CARTA ABERTA À MINHA ESCOLA

30-05-2019

Querida escola,

No início do meu último ano do ensino secundário, debati-me com dois problemas consideráveis: chegar a tempo às aulas da manhã e deixar um legado aos alunos vindouros. Inquietava-me pensar que, após 8 anos consecutivos de coabitação escolar, os alunos finalistas se esfumassem, logo após a realização de dois breves momentos de exame.

Ao longo de todo o ano, enquanto me esforçava por romper a bolha em que me fechara e me obrigava a participar em atividades, em que nunca imaginei envolver-me, fui-me apercebendo de que as marcas dos antigos alunos estavam, indelevelmente, por todo o lado. Agora sei que a minha necessidade, quase narcísica, de deixar um qualquer legado fazia parte de um problema maior: a dificuldade que sinto, até hoje, em despedir-me de algo que se tornou parte medular da minha rotina. Se me é permitido deixar alguma mensagem aos futuros alunos, ainda que desinteressados, que seja esta carta aberta.

A Joana do futuro tem uma posição privilegiada: calculava ela que, quando chegasse a hora de olhar para trás para refletir sobre o seu percurso escolar lembrar-se-ia apenas das noites em branco passadas a estudar para um teste que não era assim tão importante; lembrar-se-ia das amizades perdidas e choradas, e das outras que conquistou;  lembrar-se-ia de todos os momentos de desespero, angústia e frustração de não se sentir suficientemente capaz entre as quatro paredes dos pavilhões.

A Joana do futuro tem uma posição privilegiada: temia que o ressentimento se sobrepusesse à gratidão, numa carta que é suposto ser uma “feliz despedida”. Vou contar-vos um segredo, que poderá ser importante para a compreensão do que direi a seguir: quando o momento de dizer adeus nos bate à porta, é mais difícil do que julgaríamos lembrarmo-nos das situações em que, eventualmente, os nossos amigos nos mentiram, ou lembrarmo-nos daquela nota particularmente medíocre que nos pareceu o fim do mundo como o conhecíamos. No momento em que temos de abandonar o conforto e a familiaridade do espaço que se tornou a nossa casa durante 8 anos, tudo o que nos passa pela cabeça é a angústia de sabermos se conseguiremos sobreviver.

Querida escola, hoje estou convencida de que é este o teu objetivo: formar-nos, a bem ou a mal, para o embate das nossas vidas – mundo real. Sem o meu consentimento, sem que eu me apercebesse, conseguiste!

Obrigada por furares a bolha que construi afincadamente à minha volta.

Obrigada por me mostrares que sair da minha zona de conforto, do meu pequeno mundo não tem de ser catastrófico.

Obrigada por me estimulares a dar o melhor de mim, mesmo quando eu própria estava convencida de que não tinha nada para dar.

Obrigada, acima de tudo, por me ensinares que é esta a dinâmica da vida. Que o prelúdio é tão ou mais importante do que a peça principal.

Obrigada por me ensinares que a despedida é necessária para um reencontro e por tornares o meu gesto de dizer adeus assombrosamente mais fácil.

Obrigada por cada ano de escolaridade e de formação, por me fazeres acreditar que o mundo pode, efetivamente, mudar através da educação.

Só agora entendo por que é que os meus professores enveredaram por uma profissão tão difícil, que se complica de dia para dia. Talvez seja pela mesma razão que nos obriga a todos a continuar, a seguir em frente. Talvez seja por isso mesmo que todos estamos aqui: afinal, todos queremos “mudar o mundo”. Obrigada, vocês mudaram o meu!

Querida escola, se ainda restam dúvidas de que, efetivamente, não sei lidar com despedidas, as lágrimas que molham este papel provarão o contrário. Não me leves a mal, na verdade eu estou feliz por deixar para trás uma parte do percurso da minha vida de que, aliás, me queixei durante anos (também as lamentações fazem parte da vida).

Querida escola, por todos os alunos que ainda entrarão pelos teus portões, e que, inevitavelmente, se lamentarão, porque os olhos do presente estão virados para o futuro, que quero deixar nesta carta aberta uma mensagem:

Acreditem, serão os melhores anos da vossa vida, não tenham medo,

aproveitem a oportunidade. Lembrem-se de Malala “Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo”

 

Da tua aluna mais “impontual” (mas sempre presente),

Joana Sousa (12º C)

 

 

30.05.2019

Querida escola,

Há 7 anos que iniciei a minha jornada académica na “escola grande”. Acompanhaste-me passo a passo, presenciaste os meus sucessos e derrotas, as minhas alegrias e angústias…

Contigo vivi alguns dos momentos mais importantes da minha vida. Conheci colegas que me marcaram para sempre e se transformaram em amigos, professores inesquecíveis e funcionários afetuosos.

Foste tu, querida escola, que me preparaste para a etapa do 9 º ano e me motivaste na descoberta de mim mesma. Orientaste o meu caminho no ensino secundário e deste-me o privilégio de conviver com professores que se tornaram pilares fundamentais na minha educação e no meu crescimento integral como ser humano, despertando em mim o “bichinho”, a vontade de prosseguir os estudos universitários.

Agradeço-te, querida escola, o que sou e o que poderei vir a ser!

Obrigada e até qualquer dia.

Ana Fonseca (12º D)

 

 

01 de junho de 2019

                                                                      

Querida escola, até já!

Sim, “até já”. Não quero começar esta carta com um “adeus”, porque isso seria dizer que nunca mais nos veríamos, por isso, creio que o mais correto será dizer “até já”, ver-nos-emos por aí!

Acolheste-me pela primeira vez aos 10 anos. Era um mundo novo, era a “escola dos grandes”! E não eram só os alunos que eram grandes, a escola também, assustadoramente gigantesca. Lembro-me dos conselhos dos meus pais: Não saias de perto da sala de aula para não te perderes, Não vás para longe da sala para não chegares atrasada, cuidado com as escadas, não andes sozinha, cuidado com os alunos mais velhos…

 Há oito anos que partilhamos a vida, ano após ano, e agora, daqui a alguns dias, tudo se acabará. Estranhamente, misturam-se dentro de mim a alegria e a tristeza da partida. Uma parte da minha juventude ficará para sempre dentro desses portões que me viram entrar dia após dia, ficará gravada no coração de cada um de vós que me ajudou a crescer. ao longo de todos estes anos.

A escola é um espaço habitado por todos nós: alunos, funcionários, professores, pais, avós, educadores. É toda uma comunidade que possibilita o crescimento de todos os alunos, que possibilitou a minha evolução, que me transmitiu conhecimentos, valores e atitudes que me construíram e me tornaram na pessoa que sou.

A menina que entrou por aqueles portões, tornou-se na mulher que sairá, daqui a uns dias, nunca definitivamente, porque, minha querida escola, já fazes parte de mim, do meu crescimento, do meu ser, serás determinante naquilo que sou hoje e, sobretudo no que serei amanhã. Contigo aprendi tudo: a questionar, a duvidar, a debater, a ler, a escrever, a pensar, a ser solidária a ter compaixão, a amar, a saber esperar e a superar-me. Colocaste-me inúmeros obstáculos, às vezes quase intransponíveis. Mas ajudaste-me a ultrapassá-los e comemoraste comigo todas as minhas vitórias.

Agora estou prestes a iniciar um novo desafio e, penso que, também graças ao teu contributo, estou preparada para esta nova caminhada. Agora vou para outra “escola grande”, mas estarei sempre disponível para ti.

Agradeço, do fundo do meu coração, aos meus professores e aos meus colegas que cresceram comigo. Agradeço a todos os que riram, brincaram, falharam e venceram, sempre ao meu lado. Agradeço ao porteiro, cujo “bom dia” tinha sempre guardado para mim.  Agradeço a todos os funcionários que me trataram sempre com afeto.

Querida escola, fazes parte do meu passado, és ainda o meu presente e farás parte, indelevelmente, do meu futuro!

Obrigada, e ATÉ JÁ!

 

Tatiana Mota (12º D)

 

 

30-05-2019

Querida escola,

Esta semana completa-se o meu ciclo de estudos secundários … vou embora…, mas voltarei.

Vou ter saudades das pessoas que guardas nos teus espaços acolhedores. Saudades dos professores, dos funcionários, dos meus colegas e de tanta gente!

Foram difíceis os primeiros anos, e, sinceramente, nunca pensei ficar mais do que um ano letivo. Eras a terceira escola em três anos e para uma criança eram demasiadas mudanças. Contudo, para minha surpresa, fiquei. Na verdade, até me senti importante, porque a minha permanência na escola foi decisiva para que o curso de artes pudesse abrir.  

Iniciei o ensino secundário com grandes expectativas. Senti-me bem e amadureci muito. Apaixonei-me, magoei-me e segui em frente, e, porque tu és cheia de surpresas, apaixonei-me de novo. Agora por alguém do lado de fora das tuas paredes, mas que já tinha estado do lado de dentro. O mundo dá muitas voltas… 

O último ano teve mais impacto, foi especial: tomei consciência da existência de muitas outras situações, experimentei mais, pensei mais e evoluí como nunca pensei conseguir. Este ano tive de fazer escolhas difíceis que não passaram necessariamente pelos estudos, mas por situações pessoais que me atingiram e me transformaram.

Querida escola, viste-me entrar criança e sem esperança de ficar. Aqui me tens agora, pronta para sair, mulher feita, sonhadora, cheia de esperança num futuro melhor.

Podes não ser a melhor escola, mas foste a melhor das minhas escolhas e sei que vou ter saudades.

Até breve!

 

Sílvia Raquel (12º D)

 

30-05-2019

Querida escola,

Já nos conhecemos há muitos anos. Desde que aqui cheguei, apenas com 10 anos de idade e com uma noção muito incipiente do que era a “escola”, proporcionaste-me muitas as experiências. Umas melhores do que outras, é certo, tal como tudo na vida. No entanto, sete anos volvidos, vejo-me mais do que preparada para, daqui a uma semana, te dirigir o meu último “adeus”.

De facto, devo dizer que os dois ciclos que antecederam o secundário foram vividos alegremente com uma enorme tranquilidade e sem grandes perturbações. Contudo, o início deste último ciclo de estudos alterou essa imagem que tinha da escola. Toda esta tranquilidade foi substituída por um stress e ansiedade constantes, associados às responsabilidades inerentes a este ciclo de estudos. De repente, todos os avisos de que o secundário seria duro tornavam-se realidade. Vi-me assoberbada por uma quantidade ridícula de testes, apresentações orais e outros trabalhos marcados, exclusivamente, para as duas semanas finais de cada período. A cada ano que passou, senti o stress e nervosismo a aumentarem progressivamente, questionando-me, a cada avaliação, sobre se o meu esforço seria suficiente, deixando o cansaço, a exaustão levar a melhor. Foram muitas, inúmeras as vezes em que simplesmente desejei abandonar as incontáveis páginas dos resumos e os livros, para poder recuperar e reconstruir-me. Mas sabia também que isso não me era permitido. Aliás, nunca me pude permitir tomar tal atitude. Assim, após dias e dias de uma angústia e de um desespero maiores do que poderei explicar, era obrigada a voltar ao trabalho, como se não sentisse nada disto e conseguisse trabalhar de novo em plena forma.

Apesar de, ao fim de três anos, me encontrar numa situação de enorme desgaste psicológico e emocional, devo admitir que esta dura caminhada acabou por ter um impacto positivo em mim (ignorando todas as ocasiões em que o secundário quase me levou à loucura, claro). Sei reconhecer que todas estas experiências e momentos mais complicados me possibilitaram crescer imenso, amadurecer e definir bem quem sou e o futuro que ambiciono para mim. Muito sinteticamente, sinto-me, hoje, ainda mais autónoma, e independente, mais livre e exigente do que era quando iniciei este ciclo, com 14/15 anos. Aprendi muito sobre mim mesma, e sairei daqui com a certeza de que, no futuro, sempre que desafiarem os meus limites, saberei ultrapassá-los, sem sucumbir ao stress, aos nervos, à pressão.

Até agora, realcei, sobretudo, os pontos negativos da minha passagem por esta escola, pois considero que é necessário sermos bastante realistas no que toca a este balanço, principalmente, pelo facto de ouvirmos dizer, recorrentemente, que estes são “os melhores anos da nossa vida”. A sensação de sufoco permanente do secundário permite-me dizer, quase com uma certeza absoluta, que este não terá sido o melhor período que terei vivido em toda a minha vida e que, sem dúvida alguma, não sentirei saudades destes três anos. Insisto em destacar estes aspetos, pois considero que, muitas vezes, os outros não têm noção das dificuldades, das inquietações, do caminho árduo que nós, jovens estudantes, os que ambicionam um futuro melhor, temos de percorrer.

Neste momento, sete anos volvidos nesta escola e cerca de 30 minutos de escrita desta carta aberta, era expectável que um certo sentimento de nostalgia despontasse em mim. Mas não, “O que há em mim é sobretudo cansaço”, uma enorme vontade de mudança, dessas mudanças que nos permitem crescer e aprender mais, sobre nós e sobre o mundo. A Universidade, decerto, será um novo ciclo de grandes desafios, mas penso que a escola, a minha escola, já nos habituou a isso há muito. E eu… eu estou pronta para partir!

Despeço-me, agradecendo todos os obstáculos, todos os desafios com que fui confrontada ao longo destes anos, dizendo, com enorme prazer (perdão pela minha sinceridade) que não voltarei cá!

Definitivamente, adeus!

Patrícia Menezes (12º C)

 

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