E se eu fosse um animal? Qual seria? Porquê?

 

Ao longo do ano, as turmas de 9.º ano participaram num projeto da Biblioteca escolar: “10 minutos a ler”. O romance que os acompanhou, Um ateliê de sonhos de Lucy Adlington, permite acompanhar a protagonista na sua luta pela sobrevivência num campo de concentração durante a segunda guerra mundial. De igual modo, é um apelo lancinante à perseverança, ao nunca desistir de acreditar nos sonhos, à amizade em tempos conturbados. Uma vez que a protagonista, Ella, designa grande parte das outras personagens não pelo nome próprio, mas pelo nome do animal com  o qual ela os associou (por partilharem determinadas características), foi lançado o repto aos alunos de se verem pelos olhos de Ella. Desse modo, deveriam selecionar o animal com o qual se identificam, justificar essa opção e elencar algumas vantagens e desvantagens. Assim, sob a forma de narrativa, página de diário ou texto de opinião, nasceram textos de autorreflexão, propiciadores do (re)conhecimento do Eu.

 

 

Perosinho, 20 de maio de 2021

    Querido diário

    Inicialmente, irei apresentar-te a característica que mais me marca e, a partir dela, a) vou associar-me à borboleta.

  De acordo com a minha experiência de vida, diria que sou uma pessoa de muitas mudanças; não só físicas, mas também do foro psicológico. Geralmente, consigo sempre compreender os argumentos que os outros têm sobre determinados temas, com isso mudo de opinião muito facilmente. Umas das outras coisas que me fazem identificar com a borboleta é que, no início, antes de ela ser uma borboleta, é uma simples lagarta que todos olham e dizem que é insignificante, fraca e que não tem nada a oferecer ao mundo. Depois de um amadurecimento, ela descobre o seu verdadeiro potencial e decide mostrar a todos que estavam errados. Fá-lo com umas belas asas, que demonstram a sua personalidade, e que tornam claro que não devemos julgar o livro pela capa. Como nem tudo é um mar de rosas, ser uma borboleta tem o seu ponto fraco. Quando ela era um ser pequeno e, supostamente, insignificante, ninguém se importava ou, quando se importavam, era para a rebaixar ainda mais. Por isso, ela tornou-se desconfiada e tem tendência a não confiar em ninguém, o que faz dela uma solitária.

    Por fim, devo dizer que estou surpresa com o quanto me identifico com a borboleta, agora só espero não morrer tão cedo como ela!

                              Até à próxima, querido diário

                                                                                                                         Tatiana

Tatiana Vicente 9.º B n.º 19

 

     Na minha opinião, se eu fosse um animal, provavelmente seria alguma espécie de ave que predomina na natureza em vez de ambientes urbanos e com grandes concentrações.

     Honestamente, não saberia dizer qual em específico, pois são tantas que seria difícil escolher; porém, talvez uma águia, por exemplo. Isto porque valorizo muito e aprecio a liberdade deste tipo de animal, é incrível poder simplesmente voar e pousar onde eu quiser, sem grandes problemas. As águias também possuem uma grande agilidade e velocidade, que admiro e gostaria de adquirir. Claro que, sendo um animal completamente selvagem, seria responsável pela minha sobrevivência, o que pode talvez ser visto como uma desvantagem, mas isso não seria grande problema pois com as aptidões de uma águia e a minha persistência e vontade seria algo com que não me preocuparia muito. As águias também são praticamente inexistentes em ambientes com grandes concentrações humanas, existindo mais em grandes zonas naturais sem interferência da humanidade e afastadas dos mesmos e dos seus problemas, geralmente, inúteis e prejudiciais, coisa que gostaria de fazer também, caso fosse possível.

     No geral, a águia é um animal que admiro, pois a sua exuberante liberdade de vida e a sua dependência apenas de si mesma e não dos humanos, é algo que me agradaria poder ser, também como o constante contacto com a natureza, algo que também amo profundamente.

Diogo Lemos Ribeiro 9.º B,n.º16

 

           Se eu fosse um animal, seria um lobo. Posso não ter todas as características de um, mas tenho um conjunto de itens, que eles têm, com aos quais me identifico muito bem.

         Os lobos são animais muito organizados, cautelosos e equilibrados; vivem em matilha, tal como eu que sou uma pessoa organizada e gosto de andar sempre com pessoas em quem confio plenamente. No entanto, às vezes, também gosto de andar sozinho, de ter o meu próprio espaço; essa é uma das características que me diferencia do lobo. Gosto de ser cauteloso nas decisões que tomo, pensando nos riscos e vantagens da decisão, diria que também sou uma pessoa equilibrada. 

         São animais que não gostam de mudanças e desorganização, daí andarem em matilha e respeitarem a hierarquia que representa a organização. Sou uma pessoa que não gosta de desorganização, é uma coisa que me perturba se for em demasia. Além do mais, também não gosto de mudanças, mas faço um esforço para me adaptar a elas, assim como eles.

         Além das nossas diferenças, temos muitas características em comum e o lobo é um animal que me fascina de diversas formas. São estes os  motivos porque escolhi este animal.

 

Isaac Lamarão,9.B n.º 12

 

     Associar-me a um animal em específico é uma tarefa difícil, pois pessoas e animais reúnem muitas características diferentes e únicas. Porém, através de reflexão e das perguntas feitas a outras pessoas, cheguei à conclusão de que posso associar-me à coruja.

     A coruja, um símbolo do conhecimento e da sabedoria, um animal de raciocínio, quieto e desconfiado; características que creio serem semelhantes às minhas, pois posso dizer que sou alguém que não sabe tudo, mas busco o conhecimento máximo, que raciocino antes de qualquer ação, gosto de atividades de introspeção e sou relativamente desconfiado e seletivo quanto às pessoas. Este modo de vida tem muitas vantagens, como evitar desavenças com pessoas e sucesso em coisas que realmente me importam: notas escolares, por exemplo. Assim, tenho sempre um foco: lógica e calma são as minhas principais características. Porém, como tudo, há desvantagens, acredito que a maior seja, justamente, ser alguém muito desconfiado.

     Considero muito interessante o raciocínio acerca da correspondência psicológica entre nós e os animais, pois permite-nos fazer uma autoavaliação, atividade que é muito necessária para monitorizar os nossos comportamentos e planearmos o futuro.

 

Gabriel Inocêncio,9.B,n.º7

 

Um Dia de Gata

      Eu creio que acordei cedo… Acordei com o barulho da caixa  mágica da minha dona. Ela fala sozinha com aquela caixa e leva-a  para todo o lado, deve ser importante… Porque é que ela tem uma  caixa que a acorda cedo? Talvez ela tenha acordado de propósito  para me dar comida… 

      Voltei a dormir depois de comer. 

     Durante o dia, como e durmo conforme me apetece, porque  tenho a casa toda só para mim. No entanto, às vezes tenho saudades da  minha dona, porque gosto de festas e quero mais comida. É mesmo  pena não conseguir abrir aquele armário frio sozinha! Se ao menos  ela já tivesse voltado… 

     É bom fazer o que quero, quando quero; não ter de caçar para  comer, nem ter de me preocupar com outros gatos no meu território. Porém, é muito aborrecido ter de esperar pela comida ou ir àquele senhor de  branco, a que chamam veterinário, para ser picada com sei lá o quê… 

    São muito estranhas as pessoas… Porque é que se castigam  naquela máquina de tortura a que chamam chuveiro? E porque  passam o dia todo fora de casa? O que é isso do trabalho? E porque é  que caminham em duas patas? E metem-se dentro de trapos  porquê? Não entendo… 

      Fico sempre sentada à porta, enquanto espero que a minha dona  volte. Não consigo dormir com fome… Vou dormir depois de comer. 

Rita Santos,9.ºB, n.18