesmo que nós. E a isso se chama a «dor de amar». Sinceramente, não é uma «dor boa» para se sentir nem a desejo a ninguém. Mas o amor é o amor, tem poder e, mais do que isso, não consegue ser controlado, pois nós não escolhemos quem amamos. Se assim fosse, seria tudo mais fácil, mas, confessemos, o amor não teria o mesmo significado, pois o sofrimento faz parte dele.

Concluindo, sendo um sentimento essencial, creio que a maioria das pessoas prefere uma vida cheia de diversão e de festa do que uma vida guiada pelo sentimento do AMOR.  

 

Sofia Barbosa | 11 A

Lágrimas de amor

O amor faz parte do Homem. Somos humanos, por isso amamos. É tão simples quanto isso. No entanto, onde há amor, também há sofrimento. É raro termos um sem o outro.

Um dos principais motivos que leva alguém a sofrer por amor é o preconceito. O amor tem vindo a sofrer mudanças no que diz respeito à sua forma e ao seu significado. Agora, qualquer um é livre de amar quem quiser, independentemente de género ou estatuto social. Pelo menos, é isso que nos parece. A verdade é que o nosso mundo e a nossa sociedade se regem pelas leis do preconceito. O Homem e o preconceito andam sempre de mãos dadas. E é por isso que o amor ainda tem limites: é o Homem quem o limita. E é por isso que ainda se sofre por amor. Porque ainda existem dezenas de países onde um rapaz é condenado por amar outro rapaz. Amar!? Que mundo é este em que vivemos onde alguém é sujeito a tal destino por amar?

Mas não precisamos de mergulhar em situações tão extremas, porque amar faz parte da condição humana. E é impossível haver amor sem haver sofrimento. Então, as pessoas continuarão a sofrer por amor por terem almas sensíveis, que, muito provavelmente, se emocionam ao ver, por exemplo, “O Rei Leão”. As pessoas continuarão a sofrer por amor por este não ser correspondido. As pessoas continuarão a sofrer por amor porque o mundo e o destino são implacáveis e cruéis, e não há ninguém capaz de lhes escapar.

Parece-me, assim, inevitável o sofrimento por amor, pelo menos aquele motivado por situações naturais e incontroláveis. Já no que toca ao sofrimento que nasce da mediocridade da Humanidade, penso que há muito ainda a fazer. Podemos, nomeadamente, tirar proveito deste amor que é tão característico da nossa espécie, egoísta e medíocre, e partilhá-lo com o mundo. Porque o amor é bom quando é partilhado, mesmo que, de tempos a tempos, nos faça derramar algumas lágrimas.

 

Soraia Ferreira | 11 A

Esquecemo-nos do amor?

O sofrimento amoroso é um tema central e comum a todas as épocas, como é possível observar em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco. Mas será este um assunto que ainda tem importância na atualidade?   

A meu ver, o amor e todos os temas relacionados com ele têm e merecem importância e destaque na nossa sociedade, uma vez que somos humanos, somos sentimentos. Ora, o que seria de nós sem eles? Nada, na minha opinião. Apesar de parecer algo negativo, o sofrimento amoroso continua a ser representado em todo o tipo de arte, por artistas que expressam os seus diferentes pontos de vista em relação ao tema. Cada vez mais existem músicas e livros, por exemplo, que falam sobre desgostos amorosos, sobre amores não-correspondidos, sobre amores impossíveis. Se fosse um assunto sem importância na atualidade, porque é que ainda se falaria dele? A resposta a esta pergunta é: não se falaria.

Hoje em dia, a nossa sociedade mostra-se aberta e apresenta uma mentalidade muito mais recetiva a todo o tipo de sentimentos. O sofrimento amoroso não é exceção. É percetível que, atualmente, se fala sobre assuntos que antigamente eram evitados; apesar do sofrimento amoroso ser algo retratado desde há séculos, esta evolução comunicativa também o envolve. Então, na “geração da saúde mental”, o sofrimento amoroso é um tema que continua a ser falado e que tem especial importância, visto que a nossa vida é repleta de relações amorosas, sejam elas românticas, fraternas, seja o amor materno e paterno ou o amor entre um animal e o seu dono.

Assim, o sofrimento amoroso é um tema que não perdeu importância nem visibilidade. Afinal, somos sentimentos guardados numa máquina a que chamamos corpo. O sofrimento amoroso é um deles. Se o perdêssemos, o que seríamos?